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VERSOS 1-7

śrī-śuka uvāca
sukhaṁ sva-puryāṁ nivasan
dvārakāyāṁ śriyaḥ patiḥ
sarva-sampat-samṛddhāyāṁ
juṣṭāyāṁ vṛṣṇi-puṅgavaiḥ

strībhiś cottama-veṣābhir
nava-yauvana-kāntibhiḥ
kandukādibhir harmyeṣu
krīḍantībhis taḍid-dyubhiḥ

nityaṁ saṅkula-mārgāyāṁ
mada-cyudbhir mataṅ-gajaiḥ
sv-alaṅkṛtair bhaṭair aśvai
rathaiś ca kanakojjvalaiḥ

udyānopavanāḍhyāyāṁ
puṣpita-druma-rājiṣu
nirviśad-bhṛṅga-vihagair
nāditāyāṁ samantataḥ

reme ṣoḍaśa-sāhasra-
patnīnāṁ eka-vallabhaḥ
tāvad vicitra-rūpo ’sau
tad-geheṣu maharddhiṣu

protphullotpala-kahlāra-
kumudāmbhoja-reṇubhiḥ
vāsitāmala-toyeṣu
kūjad-dvija-kuleṣu ca

vijahāra vigāhyāmbho
hradinīṣu mahodayaḥ
kuca-kuṅkuma-liptāṅgaḥ
parirabdhaś ca yoṣitām

śrī-śukaḥ uvāca — Śukadeva Gosvāmī disse; sukham — feliz; sva — em Sua; puryām — cidade; nivasan — residindo; dvārakāyām — em Dvārakā; śriyaḥ — da deusa da fortuna; patiḥ — o amo; sarva — todas; sampat — em características opulentas; samṛddhāyām — que era rica; juṣṭāyām — povoada; vṛṣṇi-puṅgavaiḥ — pelos mais preeminentes dos Vṛṣṇis; strībhiḥ — por mulheres; ca — e; uttama — excelentes; veṣābhiḥ — cujas roupas; nava — nova; yauvana — de juventude; kāntibhiḥ — cuja beleza; kanduka-ādibhiḥ — com bolas e outros brinquedos; har­myeṣu — nos terraços; krīḍantībhiḥ — brincando; taḍit — de relâmpago; dyubhiḥ — cuja refulgência; nityam — sempre; saṅkula — lotadas; mār­gāyām — cujas estradas; mada-cyudbhiḥ — que transpiravam mada; matam — inebriados; gajaiḥ — com elefantes; su — bem; alaṅkṛtaiḥ — ornamentados; bhaṭaiḥ — com soldados a pé; aśvaiḥ — cavalos; ra­thaiḥ — quadrigas; ca — e; kanaka — com ouro; ujjvalaiḥ — brilhantes; udyāna — com jardins; upavana — e parques; āḍhyāyām — dotada; puṣpita — floridas; druma — de árvores; rājiṣu — que tinham alamedas; nirviśat — entrando (ali); bhṛṅga — por abelhas; vihagaiḥ — e aves; nā­ditāyām — cheia de som; samantataḥ — por todos os lados; reme — desfrutava; ṣoḍaśa — dezesseis; sāhasra — mil; patnīnām — de espo­sas; eka — o único; vallabhaḥ — amado; tāvat — tantas; vicitra — varie­gadas; rūpaḥ — tendo formas pessoais; asau — Ele; tat — delas; gehe­ṣu — nas residências; mahā-ṛddhiṣu — ricamente mobiliadas; protphul­la — florescentes; utpala — de lírios d’água; kahlāra — lótus brancos; kumuda — lótus que florescem à noite; ambhoja — e lótus que flo­rescem de dia; reṇubhiḥ — pelo pólen; vāsita — tornadas aromáticas; amala — pura; toyeṣu — em extensões de água; kūjat — arrulhantes; dvija — de aves; kuleṣu — onde havia bandos; ca — e; vijahāra — diver­tia-Se; vigāhya — mergulhando; ambhaḥ — na água; hradinīṣu — em rios; mahā-udayaḥ — o Senhor todo-poderoso; kuca — de seus seios; kuṅkuma — pelo pó cosmético vermelho; lipta — untado; aṅgaḥ — Seu corpo; parirabdhaḥ — abraçado; ca — e; yoṣitām — pelas mulheres.

Śukadeva Gosvāmī disse: O amo da deusa da fortuna residia feliz em Sua capital, Dvārakā, que era dotada de todas as opulências e povoada pelos mais eminentes Vṛṣṇis e suas esposas vestidas com os mais suntuosos trajes. Quando brincavam nos terraços das casas com bolas e outros brinquedos, essas belas mulheres na flor da juventude brilhavam como o relâmpago. As principais ruas da cidade viviam cheias de elefantes inebriados a transpirar mada, e também de cavalaria, homens de infantaria enfeitados com ricos adornos e soldados montados em quadrigas refulgen­temente ornamentadas de ouro. Embelezando a cidade, havia muitos jardins e parques com alamedas de árvores floridas, onde abelhas e aves se juntavam, enchendo todas as direções com seus cantos.

O Senhor Kṛṣṇa era o único amado de Suas dezesseis mil esposas. Expandindo-Se nesse mesmo número de formas, Ele desfru­tava com cada uma de Suas rainhas em sua própria residência decorada com luxuosa mobília. Nos terrenos daqueles palácios, havia límpidas lagoas perfumadas com o pólen das flores de lótus utpala, kahlāra, kumuda e ambhoja e repletas de bandos de aves arrulhantes. O Senhor todo-poderoso costumava entrar naquelas lagoas e também em vários rios, e divertir-Se na água enquanto Suas esposas O abraçavam, marcando-Lhe o corpo com o kuṅ­kuma vermelho de seus seios.

SIGNIFICADO—Uma regra de composição poética seguida pelos autores vaiṣṇavas é madhureṇa samāpayet: “Uma obra literária deve encerrar com um humor de doçura especial.” Śrīla Śukadeva Gosvāmī, o mais requintado narrador de temas transcendentais, seguindo aquela regra, inclui neste último capítulo do décimo canto do Śrīmad-Bhāgavatam uma descrição das diversões aquáticas do Senhor Kṛṣṇa no atraente cenário de Dvārakā, seguida pelas enlevadas preces das rainhas do Senhor.

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