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VERSO 35

muktāśrayaṁ yarhi nirviṣayaṁ viraktaṁ
nirvāṇam ṛcchati manaḥ sahasā yathārciḥ
ātmānam atra puruṣo ’vyavadhānam ekam
anvīkṣate pratinivṛtta-guṇa-pravāhaḥ

mukta-āśrayam — situada na liberação; yarhi — no momento em que; nirviṣayam — desapegada dos objetos dos sentidos; viraktam — indiferente; nirvāṇam — extinção; ṛcchati — obtém; manaḥ — a mente; sahasā — imediatamente; yathā — como; arciḥ — a chama; ātmānam — a mente; atra — nessa altura; puruṣaḥ — uma pessoa; avyavadhānam — sem separação; ekam — una; anvīkṣate — experimenta; pratinivṛtta — livre; guṇa-pravāhaḥ — do fluxo de qualidades materiais.

Assim, ao livrar-se completamente de toda a contaminação material e desapegar-se dos objetivos materiais, a mente é como a chama de uma lamparina. Nessa altura, a mente vincula-se de fato à mente do Senhor Supremo e tem a experiência de ser una com Ele por estar livre do fluxo interativo das qualidades materiais.

SIGNIFICADO—As atividades da mente no mundo material são aceitação e rejeição. Enquanto a mente estiver em consciência material, deve-se forçosamente treiná-la a aceitar a meditação na Suprema Personalidade de Deus, porém, quando alguém se eleva realmente ao ponto de amar o Senhor Supremo, a mente absorve-se automaticamente em pensar no Senhor. Em tal posição, o yogī não pensa em outra coisa senão em servir ao Senhor. Esse vínculo da mente com os desejos da Suprema Personalidade de Deus chama-se nirvāṇa, ou seja, tornar a mente una com o Senhor Supremo.

O melhor exemplo de nirvāṇa é citado na Bhagavad-gītā. A princípio, a mente de Arjuna divergia da mente de Kṛṣṇa. Kṛṣna queria que Arjuna lutasse, mas Arjuna não queria fazê-lo, de modo que houve desacordo. Porém, após ouvir a Bhagavad-gītā falada pela Suprema Personalidade de Deus, Arjuna vinculou sua mente ao desejo de Kṛṣṇa. Chama-se isso de unidade. Entretanto, essa unidade não fez com que Kṛṣṇa e Arjuna perdessem suas individualidades. Os filósofos māyāvādīs não podem entender isto. Eles acham que unidade exige perda de individualidade. Na verdade, entretanto, encontramos na Bhagavad-gītā que individualidade não se perde. A mente que se purifica inteiramente, embebendo-se em amor a Deus, torna-se a mente da Suprema Personalidade de Deus. Nessa altura, a mente não age de forma independente, nem age sem ser inspirada em satisfazer o desejo do Senhor. A alma individual liberada não tem outra atividade. Pratinivṛtta-guṇa-pravāhaḥ. No estado condicionado, a mente sempre se dedica a atividades, impelida pelos três modos da natureza material, porém, na fase transcendental, os modos materiais não podem perturbar a mente do devoto. O devoto não tem outro interesse senão o de satisfazer os desejos do Senhor. É essa a fase de perfeição máxima, chamada nirvāṇa ou nirvāṇa-mukti. Nessa fase, a mente livra-se por completo do desejo material.

Yathārciḥ. Arciḥ significa “chama”. Quando uma lamparina se quebra ou acaba seu combustível, vemos que a chama da lamparina se apaga. Mas, de acordo com a compreensão científica, a chama não se extingue – ela se conserva. Isso é conservação de energia. Analogamente, a mente que para de funcionar na plataforma material conserva-se nas atividades do Senhor Supremo. O conceito que têm os filósofos māyāvādīs de cessação das funções da mente é explicado aqui: cessação das funções mentais significa cessação de atividades conduzidas sob a influência dos três modos da natureza material.

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