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VERSO 11

etāvān eva yajatām
iha niḥśreyasodayaḥ
bhagavaty acalo bhāvo
yad bhāgavata-saṅgataḥ

etāvān — todas essas diferentes espécies de adoradores; eva — decerto; yajatām — enquanto adoram; iha — nesta vida; niḥśreyasa — a bênção máxima; udayaḥ — desenvolvimento; bhagavati — à Suprema Personalidade de Deus; acalaḥ — firme; bhāvaḥ — atração espontânea; yat — a qual; bhāgavata — devoto puro do Senhor; saṅgataḥ — associação.

Todas as diferentes espécies de adoradores de múltiplos semideuses podem alcançar a máxima bênção perfectiva, que é a atração espontânea firmemente fixa na Suprema Personalidade de Deus, através da exclusiva associação com o devoto puro do Senhor.

SIGNIFICADO—Todas as entidades vivas em diferentes estados de vida dentro da criação material, começando do primeiro semideus, Brahmā, e indo até a pequena formiga, estão condicionadas à lei da natureza material, ou a energia externa do Senhor Supremo. Em seu estado puro, a entidade viva é consciente do fato de que é parte integrante do Senhor, mas, quando é lançada no mundo material devido ao seu desejo de assenhorear-se da energia material, torna-se condicionada pelos três modos da natureza material e, então, luta para alcançar em sua existência o benefício máximo. Essa luta pela existência é como se a pessoa estivesse seguindo um fogo-fátuo sob o encanto do gozo material. Todos os planos para obter gozo material, seja pela adoração a diferentes semideuses, como se descreveu nos versos anteriores deste capítulo, seja pelo avanço modernizado do conhecimento científico sem a ajuda de Deus ou de algum semideus, são apenas ilusórios, pois, apesar de todos esses planos para obter a felicidade, o ser vivo condicionado dentro do âmbito da criação material nunca pode resolver os problemas da vida, a saber, nascimento, morte, velhice e doença. A história do universo está repleta desses idealizadores, e muitos reis e imperadores vêm e vão, deixando apenas planejamentos históricos. Mas os problemas básicos da vida permanecem insolúveis, apesar de todos os esforços desses planejadores.

Na verdade, a vida humana serve para dar solução aos problemas da vida. Ninguém jamais pode resolver esses problemas satisfazendo os diferentes semideuses, adotando diferentes modos de adoração ou empregando o dito avanço em conhecimento científico sem o auxílio de Deus ou dos semideuses. Embora não se dirijam aos materialistas grosseiros, que pouco se importam com Deus ou com os semideuses, os Vedas recomendam a adoração a diferentes semideuses para a conquista de diferentes benefícios, e, por conseguinte, os semideuses não são falsos nem imaginários. Os semideuses são tão reais como nós, mas são muito mais poderosos, pois estão ocupados no serviço direto ao Senhor, administrando os diferentes departamentos do governo universal. A Bhagavad-gītā afirma isso e menciona os diferentes planetas dos semideuses, incluindo aquele do semideus supremo, o senhor Brahmā. Os materialistas grosseiros não acreditam na existência de Deus ou dos semideuses. Tampouco acreditam que diferentes planetas são dominados por diferentes semideuses. Eles estão criando uma grande agitação em relação a alcançarem o corpo celestial mais próximo, Candraloka, ou a Lua, mas, mesmo após tanta pesquisa mecânica, têm apenas informações muito escassas sobre essa Lua, e, apesar de tanta propaganda falsa para vender terra na Lua, os cientistas arrogantes, ou materialistas grosseiros, não podem viver lá, muito menos podem eles alcançar outros planetas, aliás, nem mesmo conseguem contar o número deles. Entretanto, os seguidores dos Vedas têm um método diferente de adquirir conhecimento. Eles aceitam na íntegra as afirmações dos textos védicos como autoridade, conforme já discutimos no primeiro canto, e, portanto, eles têm pleno conhecimento racional sobre Deus e os semideuses, bem como seus diferentes planetas residenciais, situados dentro do âmbito do mundo material e além do limite do céu material. A escritura védica mais autêntica, aceita pelos grandes ācāryas indianos, como Śaṅkara, Rāmānuja, Madhva, Viṣṇusvāmī, Nimbārka e Caitanya, e estudada por todas as importantes personalidades do mundo, é a Bhagavad-gītā, na qual se menciona a adoração aos semideuses e seus respectivos planetas residenciais. A Bhagavad-gītā (9.25) afirma:

yānti deva-vratā devān
pitṝn yānti pitṛ-vratāḥ
bhūtāni yānti bhūtejyā
yānti mad-yājino ’pi mām

“Os adoradores dos semideuses alcançam os respectivos planetas dos semideuses, e os adoradores dos antepassados alcançam os planetas dos antepassados. O materialista grosseiro permanece nos diferentes planetas materiais, mas os devotos do Senhor alcançam o reino de Deus.”

Bhagavad-gītā também nos informa que todos os planetas dentro do mundo material, incluindo Brahmaloka, são apenas uma manifestação temporária, e, após um determinado período, todos eles são aniquilados. Portanto, os semideuses e seus seguidores são todos aniquilados no período de devastação, mas quem alcança o reino de Deus tem participação permanente na vida eterna. Esse é o veredito da literatura védica. Os adoradores dos semideuses têm uma condição que os favorece mais do que os descrentes, isto é, eles estão convictos da versão védica, através da qual são informados de que é benéfico adorar o Senhor Supremo na companhia dos devotos do Senhor. O materialista grosseiro, entretanto, como não tem nenhuma fé na versão védica, permanece eternamente na escuridão, arrastado por uma falsa convicção com base no conhecimento experimental imperfeito, ou a suposta ciência material, que nunca pode chegar ao reino do conhecimento transcendental.

Portanto, enquanto os materialistas grosseiros ou os adoradores dos semideuses temporários não entrarem em contato com um transcendentalista como o devoto puro do Senhor, suas tentativas serão mera perda de energia. Somente pela graça das personalidades divinas, os devotos puros do Senhor, pode alguém alcançar devoção pura, que é a perfeição máxima da vida humana. Apenas o devoto puro do Senhor pode mostrar a alguém o caminho correto, a vida progressiva. Por outro lado, o modo de vida materialista, sem nenhuma informação sobre Deus ou sobre os semideuses, bem como a vida ocupada na adoração aos semideuses, em busca de gozos materiais temporários, são diferentes fases de fantasmagoria. Isso também é explicado com muito esmero na Bhagavad-gītā, mas a Bhagavad-gītā só pode ser entendida na companhia de devotos puros, e não através de interpretações de políticos ou especuladores filosóficos áridos.

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