No edit permissions for Português

Capítulo Seis

O Puruṣa-sūkta é Confirmado

VERSO 1: O senhor Brahmā disse: A boca do virāṭ-puruṣa [a forma universal do Senhor] é o centro gerador da voz, e a deidade controladora é o Fogo. Sua pele e seis outras camadas são os centros geradores dos hinos védicos, e Sua língua é o centro produtor de diferentes alimentos e iguarias para oferecer aos semideuses, aos antepassados e à massa de pessoas em geral.

VERSO 2: Suas duas narinas são os centros geradores de nossa respiração e de todos os outros ares; Seus poderes olfativos geram os semideuses Aśvinī-kumāra e todas as espécies de ervas medicinais, e Suas energias respiratórias produzem diferentes espécies de fragrância.

VERSO 3: Seus olhos são os centros geradores de todas as classes de formas, e cintilam e iluminam. Seus globos oculares são como o Sol e os planetas celestiais. Seus ouvidos ouvem de todos os lados e são receptáculos para todos os Vedas, e Seu sentido de audição é o centro gerador do céu e de todas as espécies de sons.

VERSO 4: Sua superfície corpórea é o campo que produz os princípios ativos de todas as coisas e produz todas as espécies de oportunidades auspiciosas. Sua pele, como o ar que se move, é o centro gerador de todas as classes de sentidos do tato e é o lugar para a realização de todas as espécies de sacrifícios.

VERSO 5: Os pelos sobre Seu corpo são a causa de toda a vegetação, particularmente daquelas árvores necessárias como ingredientes para os sacrifícios. Seu cabelo e pelos faciais são o reservatório das nuvens, e Suas unhas são o campo que gera a eletricidade, as pedras e os minérios de ferro.

VERSO 6: Os braços do Senhor são os campos produtivos para os grandes semideuses e outros líderes das entidades vivas encarregados de proteger a massa em geral.

VERSO 7: Assim, os passos com os quais o Senhor move-Se para frente são o refúgio dos planetas superiores, inferiores e celestiais, bem como de tudo o que necessitamos. Seus pés de lótus servem de proteção contra todas as espécies de temor.

VERSO 8: Dos órgãos genitais do Senhor, origina-se a água, o sêmen, os geradores, as chuvas e os procriadores. Seus órgãos genitais são a causa do prazer que compensa o sofrimento próprio da procriação.

VERSO 9: Ó Nārada, o canal de evacuação da forma universal do Senhor é a morada da deidade controladora da morte, Mitra, e o orifício de evacuação e o reto do Senhor são o local da inveja, infortúnio, morte, inferno etc.

VERSO 10: As costas do Senhor são o local destinado a todas as classes de frustrações e ignorância, bem como à imoralidade. De Suas veias, fluem os grandes rios e riachos, e sobre Seus ossos estão conglomeradas as grandes montanhas.

VERSO 11: O aspecto impessoal do Senhor é a morada dos grandes oceanos, e Seu abdômen é o repouso das entidades vivas que sofreram a aniquilação material. Seu coração é a morada dos corpos materiais sutis dos seres vivos. É isso o que sabe a classe de homens inteligentes.

VERSO 12: Igualmente, a consciência dessa grande personalidade é a morada dos princípios religiosos – meus, teus e daqueles quatro celibatários, Sanaka, Sanātana, Sanat-kumāra e Sanandana. Essa consciência também é a morada da verdade e do conhecimento transcendental.

VERSOS 13-16: Começando de mim [Brahmā] e indo a ti e Bhava [Śiva], todos os grandes sábios que nasceram antes de ti, os semideuses, os demônios, os Nāgas, os seres humanos, os pássaros, os animais selvagens, bem como os répteis etc., e todas as manifestações fenomenais dos universos, a saber, os planetas, as estrelas, os asteroides, os luzeiros, o relâmpago, o trovão e os habitantes dos diferentes sistemas planetários, a saber, os Gandharvas, as Apsarās, os Yakṣas, os Rakṣas, os Bhūtagaṇas, os Uragas, os Paśus, os Pitās, os Siddhas, os Vidyādharas, os Cāraṇas e todas as outras diferentes variedades de entidades vivas, incluindo os pássaros, os animais ferozes, as árvores e tudo o que existe, todos estão cobertos pela forma universal do Senhor em todos os tempos, a saber, passado, presente e futuro, embora Ele seja transcendental a todos eles, existindo eternamente em uma forma que não ultrapassa vinte e cinco centímetros.

