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Capítulo Sete

Encarnações Anunciadas com Funções Específicas

VERSO 1: O senhor Brahmā disse: Quando o Senhor ilimitadamente poderoso assumiu a forma de um javali como um passatempo, simplesmente para erguer o planeta Terra, que estava submerso no grande oceano do universo chamado Garbhodaka, o primeiro demônio [Hiraṇyākṣa] apareceu, e o Senhor o trespassou com Sua presa.

VERSO 2: No ventre de sua esposa Ākūti, o Prajāpati primeiramente gerou Suyajña, após o que, no ventre de sua esposa Dakṣiṇā, Suyajña gerou semideuses, encabeçados por Suyama. Suyajña, como Indradeva, reduziu enormes sofrimentos nos três sistemas planetários [superior, inferior e intermediário] e, como diminuiu esses sofrimentos do universo, mais tarde foi chamado de Hari por Svāyambhuva Manu, o grande pai da humanidade.

VERSO 3: Juntamente com outras nove mulheres [irmãs], o Senhor apareceu, então, como a encarnação Kapila, o filho do prajāpati brāhmaṇa Kardama e de sua esposa, Devahūti. Ele falou à Sua mãe sobre a autorrealização, através da qual, naquela mesma vida, ela se limpou por completo da lama dos modos materiais e, desse modo, alcançou a liberação, o caminho de Kapila.

VERSO 4: O grande sábio Atri orou, pedindo por filhos, e o Senhor, estando satisfeito com ele, prometeu encarnar como o filho de Atri, Dattātreya [Datta, o filho de Atri]. E, pela graça dos pés de lótus do Senhor, muitos Yadus, Haihayas etc. purificaram-se tanto que obtiveram bênçãos materiais e espirituais.

VERSO 5: Para criar diferentes sistemas planetários, tive que me submeter a austeridades e penitências, e o Senhor, uma vez satisfeito comigo, encarnou como os quatro sanas [Sanaka, Sanatkumāra, Sanandana e Sanātana]. Na criação anterior, a verdade espiritual foi devastada, mas os quatro sanas explicaram-na tão bem que a verdade foi percebida pelos sábios de imediato e com clareza.

VERSO 6: Para manifestar Seu método pessoal de austeridade e penitência, Ele apareceu nas formas gêmeas de Nārāyaṇa e Nara no ventre de Mūrti, esposa de Dharma e filha de Dakṣa. Beldades celestiais, as companheiras de Cupido, foram tentar quebrar Seus votos, mas não obtiveram êxito, pois viram que muitas beldades como elas emanavam dEle, a Personalidade de Deus.

VERSO 7: Personalidades valentes e grandiosas como o senhor Śiva podem, com seus olhares furiosos, sobrepujar a luxúria e subjugá-la, mas não podem se livrar dos devastadores efeitos de sua própria ira. Semelhante ira jamais pode entrar no coração dEle [o Senhor], que está acima de tudo isso. Logo, como a luxúria pode refugiar-se em Sua mente?

VERSO 8: Sendo insultado pelas ásperas palavras que a co-esposa do rei falou mesmo em sua presença, o príncipe Dhruva, embora fosse apenas um menino, submeteu-se a rigorosas penitências na floresta. E o Senhor, estando satisfeito com sua oração, concedeu-lhe o planeta Dhruva, que é adorado pelos grandes sábios, que vivem nas regiões superiores e inferiores.

VERSO 9: Mahārāja Vena afastou-se do caminho da retidão, e os brāhmaṇas castigaram-no com a maldição relâmpago. Com isso, o rei Vena foi queimado com suas boas ações e opulência e estava a caminho do inferno. O Senhor, por Sua misericórdia imotivada, desceu como seu filho, chamado Pṛthu, libertou do inferno o condenado rei Vena, e explorou a Terra, extraindo como produtos todas as espécies de colheitas.

