VERSO 64
mā rājya-śrīr abhūt puṁsaḥ
śreyas-kāmasya māna-da
sva-janān uta bandhūn vā
na paśyati yayāndha-dṛk
mā — que não; rājya — real; śrīḥ — fortuna; abhūt — haja; puṁsaḥ — para uma pessoa; śreyaḥ — verdadeiro benefício da vida; kāmasya — que deseja; māna-da — ó tu que ofereces respeito; sva-janān — seus parentes; uta — mesmo; bandhūn — seus amigos; vā — ou; na paśyati — não vê; yayā — pela qual (opulência); andha — cega; dṛk — cuja visão.
Ó respeitosíssima personalidade, que aquele que deseja o mais alto benefício da vida jamais ganhe opulência real, pois esta o deixa cego às necessidades de sua própria família e amigos.
SIGNIFICADO—É, sem dúvida, devido à sua profunda humildade que Vasudeva está se censurando, mas sua condenação da opulência é, em geral, válida. Anteriormente neste canto, Nārada Muni proferiu uma forte crítica contra Nalakūvara e Maṇigrīva, dois ricos filhos de Kuvera, o tesoureiro dos céus. Embriagados tanto de orgulho quanto de bebida, os dois deixaram de oferecer os devidos respeitos a Nārada quando este por acaso os encontrou divertindo-se nus no rio Mandākinī com algumas jovens. Vendo-os nesse estado vergonhoso, Nārada disse:
na hy anyo juṣato joṣyān
buddhi-bhraṁśo rajo-guṇaḥ
śrī-madād ābhijātyādir
yatra strī dyūtam āsavaḥ
“Entre todos os atrativos oferecidos pelo gozo material, a atração que se apresenta sob a forma de riqueza confunde mais a inteligência de alguém do que ter belos traços físicos, nascer em família aristocrática e ser erudito. Quando a pessoa não é instruída, mas falsamente arrogante devido à riqueza, o resultado é que ela ocupa sua riqueza em desfrutar de vinho, mulheres e jogatina.” (Śrīmad-Bhāgavatam 10.10.8)