VERSO 46
labdhvā jano durlabham atra mānuṣaṁ
kathañcid avyaṅgam ayatnato ’nagha
pādāravindaṁ na bhajaty asan-matir
gṛhāndha-kūpe patito yathā paśuḥ
labdhvā — atingindo; janaḥ — uma pessoa; durlabham — raramente obtida; atra — neste mundo; mānuṣam — a forma de vida humana; kathañcit — de um modo ou de outro; avyaṅgam — com membros não retorcidos (ao contrário das várias formas animais); ayatnataḥ — sem esforço; anagha — ó imaculado; pāda — Vossos pés; aravindam — semelhantes a lótus; na bhajati — não adora; asat — impura; matiḥ — sua mentalidade; gṛha — do lar; andha — escuro; kūpe — no poço; patitaḥ — caído; yathā — como; paśuḥ — um animal.
Tem a mente impura aquele que, apesar de ter automaticamente obtido, de um modo ou de outro, a rara e evoluidíssima forma de vida humana, não adora Vossos pés de lótus. Assim como um animal que caiu em um poço escuro, semelhante pessoa caiu na escuridão da moradia material.
SIGNIFICADO—Nosso verdadeiro lar encontra-se no reino de Deus. A despeito de nossa tenaz determinação de permanecer em nossa moradia material, a morte rudemente nos expulsará do teatro dos assuntos materiais. Ficar em casa não é mau, nem é mau dedicarmo-nos a nossos entes queridos. Mas devemos entender que nosso verdadeiro lar é eterno, no reino espiritual.
A palavra ayatnataḥ indica que a vida humana nos foi concedida automaticamente. Não construímos nossos corpos humanos, de modo que não devemos alegar como tolos: “Este corpo é meu.” A forma humana é uma dádiva de Deus e deve-se usá-la para alcançar a perfeição da consciência de Deus. Quem não compreende isso é asan-mati, possuidor de um entendimento obtuso e mundano.