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VERSO 1

brahmovāca
vācāṁ vahner mukhaṁ kṣetraṁ
chandasāṁ sapta dhātavaḥ
havya-kavyāmṛtānnānāṁ
jihvā sarva-rasasya ca

brahmā uvāca — o senhor Brahmā disse; vācām — da voz; vahneḥ — do fogo; mukham — a boca; kṣetram — o centro gerador; chandasām — os hinos védicos, tais como o Gāyatrī; sapta — sete; dhātavaḥ — pele e outras seis camadas; havya-kavya — oferendas aos semideuses e antepassados; amṛta — alimentos para os seres humanos; annānām — de todas as espécies de alimentos; jihvā — a língua; sarva — todas; rasasya — de todas as iguarias; ca — também.

O senhor Brahmā disse: A boca do virāṭ-puruṣa [a forma universal do Senhor] é o centro gerador da voz, e a deidade controladora é o Fogo. Sua pele e seis outras camadas são os centros geradores dos hinos védicos, e Sua língua é o centro produtor de diferentes alimentos e iguarias para oferecer aos semideuses, aos antepassados e à massa de pessoas em geral.

SIGNIFICADO—As opulências da forma universal do Senhor são descritas nesta passagem. Afirma-se que o centro gerador de todas as classes de vozes é a Sua boca, cuja deidade controladora é o semideus do fogo. E Sua pele e seis outras camadas da constituição física representam os centros geradores das sete categorias de hinos védicos, como o Gāyatrī. O Gāyatrī é o começo de todos os mantras védicos e é explicado no primeiro volume do Śrīmad-Bhāgavatam. Como os centros geradores são as diferentes partes da forma universal do Senhor, e como a forma do Senhor é transcendental à criação material, deve-se entender que a voz, a língua, a pele etc. sugerem que a forma transcendental do Senhor não está desprovida delas. A voz material, ou energia com a qual se toma o alimento, originalmente provém do Senhor; tais ações não passam de reflexos pervertidos dos reservatórios originais – a situação transcendental não é desprovida de variedade espiritual. No mundo espiritual, todas as formas pervertidas das variedades materiais são plenamente representadas em sua identidade espiritual original. A única diferença é que as atividades materiais são contaminadas pelos três modos da natureza material, ao passo que as potências no mundo espiritual são todas puras porque estão ocupadas no imaculado e transcendental serviço amoroso ao Senhor. No mundo espiritual, o Senhor é o sublime desfrutador de tudo, e lá todas as entidades vivas estão ocupadas em Seu transcendental serviço amoroso sem nenhuma contaminação dos modos da natureza material. As atividades no mundo espiritual não têm nenhum dos inebriamentos do mundo material, mas, na plataforma espiritual, fica fora de cogitação o vazio impessoal, como sugerem os impersonalistas. O serviço devocional é definido no Nārada-pañcarātra da seguinte maneira:

sarvopādhi-vinirmuktaṁ
tat-paratvena nirmalam
hṛṣīkeṇa hṛṣīkeśa-
sevanaṁ bhaktir ucyate

Originalmente, como todos os sentidos provêm do reservatório de sentidos do Senhor, as atividades sensoriais do mundo material precisam ser purificadas através do processo de serviço devocional, e, assim, a perfeição da vida pode ser alcançada com a simples purificação da atual posição de nossas atividades materiais. E o processo purificatório começa quando a pessoa deixa de adotar diferentes designações. Toda entidade viva está ocupada em alguma espécie de serviço, seja para o eu, seja para a família, seja para a sociedade, nação etc., mas, infelizmente, todos esses serviços são prestados devido ao apego material. Os apegos que surgem com a afinidade material podem simplesmente ser transferidos para o serviço ao Senhor, e assim começa automaticamente o tratamento que serve para eliminar o apego material. O processo de liberação, portanto, é mais fácil através do serviço devocional do que através de quaisquer outros métodos, pois afirma-se na Bhagavad-gītā (12.5) que a pessoa que cultiva o impersonalismo está sujeita a várias espécies de tribulações kleśo ’dhikataras teṣām avyaktāsakta-cetasām.

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