VERSO 17
jyāyān guṇair avarajo ’py aditeḥ sutānāṁ
lokān vicakrama imān yad athādhiyajñaḥ
kṣmāṁ vāmanena jagṛhe tripada-cchalena
yācñām ṛte pathi caran prabhubhir na cālyaḥ
jyāyān — as maiores; guṇaiḥ — com qualidades; avarajaḥ — transcendental; api — embora Ele seja assim; aditeḥ — de Aditi; sutānām — de todos os filhos (conhecidos como Ādityas); lokān — todos os planetas; vicakrame — ultrapassou; imān — neste universo; yat — aquele que; atha — portanto; adhiyajñaḥ — a Suprema Personalidade de Deus; kṣmām — todas as terras; vāmanena — sob a encarnação de Vāmana; jagṛhe — aceitou; tripada — três passos; chalena — com o pretexto; yācñām — esmolar; ṛte — sem; pathi caran — ignorando o caminho correto; prabhubhiḥ — pelas autoridades; na — nunca poderá ser; cālyaḥ — ser destituída de.
Muito embora transcendental a todos os modos materiais, o Senhor excedeu todas as qualidades dos filhos de Aditi, conhecidos como Ādityas. O Senhor apareceu como o filho mais novo de Aditi. E como Ele ultrapassou todos os planetas do universo, Ele é a Suprema Personalidade de Deus. Com o pretexto de pedir três passos de terra, Ele tomou todas as terras de Bali Mahārāja. Ele solicitou simplesmente porque, sem mendigar, nenhuma autoridade pode tirar a posse que, por direito, pertence a alguém.
SIGNIFICADO—A história de Bali Mahārāja e a caridade que ele faz a Vāmanadeva são descritas no oitavo canto do Śrīmad-Bhāgavatam. Bali Mahārāja conquistou por meios legais todos os planetas do universo. Um rei pode conquistar outros reis pela força, e tal posse é considerada legal. Assim, Bali Mahārāja possuía todas as terras do universo e era caridoso com os brāhmaṇas. O Senhor, portanto, Se fez passar por um brāhmaṇa mendicante e pediu a Bali Mahārāja uma extensão de terra equivalente a três de Seus passos. O Senhor, como o proprietário de tudo, podia tomar de Bali Mahārāja toda a terra que ele possuía, mas não adotou esse procedimento porque todas as terras que Bali Mahārāja possuía foram conquistas legais. Quando o Senhor Vāmana pediu a Bali Mahārāja essa pequena caridade, o mestre espiritual de Bali Mahārāja, Śukrācārya, objetou essa proposta porque sabia que Vāmanadeva era o próprio Viṣṇu fazendo-Se passar por um mendigo. Ao compreender que o mendigo era o próprio Viṣṇu, Bali Mahārāja não quis acatar a ordem de seu mestre espiritual e concordou de imediato em Lhe dar em caridade a terra solicitada. Recebendo a autorização, o Senhor Vāmana cobriu, então, todas as terras do universo com Seus dois primeiros passos e, depois, perguntou a Bali Mahārāja onde poderia dar o terceiro passo. Bali Mahārāja se sentiu muito alegre de receber sobre sua cabeça o outro passo do Senhor e, assim, Bali Mahārāja, ao invés de perder tudo o que possuía, foi abençoado, pois o Senhor passou a ser seu constante companheiro e porteiro. Logo, dando tudo em prol da causa do Senhor, a pessoa nada perde, mas ganha tudo o que ela nem ao menos sonhava.