VERSO 10: O Senhor apareceu como o filho de Sudevī, a esposa do rei Nābhi, e era conhecido como Ṛṣabhadeva. Ele praticou o yoga materialista para equilibrar a mente. Esse estágio também é aceito como a situação de liberação mais perfeita, na qual a pessoa se situa em seu próprio eu e permanece inteiramente satisfeita.

VERSO 11: O Senhor apareceu como a encarnação Hayagrīva em um sacrifício realizado por mim [Brahmā]. Ele é os sacrifícios personificados, e Seu corpo tem matiz dourado. Ele também é os Vedas personificados e a Superalma de todos os semideuses. Quando Ele respirou, todos os doces sons dos hinos védicos saíram de Suas narinas.

VERSO 12: No final do milênio, o pretendente a ser Vaivasvata Manu, chamado Satyavrata, veria que o Senhor, sob a encarnação de peixe, é o refúgio de todas as classes de entidades vivas, inclusive aquelas nos planetas terrestres. Devido ao meu temor da vasta água no final do milênio, os Vedas surgem de minha [de Brahmā] boca, e o Senhor desfruta dessas vastas águas e protege os Vedas.

VERSO 13: O Senhor primordial assumiu, então, a encarnação de tartaruga a fim de servir de lugar de repouso [pivô] para a montanha Mandara, que agia como uma batedeira. Os semideuses e demônios estavam batendo o oceano de leite com a montanha Mandara para extrair néctar. A montanha movia-se para frente e para trás, esfregando as costas do Senhor Tartaruga, que, enquanto dormia parcialmente, experimentava uma sensação de coceira.

VERSO 14: A Personalidade de Deus assumiu a encarnação de Nṛsiṁhadeva para destruir os grandes temores dos semideuses. Ele matou o rei dos demônios [Hiraṇyakaśipu], que desafiou o Senhor com uma maça em sua mão, pondo o demônio sobre Suas coxas e trespassando-o com Suas unhas, enquanto arqueava as sobrancelhas com raiva e mostrava a boca e os dentes amedrontadores.

VERSO 15: O líder dos elefantes, cuja perna foi atacada em um rio por um crocodilo de força superior, ficou muito aflito. Apanhando uma flor de lótus com sua tromba, ele se dirigiu ao Senhor, dizendo: “Ó desfrutador original, Senhor do universo! Ó libertador, tão famoso como um lugar de peregrinação! Todos se purificam com o simples fato de ouvirem Teu santo nome, o qual é digno de ser cantado.”

VERSO 16: A Personalidade de Deus, após ouvir a súplica do elefante, sentiu que este precisava de Sua ajuda imediata, pois estava muito aflito. Assim, o Senhor logo apareceu ali sobre as asas do rei dos pássaros, Garuḍa, plenamente equipado com Sua arma, o disco [cakra]. Com o disco, Ele despedaçou a boca do crocodilo para salvar o elefante, e libertou o elefante erguendo-o pela tromba.

VERSO 17: Muito embora transcendental a todos os modos materiais, o Senhor excedeu todas as qualidades dos filhos de Aditi, conhecidos como Ādityas. O Senhor apareceu como o filho mais novo de Aditi. E como Ele ultrapassou todos os planetas do universo, Ele é a Suprema Personalidade de Deus. Com o pretexto de pedir três passos de terra, Ele tomou todas as terras de Bali Mahārāja. Ele solicitou simplesmente porque, sem mendigar, nenhuma autoridade pode tirar a posse que, por direito, pertence a alguém.

VERSO 18: Bali Mahārāja, que colocou sobre sua cabeça a água que lavou os pés de lótus do Senhor, pensava somente em sua promessa, apesar da proibição que lhe fora imposta pelo seu mestre espiritual. O rei entregou seu próprio corpo para que o Senhor concluísse o Seu terceiro passo. Para essa personalidade, nem mesmo o reino dos céus, que ele conquistara com sua força, tinha algum valor.

