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VERSO 10

nābher asāv ṛṣabha āsa sudevi-sūnur
yo vai cacāra sama-dṛg jaḍa-yoga-caryām
yat pāramahaṁsyam ṛṣayaḥ padam āmananti
svasthaḥ praśānta-karaṇaḥ parimukta-saṅgaḥ

nābheḥ — por meio de Mahārāja Nābhi; asau — a Personalidade de Deus; ṛṣabhaḥ — Ṛṣabha; āsa — tornou-Se; sudevi — Sudevī; sūnuḥ — o filho de; yaḥ — quem; vai — decerto; cacāra — realizou; sama-dṛk — equilibrada; jaḍa — material; yoga-caryām — prática de yoga; yat — a qual; pāramahaṁsyam — a fase de perfeição máxima; ṛṣayaḥ — os sábios eruditos; padam — situação; āmananti — aceitam; svasthaḥ — situado no eu; praśānta — suspensos; karaṇaḥ — os sentidos materiais; parimukta — perfeitamente liberados; saṅgaḥ — contaminação material.

O Senhor apareceu como o filho de Sudevī, a esposa do rei Nābhi, e era conhecido como Ṛṣabhadeva. Ele praticou o yoga materialista para equilibrar a mente. Esse estágio também é aceito como a situação de liberação mais perfeita, na qual a pessoa se situa em seu próprio eu e permanece inteiramente satisfeita.

SIGNIFICADO—Entre os muitos tipos de práticas místicas para se alcançar a autorrealização, o processo de jaḍa-yoga também é aceito pelas autoridades. Esse jaḍa-yoga consiste em práticas através das quais a pessoa se torna tal qual uma pedra bruta para evitar afetar-se pelas reações materiais. Assim como uma pedra é indiferente a todas as espécies de investidas e reinvestidas das situações externas, do mesmo modo, a pessoa pratica jaḍa-yoga, tolerando a dor que é voluntariamente infligida no corpo material. Esses yogīs, entre muitos métodos de autoflagelação, arrancam os pelos de seu rosto, sem barbearem-se e sem a ajuda de nenhum instrumento. Contudo o verdadeiro propósito dessa prática de jaḍa-yoga é livrar-se de toda a afeição material e situar-se completamente no eu. Na fase final de sua vida, o imperador Ṛṣabhadeva vagava como um homem louco e mudo, não se deixando afetar por nenhuma espécie de maus-tratos corpóreos. Vendo-o como um louco, vagando nu com cabelo comprido e barba longa, as crianças e os homens menos inteligentes nas ruas cuspiam nele e urinavam em seu corpo. Ele se deitava sobre seu próprio excremento e ficava imóvel. Porém, o excremento de seu corpo era fragrante como o aroma de flores perfumadas, e uma pessoa santa o reconheceria como um paramahaṁsa, alguém na fase máxima de perfeição humana. Entretanto, a pessoa que não consegue tornar seu excremento perfumado não deve imitar o imperador Ṛṣabhadeva. A prática de jaḍa-yoga foi possível para Ṛṣabhadeva e outros no mesmo nível de perfeição, mas essa prática extraordinária é impossível para um homem comum.

O verdadeiro propósito de jaḍa-yoga, como se menciona aqui neste verso, é praśānta-karaṇaḥ, ou subjugar os sentidos. Todo o processo de yoga, qualquer que seja o título que receba, serve para controlar os desenfreados sentidos materiais e, deste modo, preparar a pessoa para a autorrealização. Especificamente nesta era, esse jaḍa-yoga não pode ter nenhum valor prático, mas, por outro lado, a prática de bhakti-yoga é viável, visto que é muito apropriada para esta era. O simples método de ouvir a fonte correta, o Śrīmad-Bhāgavatam, levará a pessoa à fase de máxima perfeição ióguica. Ṛṣabhadeva era filho do rei Nābhi e neto do rei Āgnīdhra, e foi o pai do rei Bharata, cujo nome serviu para que este planeta Terra fosse chamado de Bhārata-varṣa. A mãe de Ṛṣabhadeva também era conhecida como Merudevī, embora seu nome seja aqui mencionado como Sudevī. Às vezes se propõe que Sudevī era outra esposa do rei Nābhi, mas como em outras passagens menciona-se que o rei Ṛṣabhadeva é filho de Merudevī, é evidente que Merudevī e Sudevī são a mesma pessoa conhecida por nomes diferentes.

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