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VERSO 17

devahūtir uvāca
puruṣaṁ prakṛtir brahman
na vimuñcati karhicit
anyonyāpāśrayatvāc ca
nityatvād anayoḥ prabho

devahūtiḥ uvāca — Devahūti disse; puruṣam — a alma espiritual; prakṛtiḥ — natureza material; brahman — ó brāhmaṇa; na — não; vimuñcati — alivia; karhicit — em algum momento; anyonya — uma à outra; apāśrayatvāt — da atração; ca — e; nityatvāt — da eternidade; anayoḥ — de ambas; prabho — ó meu Senhor.

Śrī Devahūti perguntou: Meu querido brāhmaṇa, acaso a natureza material alguma vez deixa a alma espiritual partir? Uma vez que uma é atraída pela outra eternamente, como é possível a separação delas?

SIGNIFICADO—Devahūti, a mãe de Kapiladeva, faz aqui sua primeira pergunta. Embora se possa entender que a alma espiritual e a matéria são diferentes, não é possível separá-las realmente, nem pela especulação filosófica, nem pela compreensão adequada. A alma espiritual é a potência marginal do Senhor Supremo, e a matéria é a potência externa do Senhor. De alguma forma, as duas potências eternas têm-se combinado, e, já que é tão difícil separar uma da outra, como é possível que a alma individual se liberte? Pela experiência prática, podemos ver que, quando a alma se separa do corpo, o corpo não tem existência real, e, quando o corpo se separa da alma, não se pode perceber a existência da alma. Enquanto a alma e o corpo estão combinados, podemos compreender que existe vida. Porém, ao se separarem, não há existência manifesta do corpo nem da alma. Esta pergunta feita por Devahūti a Kapiladeva é mais ou menos motivada pela filosofia do niilismo. Os niilistas dizem que a consciência é produto de uma combinação de elementos materiais, e que, assim que a consciência parte, a combinação material se dissolve, de modo que, em última análise, não há nada além do vazio. Na filosofia māyāvāda, essa ausência da consciência se chama nirvāṇa.

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