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VERSO 12

jāta-harṣo ’patan mūrdhnā
kṣitau labdha-manorathaḥ
gīrbhis tv abhyagṛṇāt prīti-
svabhāvātmā kṛtāñjaliḥ

jāta-harṣaḥ — naturalmente jubilante; apatat — ele caiu; mūrdhnā — com sua cabeça; kṣitau — no solo; labdha — tendo sido alcançado; manaḥ-rathaḥ — seu desejo; gīrbhiḥ — com orações; tu — e; abhyagṛṇāt — ele agradou; prīti-svabhāva-ātmā — cujo coração é por natureza sempre cheio de amor; kṛta-añjaliḥ — de mãos postas.

Quando realmente percebeu a Suprema Personalidade de Deus em pessoa, Kardama Muni ficou muito satisfeito por seu desejo transcendental ter sido satisfeito. Ele caiu ao solo com a cabeça prostrada para oferecer reverências aos pés de lótus do Senhor. Com seu coração naturalmente cheio de amor por Deus, ele agradou o Senhor oferecendo-Lhe orações de mãos postas.

SIGNIFICADO—A percepção da forma pessoal do Senhor é a fase perfectiva mais elevada do yoga. No sexto capítulo da Bhagavad-gītā, onde se descreve a prática do yoga, chama-se essa percepção da forma pessoal do Senhor de a perfeição do yoga. Após praticar as posturas sentadas e outros princípios reguladores do sistema, alcança-se, por fim, a fase de samādhi – absorção no Supremo. Na fase de samādhi, pode-se ver a Suprema Personalidade de Deus em Sua forma parcial como Paramātmā, ou seja, como Ele é. Nas escrituras autorizadas do yoga, tais como os Patañjali-sūtras, descreve-se que samādhi é um prazer transcendental. O sistema de yoga exposto nos livros de Patañjali é autorizado, e os pretensos yogīs modernos, que têm inventado seus próprios métodos, sem consultar as autoridades, são simplesmente ridículos. O sistema de yoga de Patañjali chama-se aṣṭāṅga-yoga. Algumas vezes, os impersonalistas corrompem o sistema de yoga de Patañjali por serem monistas. Patañjali descreve que a alma fica transcendentalmente satisfeita quando se encontra com a Superalma e A vê. Admitindo-se a existência da Superalma e da alma individual, anula-se a teoria impersonalista do monismo. Portanto, alguns impersonalistas e filósofos do vazio distorcem o sistema de Patañjali a seu próprio modo e corrompem todo o processo de yoga.

Segundo Patañjali, quando nos livramos de todos os desejos materiais, alcançamos nossa verdadeira situação transcendental, e a percepção dessa fase chama-se poder espiritual. As pessoas que executam atividades materiais envolvem-se nos modos da natureza material. As aspirações dessas pessoas são: (1) tornar-se religiosas, (2) enriquecer-se economicamente, (3) capacitar-se a satisfazer os sentidos e, por fim, (4) tornarem-se unas com o Supremo. Segundo os monistas, quando um yogī torna-se uno com o Supremo e perde sua existência individual, ele alcança a fase máxima, chamada kaivalya. Mas, na realidade, a fase de percepção da Personalidade de Deus que é, sim, kaivalya. A unidade de entendimento de que o Senhor Supremo é plenamente espiritual e de que, em compreensão espiritual plena, pode-se saber o que Ele é – a Suprema Personalidade de Deus – chama-se kaivalya, ou, na linguagem de Patañjali, percepção do poder espiritual. Sua proposta é que, quando alguém se livra dos desejos materiais e se fixa em compreensão espiritual do eu e do Super-eu, isso se chama cit-śakti. Em compreensão espiritual plena, há uma percepção de felicidade espiritual, a qual a Bhagavad-gītā descreve como felicidade suprema e que está além dos sentidos materiais. O transe é descrito como sendo de dois tipos, samprajñāta e asamprajñāta, ou seja, especulação mental e autorrealização. Em samādhi, ou asamprajñāta, pode-se perceber, com os sentidos espirituais, a forma espiritual do Senhor. Essa é a meta última da compreensão espiritual.

Segundo Patañjali, aquele que está fixo em constante percepção da forma suprema do Senhor alcança a fase perfectiva, como aconteceu com Kardama Muni. A não ser que se alcance essa fase de perfeição – além da perfeição das partes preliminares do sistema de yoga –, não há compreensão final. Há oito tipos de perfeição no sistema de aṭāṅga-yoga. Quem os alcança pode tornar-se mais leve que o mais leve e maior que o maior, e pode obter qualquer coisa que deseje. Todavia, nem mesmo a obtenção de semelhante sucesso material no yoga chega a ser a perfeição, ou a meta última. A meta última é descrita aqui: Kardama Muni viu a Suprema Personalidade de Deus em Sua forma eterna. O serviço devocional começa a partir da relação da alma individual com a Alma Suprema, ou seja, Kṛṣṇa e os devotos de Kṛṣṇa, e quem chega a este ponto não cai mais. Se, através do sistema de yoga, alguém quiser alcançar a fase de ver a Suprema Personalidade de Deus face a face, mas, no entanto, sentir atração por alcançar algum poder material, será impedido de prosseguir. O gozo material, conforme é encorajado por yogīs farsantes, nada tem a ver com a percepção transcendental de felicidade espiritual. Os verdadeiros devotos que praticam bhakti-yoga aceitam somente as necessidades materiais da vida absolutamente necessárias para manterem-se vivos; eles se abstêm totalmente de todo o exagerado gozo material dos sentidos. Eles estão dispostos a submeter-se a todos os tipos de tribulações, desde que possam progredir na compreensão da Personalidade de Deus.

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