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VERSO 32

sahāhaṁ svāṁśa-kalayā
tvad-vīryeṇa mahā-mune
tava kṣetre devahūtyāṁ
praṇeṣye tattva-saṁhitām

saha — com; aham — Eu; sva-aṁśa-kalayā — Minha própria porção plenária; tvat-vīryeṇa — através de teu sêmen; mahā-mune — ó grande sábio; tava kṣetre — em tua esposa; devahūtyām — em Devahūti; praṇeṣye — Eu ensinarei; tattva — dos princípios fundamentais; saṁhitām — a doutrina.

Ó grande sábio, manifestarei Minha própria porção plenária através de tua esposa, Devahūti, juntamente com tuas nove filhas, e a ensinarei o sistema de filosofia que trata dos princípios, ou categorias, fundamentais.

SIGNIFICADO—Nesta passagem, a expressão svāṁśa-kalayā indica que o Senhor apareceria como o filho de Devahūti e Kardama Muni, como Kapiladeva, o primeiro expositor da filosofia Sāṅkhya, que aqui é mencionada como tattva-saṁhitā. O Senhor predisse a Kardama Muni que Ele apareceria sob Sua encarnação como Kapiladeva e propagaria a filosofia Sāṅkhya. A filosofia Sāṅkhya é muito famosa no mundo, porém propagada por outro Kapiladeva, mas essa filosofia Sāṅkhya é diferente do Sāṅkhya que foi exposto pelo próprio Senhor. Há dois tipos de filosofia Sāṅkhya: uma é a filosofia Sāṅkhya ateísta, e a outra é a filosofia Sāṅkhya teísta. O Sāṅkhya propagado por Kapiladeva, filho de Devahūti, é filosofia teísta.

Existem diferentes manifestações do Senhor. Ele é apenas um, mas transforma-Se em muitos. Ele Se divide em duas expansões diferentes, uma chamada kalā, e a outra, vibhinnāṁśa. As entidades vivas comuns chamam-se expansões vibhinnāṁśa, e as ilimitadas expansões de viṣṇu-tattva, tais como Vāmana, Govinda, Nārāyaṇa, Pradyumna, Vāsudeva e Ananta, chamam-se svāṁśa-kalā. Svāṁśa refere-se a uma expansão direta, e kalā denota uma expansão da expansão do Senhor original. Baladeva é uma expansão de Kṛṣṇa, e a expansão seguinte à de Baladeva é Saṅkarṣaṇa; assim, Saṅkarṣaṇa é kalā, mas Baladeva é svāṁśa. Não há, entretanto, diferença entre Eles. Isto é muito bem explicado na Brahma-saṁhitā (5.46): dīpārcir eva hi daśāntaram abhyupetya. Com uma vela, pode-se acender uma segunda vela; com a segunda, uma terceira e, depois, uma quarta, e pode-se acender milhares de velas dessa maneira, sendo que nenhuma vela é inferior à outra quanto à distribuição de luz. Todas as velas têm pleno potencial iluminador, mas, mesmo assim, distingue-se a vela que é a primeira, que é a segunda, que é a terceira e que é a quarta. Analogamente, não há diferença entre a expansão imediata do Senhor e Sua expansão secundária. Os nomes do Senhor são considerados exatamente da mesma maneira: como o Senhor é absoluto, Seu nome, Sua forma, Seus passatempos, Sua parafernália e Sua qualidade têm todos a mesma potência. No mundo absoluto, o nome Kṛṣṇa é a representação sonora transcendental do Senhor. Não há diferença potencial entre Sua qualidade, nome, forma etc. Se cantamos o nome do Senhor, Hare Kṛṣṇa, isso tem tanta potência quanto o próprio Senhor. Não há diferença potencial entre a forma do Senhor a quem adoramos e a forma do Senhor no templo. Não se deve pensar que alguém está adorando um boneco ou estátua do Senhor, mesmo que outros a considerem uma estátua. Por não haver diferença de potencial, obtém-se o mesmo resultado adorando a estátua do Senhor ou o próprio Senhor. Essa é a ciência da consciência de Kṛṣṇa.

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