VERSO 14
atho na rājyam mṛga-tṛṣṇi-rūpitaṁ
dehena śaśvat patatā rujāṁ bhuvā
upāsitavyaṁ spṛhayāmahe vibho
kriyā-phalaṁ pretya ca karṇa-rocanam
atha u — de agora em diante; na — não; rājyam — reino; mṛga-tṛṣṇi — uma miragem; rūpitam — que parece; dehena — pelo corpo material; śaśvat — perpetuamente; patatā — sujeito a falecimento; rujām — de doenças; bhuvā — o lugar de nascimento; upāsitavyam — a ser servido; spṛhayāmahe — desejamos; vibho — ó Senhor onipotente; kriyā — de obra piedosa; phalam — o fruto; pretya — tendo passado para a próxima vida; ca — e; karṇa — para os ouvidos; rocanam — engodo.
Nunca mais desejaremos um reino semelhante a uma miragem – um reino que deve ser servido em sistema escravo por este corpo mortal, que é apenas fonte de doenças e sofrimentos e que definha a cada momento. Tampouco, ó Senhor onipotente, desejaremos gozar os frutos celestiais das ações piedosas na próxima vida, já que a promessa de tais recompensas não passa de um vazio engodo para os ouvidos.
SIGNIFICADO—É necessário trabalhar muito arduamente para manter um reino ou soberania política. Ainda assim, o corpo, que trabalha com tanto afinco para manter esse poder político, está condenado. A cada momento, o corpo mortal se move em direção à morte, e, ao longo de todo o caminho, o corpo está sujeito a muitas doenças dolorosas. Assim, toda a questão do poder mundano é uma perda de tempo para a alma pura, que precisa reviver sua adormecida consciência de Kṛṣṇa.
Nas escrituras védicas e em outras escrituras religiosas, há muitas promessas de prosperidade e gozo celestial na próxima vida para quem age piedosamente nesta vida. Essas promessas são agradáveis para os ouvidos, mas não passam disso. O gozo material, seja no céu, seja no inferno, é uma espécie de ilusão para a alma pura. Mediante a associação pessoal com o Senhor Kṛṣṇa, os afortunados reis agora compreenderam a realidade espiritual superior que se encontra além da fantasmagoria da criação material.