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VERSO 16

mad-dhiṣṇya-darśana-sparśa-
pūjā-stuty-abhivandanaiḥ
bhūteṣu mad-bhāvanayā
sattvenāsaṅgamena ca

mat Minha; dhiṇya — estátua; darana — vendo; spara — tocando; pūjā — adorando; stuti — orando a; abhivandanaiḥ — oferecendo reverências; bhūteṣu — em todas as entidades vivas; mat — em Mim; bhāvanayā — com o pensamento; sattvena — pelo modo da bondade; asaṅgamena — com desapego; ca — e.

O devoto deve ver regularmente Minhas estátuas no templo, tocar Meus pés de lótus e oferecer-Me parafernália de adoração e orações. Sua visão deve ser com espírito de renúncia, no modo da bondade, e ele deve ver toda entidade viva como espiritual.

SIGNIFICADO––A adoração no templo é um dos deveres do devoto. É especialmente recomendada para neófitos, mas aqueles que são avançados não devem abster-se de fazer a adoração no templo. Há uma distinção na maneira como o devoto neófito e o devoto avançado apreciam a presença do Senhor no templo. O neófito considera a arcā-vigraha (a estátua do Senhor) diferente da Personalidade de Deus original — ele a considera uma representação do Senhor Supremo sob a forma de uma Deidade. O devoto avançado, porém, aceita a Deidade no templo como a Suprema Personalidade de Deus. Ele não vê diferença alguma entre a forma original do Senhor e a estátua, ou a forma arcā do Senhor, no templo. É esta a visão do devoto cujo serviço devocional está na fase mais elevada de bhāva, ou amor a Deus, ao passo que a adoração do neófito no templo é uma questão de dever rotineiro.

A adoração à Deidade no templo vem a ser uma das funções do devoto. Regularmente, ele vai visitar a Deidade bem decorada, e, com veneração e respeito, toca os pés de lótus do Senhor e faz oferendas de adoração, tais como frutas, flores e orações. Ao mesmo tempo, para avançar em serviço devocional, o devoto deve ver outras entidades vivas como centelhas espirituais, partes integrantes do Senhor Supremo. O devoto deve oferecer respeito a toda entidade viva que tenha uma relação com o Senhor. Como toda entidade viva tem originalmente uma relação com o Senhor como Sua parte integrante, o devoto deve tentar ver todas as entidades vivas no mesmo nível de igualdade de existência espiritual. Como se afirma no Bhagavad-gītā, o paṇḍita, aquele que é erudito, vê com equanimidade um brāhmaṇa erudito, um śūdra, um porco, um cão e uma vaca. Ele não vê o corpo, que não passa de mera roupa externa. Ele não vê a roupagem de um brāhmaṇa, nem a de uma vaca, nem a de um porco. Ele vê a centelha espiritual, parte integrante do Senhor Supremo. O devoto que não vê toda entidade viva como parte integrante do Senhor Supremo é considerado prākṛta-bhakta, devoto materialista. Ele não está inteiramente situado na plataforma espiritual; ao contrário, ele está na fase mais baixa de devoção. No entanto, ele mostra todo o respeito à Deidade.

Embora o devoto veja todas as entidades vivas no nível de existência espiritual, ele não está interessado em associar-se com todo o mundo. Só porque um tigre é parte integrante do Senhor Supremo isto não quer dizer que o abraçamos por causa de sua relação espiritual com o Senhor Supremo. Devemos nos associar somente com pessoas que tenham desenvolvido sua consciência de Kṛṣṇa.

Devemos favorecer e oferecer respeito especial a pessoas que sejam desenvolvidas em consciência de Kṛṣṇa. Outras entidades vivas são, sem dúvida, partes integrantes do Senhor Supremo, mas, como têm a consciência ainda coberta e não desenvolvida em consciência de Kṛṣṇa, devemos renunciar à companhia delas. Vivanātha Cakravartī Ṭhākura diz que, mesmo que alguém seja um Vaiṣṇava, se não tem bom caráter, sua companhia deve ser evitada, embora se lhe possa oferecer respeito devido a um Vaiṣnava. Qualquer pessoa que aceite Viṣṇu como a Suprema Personalidade de Deus é aceita como Vaiṣṇava, mas espera-se do Vaiṣṇava que ele desenvolva todas as boas qualidades dos semideuses.

O exato da palavra sattvena é dado por Śrīdhara Svāmī como sendo sinônimo de dhairyeṇa, ou paciência. O serviço devocional deve ser praticado com muita paciência. Não se deve abandonar a execução de serviço devocional porque uma ou duas tentativas não foram exitosas. É preciso perseverar. Śrī Rūpa Gosvāmī também confirma que devemos ser muito entusiastas e praticar serviço devocional com paciência e confiança. A paciência é necessária para se desenvolver confiança de que “Kṛṣṇa certamente me aceitará porque estou me dedicando ao serviço devocional.” É preciso apenas executar o serviço segundo as regras e regulações para garantir o sucesso.

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