VERSO 17: O Sol ilumina interna e externamente, expandindo sua irradiação; do mesmo modo, a Suprema Personalidade de Deus, expandindo Sua forma universal, mantém tudo o que existe na criação, tanto interna quanto externamente.

VERSO 18: A Suprema Personalidade de Deus é o controlador da imortalidade e do destemor, e é transcendental à morte e às ações fruitivas do mundo material. Ó Nārada, ó brāhmaṇa, é difícil, portanto, avaliar as glórias da Pessoa Suprema.

VERSO 19: É preciso que a quarta parte de Sua energia, na qual existem todas as entidades vivas, saiba que a Suprema Personalidade de Deus deve ser conhecida como o supremo reservatório de todas as opulências materiais. A imortalidade, o destemor e estar livre das ansiedades inerentes à velhice e à morte são fatos do reino de Deus, que está além dos três sistemas planetários superiores e além das coberturas materiais.

VERSO 20: O mundo espiritual, que consiste em três quartos da energia do Senhor, está situado além deste mundo material e se destina especialmente àqueles que jamais renascerão. Outros, que estão apegados à vida familiar e não seguem estritamente os votos de celibato, devem viver dentro dos três mundos materiais.

VERSO 21: Através de Suas energias, a onipenetrante Personalidade de Deus é amplamente, então, o mestre nas atividades de controle e no serviço devocional. Ele é definitivamente o mestre da necedade e do conhecimento real de todas as situações.

VERSO 22: A partir dessa Personalidade de Deus, geram-se todos os globos universais e a forma universal com todos os elementos, qualidades e sentidos materiais. Entretanto, Ele está à parte dessas manifestações materiais, assim como o Sol, que está separado de seus raios e do seu calor.

VERSO 23: Quando nasci da flor de lótus abdominal do Senhor [Mahā-Viṣṇu], a grande pessoa, eu não tinha ingredientes para práticas sacrificatórias, exceto os membros corpóreos da grandiosa Personalidade de Deus.

VERSO 24: Para a realização de cerimônias de sacrifício, são necessários ingredientes sacrificatórios, tais como flores, folhas e palha, juntamente com o altar de sacrifício e uma época adequada [primavera].

VERSO 25: Outros requisitos são os utensílios, cereais, manteiga clarificada, mel, ouro, terra, água, o Ṛg Veda, o Yajur Veda e o Sāma Veda e quatro sacerdotes para realizarem o sacrifício.

VERSO 26: Outros itens necessários incluem invocar os diferentes nomes dos semideuses através de hinos específicos e votos de recompensa, de acordo com a escritura em particular, para propósitos específicos e através de processos específicos.

VERSO 27: Assim, tive de conseguir das partes do próprio corpo da Personalidade de Deus todos os ingredientes e a parafernália necessários ao sacrifício. Através da invocação dos nomes dos semideuses, a meta última, Viṣṇu, foi gradualmente atingida, e, dessa maneira, a compensação e a oferenda final se completaram.

VERSO 28: Assim, criei das partes do corpo do Senhor Supremo, o desfrutador do sacrifício, os ingredientes e parafernália para oferenda de sacrifício, e realizei o sacrifício para satisfazer o Senhor.

VERSO 29: Em seguida, meu querido filho, teus nove irmãos, que são os mestres das criaturas vivas, realizaram o sacrifício com rituais adequados para satisfazer as personalidades manifestas e imanifestas.

VERSO 30: Em seguida, os Manus, os pais da humanidade, os grandes sábios, os antepassados, os ilustres eruditos, os Daityas e a humanidade realizaram sacrifícios destinados a satisfazer o Senhor Supremo.

VERSO 31: Todas as manifestações materiais dos universos estão, portanto, situadas em Suas poderosas energias materiais, que Ele aceita com Sua autossuficiência, embora Ele seja eternamente destituído de afinidade com os modos materiais.

VERSO 32: Por Sua vontade, eu crio, o senhor Śiva destrói e Ele próprio, em Sua forma eterna como a Personalidade de Deus, mantém tudo. Ele é o poderoso controlador dessas três energias.

VERSO 33: Meu querido filho, acabo de explicar-te, então, tudo o que me perguntaste, e não deves ter dúvidas de que tudo o que existe (seja como causa, seja como efeito, tanto no mundo material quanto no mundo espiritual) depende da Suprema Personalidade de Deus.

VERSO 34: Ó Nārada, como me agarrei aos pés de lótus da Suprema Personalidade de Deus, Hari, com grande fervor, ninguém jamais descobriu alguma falsidade nas minhas palavras. Nem o progresso de minha mente foi detido alguma vez. Tampouco meus sentidos se degradaram alguma vez através do apego temporário à matéria.

