VERSO 8
yo ’dhyātmiko ’yaṁ puruṣaḥ
so ’sāv evādhidaivikaḥ
yas tatrobhaya-vicchedaḥ
puruṣo hy ādhibhautikaḥ
yaḥ — alguém que; adhyātmikaḥ — possui órgãos dos sentidos; ayam — esta; puruṣaḥ — personalidade; saḥ — ele; asau — aquele; eva — também; adhidaivikaḥ — deidade controladora; yaḥ — aquilo que; tatra — lá; abhaya — de ambos; vicchedaḥ — separação; puruṣaḥ — pessoa; hi — para; ādhibhautikaḥ — o corpo visível ou a entidade viva corporificada.
A pessoa individual que possui diferentes instrumentos dos sentidos chama-se a pessoa adhyātmika, e a deidade individual controladora dos sentidos chama-se adhidaivika. A corporificação vista nos globos oculares chama-se a pessoa adhibhautika.
SIGNIFICADO—O summum bonum que é controlador supremo é a Personalidade de Deus em Sua porção plenária de Paramātmā, ou a manifestação sob a forma de Superalma. Na Bhagavad-gītā (10.42), afirma-se:
athavā bahunaitena
kiṁ jñātena tavārjuna
viṣṭabhyāham idaṁ kṛtsnam
ekāṁśena sthito jagat
Todas as deidades controladoras, como Viṣṇu, Brahmā e Śiva, são diferentes manifestações do aspecto Paramātmā da Suprema Personalidade de Deus Śrī Kṛṣṇa, que apresenta esses aspectos entrando em cada universo gerado a partir dEle. No entanto, aparentemente há divisões de controlador e controlado. Por exemplo, no departamento de controle de alimentos, o controlador do alimento é uma pessoa feita dos mesmos ingredientes que a pessoa que é controlada. De modo semelhante, cada indivíduo no mundo material é controlado pelos semideuses superiores. Por exemplo, somos dotados de sentidos, mas os sentidos são controlados pelas deidades controladoras superiores. Não podemos ver sem luz, e o supremo controlador da luz é o Sol. O deus do Sol está no planeta Sol, e, no que se refere aos nossos olhos, nós, os seres humanos individuais ou qualquer outro ser nesta Terra, somos todos controlados pelo deus do Sol. Do mesmo modo, todos os sentidos que temos são controlados pelos semideuses superiores, que tanto quanto nós também são entidades vivas, mas uma tem poder enquanto a outra é controlada. A entidade viva controlada chama-se a pessoa adhyātmika, e a controladora chama-se a pessoa adhidaivika. Todas essas posições no mundo material se devem a diferentes atividades fruitivas. Executando uma grande intensidade de trabalho piedoso, qualquer ser vivo individual pode tornar-se o deus do Sol ou mesmo Brahmā, ou qualquer outro deus no sistema planetário superior, e, igualmente, quando desenvolve um menor grau de atividades fruitivas, ele se torna controlado pelos semideuses superiores. Logo, cada entidade viva individual está sujeita ao controle supremo de Paramātmā, que põe cada um em diferentes posições como controlador ou controlado.
Aquilo que distingue o controlador e o controlado, isto é, o corpo material, chama-se puruṣa adhibhautiko. Às vezes, o corpo é chamado de puruṣa, como confirma o seguinte hino dos Vedas: sa vā eṣa puruṣo ’nna-rasamayaḥ. Este corpo é chamado a corporificação anna-rasa. Esse corpo depende de alimento. Entretanto, a entidade viva que está corporificada não come nada, visto que, em essência, o proprietário é espírito. Com o uso e desgaste do corpo mecânico, o corpo material precisa repor a matéria. Portanto, a distinção entre a entidade viva individual e as deidades planetárias controladoras está no corpo anna-rasamaya. O Sol pode ter um corpo gigantesco, e o homem pode ter um corpo menor, mas todos esses corpos visíveis são feitos de matéria; no entanto, o deus do Sol e a pessoa individual, que se relacionam como controlador e controlado, são igualmente partes integrantes espirituais do Ser Supremo, e é o Ser Supremo que coloca, em diferentes posições, diferentes partes integrantes. E, assim, a conclusão é que a Pessoa Suprema é o refúgio de todos.