VERSO 19: Ó Nārada, aprendeste a ciência de Deus e Seu serviço transcendental amoroso com a Personalidade de Deus em Sua encarnação de Haṁsāvatāra. Ele estava muito satisfeito contigo devido à tua intensa proporção de serviço devocional. Ele também te explicou com lucidez toda a ciência do serviço devocional, que é especialmente entendida pelas pessoas que são almas rendidas ao Senhor Vāsudeva, a Personalidade de Deus.

VERSO 20: Como a encarnação de Manu, o Senhor tornou-Se descendente da dinastia de Manu e governou a ordem real descrente, subjugando-a com Sua poderosa arma em forma de disco. Inabalável em todas as circunstâncias, Seu governo se caracterizava por Sua gloriosa fama, que se espalhou pelos três lokas e alcançou o sistema planetário de Satyaloka, o mais elevado no universo.

VERSO 21: O Senhor em Sua encarnação de Dhanvantari cura muito rapidamente as doenças de todas as entidades vivas sempre doentias, utilizando apenas sua fama personificada, e é unicamente graças a ele que os semideuses alcançam vida longa. Assim, a glorificação à Personalidade de Deus nunca cessa. Ele também exigia participação nos resultados dos sacrifícios, e foi ele apenas que introduziu no universo a ciência médica ou o conhecimento da medicina.

VERSO 22: Quando os administradores governantes, conhecidos como kṣatriyas, desviaram-se do caminho da Verdade Absoluta, desejosos de sofrer no inferno, o Senhor, em Sua encarnação como o sábio Paraśurāma, extirpou aqueles reis indesejáveis que pareciam os espinhos da Terra. Assim, em três ocasiões, Ele extirpou sete vezes os kṣatriyas com Seu machado afiadíssimo.

VERSO 23: Devido à Sua imotivada misericórdia com todas as entidades vivas do universo, a Suprema Personalidade de Deus, juntamente com Suas extensões plenárias, apareceu na família de Mahārāja Ikṣvāku como o Senhor de Sua potência interna, Sītā. Sob a ordem de Seu pai, Mahārāja Daśaratha, Ele entrou na floresta, onde viveu durante consideráveis anos com Sua esposa e irmão mais novo. Rāvaṇa, que com muitos poderes materiais tinha dez cabeças sobre seus ombros, cometeu uma grande ofensa contra Ele e, em razão disso, acabou sendo aniquilado.

VERSO 24: A Personalidade de Deus Rāmacandra, abalado com a ausência de Sua amiga íntima [Sītā], olhou para a cidade do inimigo Rāvaṇa com olhos incandescentes como os de Hara [que quis queimar o reino dos céus]. O grande oceano, tremendo de medo, abriu-Lhe caminho porque seus membros familiares, os seres aquáticos como os tubarões, serpentes e crocodilos, estavam sendo queimados pelo calor dos irados olhos incandescentes do Senhor.

VERSO 25: Quando Rāvaṇa estava empenhado na batalha, a tromba do elefante que carregava o rei dos céus, Indra, despedaçou-se após ter colidido com o peito de Rāvaṇa, e as partes quebradas se espalharam, iluminando todas as direções. Rāvaṇa, portanto, sentiu-se orgulhoso de seu poder e começou a caminhar no meio dos soldados em combate, julgando-se o conquistador de todas as direções. Mas seu riso, tomado de euforia, juntamente com seu próprio ar vital, subitamente foi abafado pelo zunido do arco de Rāmacandra, a Personalidade de Deus.

VERSO 26: Quando o mundo é sobrecarregado pela força belicosa dos reis que não têm fé em Deus, o Senhor, apenas para diminuir a aflição do mundo, faz Seu advento com Sua porção plenária. O Senhor vem em Sua forma original, com belos cabelos negros. E só para expandir Suas glórias transcendentais, Ele realiza atos extraordinários. Ninguém pode calcular com competência quão grande Ele é.