VERSO 35: Embora eu seja conhecido como o grande Brahmā, perfeito na sucessão discipular da sabedoria védica, e embora eu tenha me submetido a todas as austeridades e seja muito hábil em poderes místicos e autorrealização, e embora esta seja a forma como sou reconhecido pelos grandes antepassados das entidades vivas, que me oferecem respeitosas reverências – apesar de tudo isso, não posso entendê-lO, o Senhor, a própria fonte do meu nascimento.

VERSO 36: Portanto, é melhor que eu me renda aos Seus pés, que por si só podem liberar a pessoa, livrando-a dos sofrimentos que se apresentam sob a forma de repetidos nascimentos e mortes. Semelhante rendição é muito auspiciosa e permite que a pessoa perceba toda a felicidade. Nem mesmo o céu pode estimar os limites de sua própria expansão. Assim, o que podem fazer os outros quando o próprio Senhor é incapaz de calcular Seus próprios limites?

VERSO 37: Se nem o senhor Śiva, nem tu, nem eu, podemos determinar os limites da felicidade espiritual, como podem outros semideuses conhecê-la? E porque todos nós estamos confundidos pela energia ilusória externa do Senhor Supremo, é apenas de acordo com nossa habilidade individual que podemos ver este cosmos manifesto.

VERSO 38: Ofereçamos nossas respeitosas reverências à Suprema Personalidade de Deus, cujas encarnações e atividades glorificamos em nossos cânticos, embora seja muito difícil conhecê-lO plenamente como Ele é.

VERSO 39: Essa suprema e original Personalidade de Deus, o Senhor Śrī Kṛṣṇa, expandindo Sua porção plenária como Mahā-Viṣṇu, a primeira encarnação, cria este cosmos manifesto, mas Ele é não-nascido. A criação, entretanto, acontece nEle, e a substância material e as manifestações são todas Ele mesmo. Ele as mantém por algum tempo e as absorve, então, para dentro de Si mais uma vez.

VERSOS 40-41: A Personalidade de Deus é pura, estando livre de todas as contaminações de vestígios materiais. Ele é a Verdade Absoluta e a corporificação do conhecimento pleno e perfeito. Ele é onipenetrante, sem começo nem fim, e sem rival. Ó Nārada, ó grande sábio, os grandes pensadores poderão conhecê-lO quando estiverem inteiramente livres de todos os anseios materiais e quando estiverem abrigados sob os sentidos imperturbáveis. Caso contrário, através de argumentos infundados, tudo é distorcido, e o Senhor desaparece de nossa visão.

VERSO 42: Kāraṇārṇavaśāyī Viṣṇu é a primeira encarnação do Senhor Supremo e é o mestre do tempo eterno, do espaço, da causa e dos efeitos, da mente, dos elementos, do ego material, dos modos da natureza, dos sentidos, da forma universal do Senhor, de Garbhodakaśāyī Viṣṇu e da soma total de todos os seres vivos, móveis e inertes.

VERSOS 43-45: Eu próprio [Brahmā], o senhor Śiva, o Senhor Viṣṇu, os grandes geradores de seres vivos como Dakṣa e Prajāpati, vós próprios [Nārada e os Kumāras], os semideuses celestiais como Indra e Candra, os líderes dos planetas Bhūrloka, os líderes dos planetas terrestres, os líderes dos planetas inferiores, os líderes dos planetas Gandharva, os líderes dos planetas Vidyādhara, os líderes dos planetas Cāraṇaloka, os líderes dos Yakṣas, Rakṣas e Uragas, os grandes sábios, os grandes demônios, os grandes ateístas e os grandes astronautas, bem como os cadáveres, os espíritos malignos, os satãs, os gênios, os kūṣmāṇḍas, os grandes seres aquáticos, os grandes animais selvagens e os grandes pássaros etc. –, em outras palavras, tudo o que possua algum extraordinário poder, opulência, destreza mental e perceptiva, força, clemência, beleza, modéstia, opulência e educação, com ou sem forma, pode parecer a verdade específica e a forma do Senhor, mas, na verdade, não o é. Tudo isso é apenas um fragmento da potência transcendental do Senhor.

VERSO 46: Ó Nārada, passarei agora a descrever, uma após outra, as encarnações transcendentais do Senhor conhecidas como līlā-avatāras. Ouvir sobre suas atividades neutraliza todos os assuntos sórdidos acumulados no ouvido. Esses passatempos são agradáveis de ouvir e devem ser saboreados. Portanto, eles estão em meu coração.

« Previous Next »