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VERSO 10

bhagavantaṁ paraṁ brahma
sattvenāṁśena śatru-han
tattva-saṅkhyāna-vijñaptyai
jātaṁ vidvān ajaḥ svarāṭ

bhagavantam — o Senhor; param — supremo; brahma — Brahman; sattvena — tendo uma existência incontaminada; aṁśena — através de uma porção plenária; śatru-han — ó matador do inimigo, Vidura; tattva-saṅkhyāna — a filosofia dos vinte e quatro elementos materiais; vijñaptyai — para explicar; jātam — aparecera; vidvān — sabendo; ajaḥ — o não-nascido (senhor Brahmā); sva-rāṭ — independente.

Maitreya continuou: Ó matador do inimigo, o não-nascido senhor Brahmā, que é quase independente na aquisição de conhecimento, pôde entender que uma porção da Suprema Personalidade de Deus, sob Sua qualidade de existência pura, aparecera no ventre de Devahūti simplesmente para explicar o estado completo de conhecimento conhecido como sāṅkhya-yoga.

SIGNIFICADO—Na Bhagavad-gītā, décimo quinto capítulo, declara-se que o próprio Senhor é o compilador do Vedānta-sūtra, e Ele é o perfeito conhecedor do Vedānta-sūtra. De forma semelhante, a filosofia sāṅkhya é compilada pela Suprema Personalidade de Deus em Seu aparecimento como Kapila. Há um Kapila de imitação que tem um sistema filosófico sāṅkhya, mas Kapila, a encarnação de Deus, é diferente desse Kapila. Kapila, o filho de Kardama Muni, em Seu sistema de filosofia sāṅkhya, explicou muito elaboradamente, não apenas o mundo material, mas também o mundo espiritual. Brahmā pôde entender este fato porque ele é svarāṭ, quase independente quanto à recepção de conhecimento. Ele é chamado svarāṭ porque não foi à escola ou à faculdade para aprender as coisas, mas aprendeu tudo internamente. Como Brahmā é a primeira criatura viva dentro deste universo, ele não teve professor; seu professor foi a própria Suprema Personalidade de Deus, que está sentada no coração de toda criatura viva. Brahmā adquiriu conhecimento diretamente do Senhor Supremo dentro do coração; por isso ele é às vezes chamado de svarāṭ e aja.

Apresenta-se aqui outro ponto importante. Sattvenāṁśena: quando a Suprema Personalidade de Deus aparece, traz conSigo toda a Sua parafernália de Vaikuṇṭha; portanto, Seu nome, Sua forma, Suas qualidades, Sua parafernália e Seu séquito pertencem todos ao mundo transcendental. A verdadeira bondade está no mundo transcendental. Aqui no mundo material, a qualidade da bondade não é pura. Pode ser que exista bondade, mas também sempre haverá algumas manchas de paixão e ignorância. No mundo espiritual, prevalece a qualidade de bondade impoluta; ali, a qualidade da bondade chama-se śuddha-sattva, bondade pura. Outro nome para śuddha-sattva é vasudeva, porque Deus nasce de Vasudeva. Outro significado é que quando estamos situados puramente na qualidade da bondade, podemos entender a forma, o nome, as qualidades, a parafernália e o séquito da Suprema Personalidade de Deus. A palavra aṁśena também indica que a Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa, apareceu como Kapiladeva numa porção de Sua porção. Deus Se expande, ou como kalā, ou como aṁśa. Aṁśa significa “expansão direta”, e kalā, “expansão da expansão”. Não há diferença entre a expansão, a expansão da expansão e a Suprema Personalidade de Deus diretamente, assim como não há diferença entre uma vela e outra –, apesar do que a vela com a qual se acendem as demais é chamada, ainda assim, de a vela original. Kṛṣṇa, portanto, é chamado de Parabrahman, ou a Divindade fundamental e a causa de todas as causas.

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