VERSO 27: Não há dúvida alguma de que o Senhor Kṛṣṇa é o Senhor Supremo. Caso contrário, como seria possível que Ele matasse uma demônia gigantesca como Pūtanā quando Ele ainda vivia no colo de Sua mãe; virasse uma carroça com Sua perna quando tinha apenas três meses de idade; arrancasse pela raiz um par de árvores arjuna tão altas que tocavam o céu, quando Ele apenas engatinhava? Todas essas atividades são possíveis apenas para alguém como o próprio Senhor.

VERSO 28: Então, quando os vaqueirinhos e seus animais também beberam a água envenenada do rio Yamunā, e depois que o Senhor [em Sua infância] os reviveu por intermédio do Seu olhar misericordioso, Ele, apenas para purificar a água do rio Yamunā, como uma espécie de diversão, pulou no rio e castigou a venenosa serpente Kāliya, que ali se ocultava, emitindo ondas de veneno com sua língua. Além do Senhor Supremo, qual é a outra personalidade que pode executar essas tarefas hercúleas?

VERSO 29: Na mesma noite do dia do castigo da serpente Kāliya, enquanto os habitantes de Vrajabhūmi dormiam despreocupados, irrompeu na floresta um incêndio causado pelas folhas secas, e parecia certo que todos os habitantes iriam morrer. Contudo, o Senhor, juntamente com Balarāma, salvou-os simplesmente fechando Seus olhos. São essas as atividades sobre-humanas do Senhor.

VERSO 30: Enquanto a vaqueira [Yaśodā, a mãe adotiva de Kṛṣṇa] tentava amarrar com cordas as mãos de seu filho, ela notou que o comprimento da corda era sempre insuficiente, e, quando ela finalmente desistiu, o Senhor Kṛṣṇa, logo em seguida, abriu a boca, onde a mãe encontrou situados todos os universos. Vendo isso, ela desenvolveu dúvidas em sua mente, mas se convenceu de maneira diferente acerca da natureza mística de seu filho.

VERSO 31: O Senhor Kṛṣṇa evitou que Seu pai adotivo, Nanda Mahārāja, ficasse com medo do semideus Varuṇa e libertou os vaqueirinhos, tirando-os das cavernas da montanha, onde tinham sido postos pelo filho de Maya. Além disso, aos habitantes de Vṛndāvana, que eram muito atarefados de dia e que dormiam profundamente à noite por causa do seu árduo trabalho diurno, o Senhor Kṛṣṇa concedeu a promoção ao planeta mais elevado no céu espiritual. Todas essas atividades são transcendentais e provam, sem qualquer dúvida, a Sua divindade.

VERSO 32: Quando os pastores das vacas de Vṛndāvana, sob a instrução de Kṛṣṇa, pararam de oferecer sacrifício ao rei celestial, Indra, toda a extensão de terra conhecida como Vraja ficou sob a ameaça de ser varrida por chuvas constantes e pesadas por sete dias. O Senhor Kṛṣṇa, movido por Sua misericórdia sem causa para com os habitantes de Vraja, ergueu a colina conhecida como Govardhana com apenas uma mão, embora Ele tivesse apenas sete anos de idade. Ele fez isso a fim de proteger os animais do impetuoso aguaceiro.

VERSO 33: Quando o Senhor estava ocupado em Seus passatempos da dança da rāsa na floresta de Vṛndāvana, atiçando os desejos sexuais das esposas dos habitantes de Vṛndāvana com canções doces e melodiosas, um demônio chamado Śaṅkhacūḍa, um rico seguidor do tesoureiro do céu [Kuvera], raptou as donzelas, e o Senhor decepou-Lhe a cabeça.

