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VERSO 32

śrī-bhagavān uvāca
devānāṁ guṇa-liṅgānām
ānuśravika-karmaṇām
sattva evaika-manaso
vṛttiḥ svābhāvikī tu yā
animittā bhāgavatī
bhaktiḥ siddher garīyasī

śrī-bhagavān uvāca — a Suprema Personalidade de Deus disse; devānām — dos sentidos ou das deidades que presidem os sentidos; gua-liṅgānām — que descobrem objetos dos sentidos; ānuśravika — de acordo com a escritura; karmaṇām — que trabalham; sattve — para a mente ou para o Senhor; eva — somente; eka-manasaḥ — de um homem de mente indivisa; vṛttiḥ — tendência; svābhāvikī — natural; tu — de fato; — que; animittā — sem motivação; bhāgavatī — à Personalidade de Deus; bhaktiḥ — serviço devocional; siddheḥ — do que a salvação; garīyasī — melhor.

O Senhor Kapila disse: Os semideuses são representados simbolicamente pelos sentidos, cuja tendência natural é trabalhar sob a orientação dos preceitos védicos. Assim como os sentidos são representantes dos semideuses, da mesma forma, a mente é representante da Suprema Personalidade de Deus. O dever natural da mente é servir. Quando esse espírito de serviço é ocupado em serviço devocional à Personalidade de Deus, sem nenhuma motivação, isso é muito melhor inclusive do que a salvação.

SIGNIFICADO—Os sentidos da entidade viva estão sempre atarefados com alguma ocupação, seja em atividades prescritas nos preceitos dos Vedas, seja em atividades materiais. A tendência natural dos sentidos é trabalhar em troca de algo, e a mente é o centro dos sentidos. A mente é realmente o líder dos sentidos, daí ser chamada de sattva. Da mesma forma, de todos os semideuses que estão ocupados nas atividades deste mundo material – o deus do Sol, o deus da Lua, Indra e outros –, o líder é a Suprema Personalidade de Deus.

A literatura védica afirma que os semideuses são diferentes membros do corpo universal da Suprema Personalidade de Deus. Nossos sentidos também são controlados por diversos semideuses; nossos sentidos são representações de vários semideuses, e a mente é a representação da Suprema Personalidade de Deus. Os sentidos, liderados pela mente, agem sob a influência dos semideuses. Quando o serviço é finalmente destinado à Suprema Personalidade de Deus, os sentidos estão em sua posição natural. O Senhor é chamado de Hṛṣīkeśa, pois Ele é realmente o proprietário e senhor fundamental dos sentidos. Os sentidos e a mente têm a tendência natural de trabalhar, mas, estando contaminados pela matéria, agem em troca de algum benefício material ou em troca do serviço aos semideuses, embora, na verdade, destinem-se a servir a Suprema Personalidade de Deus. Os sentidos são chamados de hṛṣīka, e a Suprema Personalidade de Deus é chamada de Hṛṣīkeśa. Indiretamente, todos os sentidos têm a tendência natural de servir ao Senhor Supremo. Isso se chama bhakti.

Kapiladeva disse que, ao ocuparmos nossos sentidos, sem desejo de lucro material ou outras motivações egoístas, a serviço da Suprema Personalidade de Deus, situamo-nos em serviço devocional. Esse espírito de serviço é muito melhor do que siddhi, a salvação. Bhakti, a tendência a servir à Suprema Personalidade de Deus, está numa posição transcendental muito melhor do que mukti, ou liberação. Assim, bhakti é a fase posterior à liberação. Quem não é liberado não pode ocupar os sentidos a serviço do Senhor. Quando os sentidos são ocupados, ou em atividades materiais de gozo dos sentidos, ou nas atividades dos preceitos védicos, há alguma motivação, porém, quando os mesmos sentidos são ocupados a serviço do Senhor e não há motivação, isso se chama animittā e é a tendência natural da mente. A conclusão é que quando a mente, sem se deixar desviar por preceitos védicos ou por atividades materiais, é ocupada plenamente em consciência de Kṛṣṇa, ou serviço devocional à Suprema Personalidade de Deus, isso é muito melhor do que a tão ambicionada liberação do enredamento material.

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