VERSO 6
yasyāmṛtāmala-yaśaḥ-śravaṇāvagāhaḥ
sadyaḥ punāti jagad āśvapacād vikuṇṭhaḥ
so ’haṁ bhavadbhya upalabdha-sutīrtha-kīrtiś
chindyāṁ sva-bāhum api vaḥ pratikūla-vṛttim
yasya — de quem; amṛta — néctar; amala — incontaminado; yaśaḥ — glórias; śravaṇa — ouvindo; avagāhaḥ — entrando em; sadyaḥ — imediatamente; punāti — purifica; jagat — o universo; āśva-pacāt — incluindo mesmo os comedores de cachorro; vikuṇṭhaḥ — sem ansiedade; saḥ — aquela pessoa; aham — Eu sou; bhavadbhyaḥ — de vós; upalabdha — obtido; su-tīrtha — o melhor local de peregrinação; kīrtiḥ — a fama; chindyām — amputaria; sva-bāhum — Meu próprio braço; api — mesmo; vaḥ — a vós; pratikūla-vṛttim — agindo com hostilidade.
Em todo o mundo, qualquer pessoa, inclusive o baixo caṇḍāla, que vive de cozinhar e comer carne de cachorro, purifica-se de imediato caso se banhe ouvindo a glorificação de Meu nome, fama etc. Agora que Me compreendestes sem dúvida, não hesitarei em amputar Meu próprio braço se sua conduta mostrar-se hostil a vós.
SIGNIFICADO—A sociedade humana poderá purificar-se realmente se seus membros adotarem a consciência de Kṛṣṇa. Isso se afirma claramente em toda a literatura védica. Qualquer pessoa que adote a consciência de Kṛṣṇa com toda a sinceridade, mesmo que não seja muito avançada em bom comportamento, purifica-se. Pode-se recrutar um devoto de qualquer setor da sociedade humana, embora não seja de esperar que todos, em todos os setores da sociedade, sejam bem comportados. Como se declara neste verso e em muitos trechos da Bhagavad-gītā, quer alguém nasça em família de brāhmaṇas, quer nasça em família de caṇḍālas, se simplesmente adotar a consciência de Kṛṣṇa se purificará imediatamente. Na Bhagavad-gītā, nono capítulo, versos 30-32, afirma-se claramente que, mesmo que alguém não tenha excelente comportamento, deve ser tido como pessoa santa pelo simples fato de adotar a consciência de Kṛṣṇa. Enquanto uma pessoa está neste mundo material, ela tem duas diferentes relações em seus tratos com os outros – uma relação diz respeito ao corpo, e a outra diz respeito ao espírito. Quanto aos assuntos do corpo ou às atividades sociais, embora uma pessoa se purifique na plataforma espiritual, às vezes observa-se que ela age em termos de suas relações corpóreas. Se um devoto nascido em família de caṇḍālas (a casta mais baixa) às vezes for encontrado dedicando-se a suas atividades habituais, ele não deve ser considerado um caṇḍāla. Em outras palavras, não se deve avaliar um vaiṣṇava em termos de seu corpo. O śāstra declara que ninguém deve pensar que a Deidade no templo é feita de madeira ou pedra, ou que uma pessoa oriunda de família de casta inferior que tenha adotado a consciência de Kṛṣṇa ainda faz parte da mesma casta. Essas atitudes são proibidas porque qualquer pessoa que adote a consciência de Kṛṣṇa é tida como inteiramente purificada. Ela está, pelo menos, ocupada no processo de purificação, e, caso se apegue aos princípios da consciência de Kṛṣṇa, logo se purificará inteiramente. Concluindo, se alguém adota a consciência de Kṛṣṇa com toda a seriedade, deve-se compreender que já está purificado, e Kṛṣṇa está disposto a dar-lhe proteção por todos os meios. O Senhor garante nesta passagem que está disposto a proteger Seu devoto, ainda que seja necessário amputar uma parte de Seu próprio corpo.