VERSOS 34-35: Todas as personalidades demoníacas, como Pralamba, Dhenuka, Baka, Keśī, Ariṣṭa, Cāṇūra, Muṣṭika, o elefante Kuvalayāpīḍa, Kaṁsa; Yavana, Narakāsura e Pauṇḍraka, grandes marechais como Śālva, o macaco Dvivida e Balvala, Dantavakra, os sete touros, Śambara, Vidūratha e Rukmī, bem como grandes guerreiros como Kāmboja, Matsya, Kuru, Sṛñjaya e Kekaya, lutaram todos vigorosamente, quer com o Senhor Hari em combate direto, quer com Ele atendendo pelo nome de Baladeva, Arjuna, Bhīma etc. E os demônios, sendo mortos dessa maneira, atingiriam ou o brahmajyoti impessoal ou Sua morada pessoal nos planetas Vaikuṇṭha.

VERSO 36: O próprio Senhor, em Sua encarnação como filho de Satyavatī [Vyāsadeva], considerará a literatura védica por ele compilada muito difícil para as pessoas de pouca inteligência e com vida curta e, assim, dividirá a árvore do conhecimento védico em diferentes ramos, segundo as circunstâncias da era em particular.

VERSO 37: Quando os ateístas, após ficarem versados no conhecimento científico védico, aniquilarem os habitantes de diferentes planetas, voando invisíveis no céu em foguetes bem construídos, preparados pelo grande cientista Maya, o Senhor confundirá suas mentes, atraindo-os como Buddha, e pregará sobre princípios sub-religiosos.

VERSO 38: Depois disso, no final de Kali-yuga, quando não houver temas a respeito de Deus, mesmo nas residências dos supostos santos e cavalheiros respeitáveis que pertencem às três castas superiores, e quando o poder governamental se transferir para as mãos dos ministros que, tendo sido eleitos, eram membros da classe dos śūdras inferiores ou de pessoas inferiores a eles, e quando nada se souber sobre as técnicas de sacrifício, nem mesmo verbalmente, a essa altura o Senhor aparecerá como o supremo castigador.

VERSO 39: No início da criação, existem a penitência, eu [Brahmā] e os Prajāpatis, os grandes sábios que geram; depois, durante a manutenção da criação, existem o Senhor Viṣṇu, os semideuses com poderes controladores e os reis de diferentes planetas. No final, todavia, há irreligião e, depois, o senhor Śiva e os ateístas cheios de ira etc. Todos eles são diferentes manifestações representativas da energia do poder supremo, o Senhor.

VERSO 40: Quem pode fazer uma descrição completa do poder de Viṣṇu? Nem mesmo o cientista, que talvez tenha contado as partículas dos átomos do universo, atinge esse objetivo, porque foi somente Ele quem, em Sua forma de Trivikrama, movimentou Suas pernas e ultrapassou, sem nenhum esforço, o planeta mais elevado, Satyaloka, indo até o estado neutro dos três modos da natureza material. E todos foram deslocados.

VERSO 41: Nem eu, nem todos os sábios nascidos antes de ti, conhecemos por completo a onipotente Personalidade de Deus. Logo, o que podem os outros, que nasceram depois de nós, saber a respeito dEle? Nem mesmo a primeira encarnação do Senhor, a saber, Śeṣa, foi capaz de alcançar o limite desse conhecimento, embora Ele possua mil rostos, com os quais descreve as qualidades do Senhor.

VERSO 42: Mas qualquer um que seja especificamente favorecido pelo Senhor Supremo, a Personalidade de Deus, em virtude da imaculada rendição ao serviço ao Senhor, pode ultrapassar o intransponível oceano de ilusão e pode compreender o Senhor. Mas aqueles que estão apegados a este corpo, que no final se destina a ser comido por cães e chacais, não podem fazê-lo.

