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VERSO 31

maitreya uvāca
evaṁ hiraṇyākṣam asahya-vikramaṁ
sa sādayitvā harir ādi-sūkaraḥ
jagāma lokaṁ svam akhaṇḍitotsavaṁ
samīḍitaḥ puṣkara-viṣṭarādibhiḥ

maitreyaḥ uvāca — Śrī Maitreya disse; evam — assim; hiraṇyākṣam — Hiraṇyākṣa; asahya-vikramam — muito poderoso; saḥ — o Senhor; sādayitvā — após matar; hariḥ — a Suprema Personalidade de Deus; ādi-sūkaraḥ — a origem da espécie dos javalis; jagāma — retornou; lokam — a Sua morada; svam — própria; akhaṇḍita — ininterrupto; utsavam — festival; samīḍitaḥ — sendo louvado; puṣkara-viṣṭara — assento de lótus (pelo senhor Brahmā, cujo assento é um lótus); ādibhiḥ — e os demais.

Śrī Maitreya continuou: Após matar assim o formidabilíssimo demônio Hiraṇyākṣa, o Supremo Senhor Hari, a origem da espécie dos javalis, retornou à Sua própria morada, onde sempre há um festival ininterrupto. O Senhor foi louvado por todos os semideuses, encabeçados por Brahmā.

SIGNIFICADO—Nesta passagem, o Senhor é chamado de a origem da espécie dos javalis. Como se afirma no Vedānta-sūtra (1.1.2), a Verdade Absoluta é a origem de tudo. Portanto, deve-se compreender que as 8.400.000 espécies de formas corpóreas se originam do Senhor, que sempre é ādi, ou o início. Na Bhagavad-gītā, Arjuna chama o Senhor de ādyam, ou o original. Da mesma forma, o Senhor é tratado na Brahma-saṁhitā por ādi puruṣam, a pessoa original. Na verdade, na Bhagavad-gītā (10.8), o próprio Senhor declara: mattaḥ sarvaṁ pravartate: “Tudo procede de Mim.”

Nesta situação, o Senhor assumiu a forma de um javali para matar o demônio Hiraṇyākṣa e tirar a Terra do oceano Garbha. Assim, Ele Se tornou ādi-sūkara, o javali original. No mundo material, um javali ou um porco são considerados muito abomináveis, mas o ādi-sūkara, a Suprema Personalidade de Deus, não foi tratado com um javali qualquer. Até mesmo o senhor Brahmā e outros semideuses louvaram a forma do Senhor como javali.

Este verso corrobora a afirmação da Bhagavad-gītā de que o Senhor aparece como Ele é, oriundo de Sua morada transcendental, com o propósito de matar os canalhas e salvar os devotos. Matando o demônio Hiraṇyākṣa, Ele cumpriu Sua promessa de matar os demônios e sempre proteger os semideuses encabeçados por Brahmā. A declaração de que o Senhor voltou à Sua própria morada indica que Ele tem Sua própria residência transcendental e particular. Como é pleno de todas as energias, Ele é onipenetrante apesar de residir em Goloka Vṛndāvana, assim como o Sol, embora situado num lugar específico dentro do universo, está presente em todo o universo através de seu brilho.

Embora o Senhor tenha onde residir, ou seja, Sua morada particular, Ele é onipenetrante. Os impersonalistas aceitam um aspecto das características do Senhor, o aspecto onipenetrante, mas não podem entender Sua situação localizada em Sua morada transcendental, onde Ele sempre Se ocupa em passatempos inteiramente transcendentais. Especialmente mencionada neste verso é a expressão akhaṇḍitotsavam. Utsava significa “prazer”. Sempre que acontece alguma festividade para expressar alegria, isso se chama utsava. Utsava, a expressão de completa felicidade, está sempre presente nos Vaikuṇṭhalokas, a morada do Senhor, que é adorado até por semideuses como Brahmā, isto para não falar de outros seres menos importante, como os seres humanos.

O Senhor desce de Sua morada a este mundo, e por isso Ele Se chama avatāra, que significa “aquele que desce”. Às vezes compreende-se avatāra como referente a uma encarnação que assume uma forma material de carne e osso, mas, na realidade, avatāra refere-se a alguém que desce de regiões superiores. A morada do Senhor está situada muito acima deste céu material, e Ele desce daquela posição superior; de tal modo, Ele é chamado de avatāra.

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