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VERSO 14

etac chuśrūṣatāṁ vidvan
sūta no ’rhasi bhāṣitum
kathā hari-kathodarkāḥ
satāṁ syuḥ sadasi dhruvam

etat — isso; śuśrūṣatām — daqueles que estão ansiosos para ouvir; vidvan — ó erudito; sūta — Sūta Gosvāmī; naḥ — a nós; arhasi — possas assim fazer; bhāṣitum — só para explicá-los; kathāḥ — tópicos; hari-kathā-udarkāḥ — resultam nos tópicos do Senhor; satām — dos devotos; syuḥ — podem ser; sadasi — na assembleia de; dhruvam — na certa.

Ó erudito Sūta Gosvāmī! Por favor, continua a explicar-nos esses tópicos porque estamos todos ansiosos para ouvir. Além disso, tópicos que resultam em discussões referentes ao Senhor Hari na certa devem ser discutidos na assembleia dos devotos.

SIGNIFICADO—Como já mencionamos acima, citando o Bhakti-rasāmṛta-sindhu, de Rūpa Gosvāmī, até mesmo as coisas mundanas, se estiverem em harmonia com o serviço ao Senhor Śrī Kṛṣṇa, são aceitas como transcendentais. Por exemplo, as histórias épicas do Rāmāyaṇa e do Mahābhārata, que são especificamente recomendadas para as classes menos inteligentes (mulheres, śūdras e filhos indignos das castas superiores), também são aceitas como literatura védica porque são compiladas em relação com as atividades do Senhor. O Mahābhārata é aceito como a quinta divisão dos Vedas, os quais, classicamente, apresentam quatro divisões, a saber, Sāma, Yajur, Ṛg e Atharva. Os menos inteligentes não aceitam o Mahābhārata como parte dos Vedas, mas os grandes sábios e autoridades aceitam-no como a quinta divisão dos Vedas. A Bhagavad-gītā também faz parte do Mahābhārata, e nele o Senhor fornece muitas instruções para a classe de homens menos inteligentes. Alguns homens menos inteligentes dizem que a Bhagavad-gītā não se destina aos chefes de família, mas esses homens tolos se esquecem de que a Bhagavad-gītā foi explicada a Arjuna, um gṛhastha (homem de família), e falado pelo Senhor em Seu papel de gṛhastha. Logo, a Bhagavad-gītā, embora contenha a alta filosofia da sabedoria védica, está ao alcance dos iniciantes na ciência transcendental, e o Śrīmad-Bhāgavatam é para graduados e pós-graduados na ciência transcendental. Portanto, textos como o Mahābhārata, os Purāṇas e outras escrituras similarmente repletas de passatempos do Senhor, são todas escrituras transcendentais, e os grandes devotos devem reunir-se para comentá-las cheios de confiança.

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A dificuldade é que esses textos, quando discutidos por homens profissionais, parecem literatura mundana, como histórias ou épicos, porque existem muitos fatos e figuras históricos. Por conseguinte, aqui se diz que essas escrituras devem ser discutidas na assembleia de devotos. Enquanto não forem discutidas pelos devotos, essas escrituras não poderão ser saboreadas pela classe de homens superiores. Logo, a conclusão é que, em última análise, o Senhor não é impessoal. Ele é a Pessoa Suprema e executa Suas próprias atividades. Ele é o líder de todas as entidades vivas e desce, por Sua vontade e através de Sua energia pessoal, para resgatar as almas caídas. Assim, Ele age exatamente como os líderes sociais, políticos ou religiosos. Porque esses papéis acabam provocando comentários sobre os tópicos do Senhor, todos esses tópicos preliminares também são transcendentais. Esse é o processo de espiritualizar as atividades cívicas da sociedade humana. Os homens têm propensões a estudar história e muitos outros textos mundanos – fábulas, ficção, dramas, revistas, jornais etc. –, então, é preciso que essas histórias se harmonizem com o transcendental serviço ao Senhor, e todos eles procurarão os tópicos saboreados por todos os devotos. A propaganda de que o Senhor é impessoal, de que Ele não executa atividades e de que Ele é uma pedra bruta sem qualquer nome e forma encorajou as pessoas a tornarem-se demônios ímpios e infiéis, e quanto mais eles se desviam das atividades transcendentais do Senhor, mais eles ficam afeitos às atividades mundanas que apenas limpam o caminho que os leva ao inferno ao invés de ajudá-los a voltar ao lar, voltar ao Supremo. O Śrīmad-Bhāgavatam começa com a história dos Pāṇḍavas (necessariamente repleta de atividades políticas e sociais), apesar do que o Śrīmad-Bhāgavatam é tido como a Pāramahaṁsa-saṁhitā, ou a literatura védica destinada ao transcendentalista mais elevado, e descreve o paraṁ jñānam, o conhecimento transcendental máximo. Todos os devotos puros do Senhor são paramahaṁsas, e são como cisnes, que conhecem a arte de extrair leite de uma mistura de leite e água.

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