VERSOS 43-45: Ó Nārada, as potências do Senhor são incognoscíveis e incomensuráveis, apesar do que, como somos todos almas rendidas, sabemos como Ele age através das potências de yogamāyā. E, de modo semelhante, as potências do Senhor também são conhecidas pelo todo-poderoso Śiva, pelo grande rei da família ateísta, a saber, Prahlāda Mahārāja, por Svāyambhuva Manu, por sua esposa Śatarūpā, seus filhos e filhas como Priyavrata, Uttānapāda, Ākūti, Devahūti e Prasūti, por Prācīnabarhi, Ṛbhu, Aṅga o pai de Vena, Mahārāja Dhruva, Ikṣvāku, Aila, Mucukunda, Mahārāja Janaka, Gādhi, Raghu, Ambarīṣa, Sagara, Gaya, Nāhuṣa, Māndhātā, Alarka, Śatadhanve, Anu, Rantideva, Bhīṣma, Bali, Amūrttaraya, Dilīpa, Saubhari, Utaṅka, Śibi, Devala, Pippalāda, Sārasvata, Uddhava, Parāśara, Bhūriṣeṇa, Vibhīṣaṇa, Hanumān, Śukadeva Gosvāmī, Arjuna, Ārṣṭiṣeṇa, Vidura, Śrutadeva etc.

VERSO 46: As almas rendidas, mesmo que estejam nos grupos que levam vidas pecaminosas, tais como as mulheres, a classe operária, os montanheses e os siberianos, ou mesmo as aves e os animais selvagens, podem também conhecer sobre a ciência de Deus e livrar-se das garras da energia ilusória, rendendo-se aos devotos puros do Senhor e seguindo seus passos no serviço devocional.

VERSO 47: Aquilo que é percebido como o Brahman Absoluto é pleno de ilimitada bem-aventurança, livre de aflição. Essa é certamente a última fase do desfrutador supremo, a Personalidade de Deus. Ele é eternamente desprovido de toda perturbação e temor. Ao contrário da matéria, Ele é consciência completa. Incontaminado e sem distinções, Ele é a principal causa primordial de todas as causas e efeitos, em quem não há sacrifícios para atividades fruitivas e em quem a energia ilusória não permanece.

VERSO 48: Nesse estado transcendental, não há necessidade de controle artificial da mente, de especulação mental ou de meditação, como os praticam os jñānīs e os yogīs. A pessoa abandona esses processos assim como o rei dos céus, Indra, não se dá ao trabalho de cavar um poço.

VERSO 49: A Personalidade de Deus é o mestre supremo de tudo o que é auspicioso porque os resultados de quaisquer ações executadas pelo ser vivo, na existência material ou espiritual, são concedidos pelo Senhor. Deste modo, Ele é o benfeitor último. Cada entidade viva é não-nascida e, por conseguinte, mesmo após a aniquilação do corpo elementar material, a entidade viva existe, exatamente como o ar dentro do corpo.

VERSO 50: Meu querido filho, acabei de fazer uma explicação resumida sobre a Suprema Personalidade de Deus, que é o criador dos mundos manifestos. Sem Ele, Hari, o Senhor, não há outras causas das existências fenomenal e numenal.

VERSO 51: Ó Nārada, a Suprema Personalidade de Deus fez para mim um resumo desta ciência de Deus, o Śrīmad-Bhāgavatam, e ela foi falada como a soma de Suas diversas potências. Por favor, expande tu mesmo esta ciência.

VERSO 52: Por favor, descreve a ciência de Deus com determinação e de maneira a possibilitar ao ser humano o desenvolvimento do transcendental serviço devocional à Personalidade de Deus, Hari, a Superalma de todo ser vivo e o summum bonum, fonte de todas as energias.

VERSO 53: As atividades do Senhor em associação com Suas diferentes energias devem ser descritas, apreciadas e ouvidas de acordo com os ensinamentos do Senhor Supremo. Caso isso seja feito regularmente com devoção e respeito, a pessoa certamente escapará da energia ilusória do Senhor.

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