VERSO 8
abhisandhāya yo hiṁsāṁ
dambhaṁ mātsaryam eva vā
saṁrambhī bhinna-dṛg bhāvaṁ
mayi kuryāt sa tāmasaḥ
abhisandhāya — tendo em vista; yaḥ — aquele que; hiṁsām — violência; dambham — orgulho; mātsaryam — inveja; eva — na verdade; vā — ou; saṁrambhī — irado; bhinna — separada; dṛk — cuja visão; bhāvam — serviço devocional; mayi — a Mim; kuryāt — pode fazer; saḥ — ele; tāmasaḥ — no modo da ignorância.
Serviço devocional executado por uma pessoa que é invejosa, orgulhosa, violenta e irada, e que é separatista, é considerado serviço no modo da escuridão.
SIGNIFICADO––No Śrīmad-Bhāgavatam, primeiro canto, segundo capítulo, já se afirmou claramente que a mais elevada e mais gloriosa religião é obter o serviço devocional imotivado e sem causa. No serviço devocional puro, a única motivação deve ser de satisfazer a Suprema Personalidade de Deus. Isso não chega a ser realmente uma motivação – é, antes, a condição pura da entidade viva. Na fase condicionada, quando alguém se ocupa em serviço devocional, deve seguir as instruções do mestre espiritual fidedigno em plena rendição. O mestre espiritual é a representação manifesta do Senhor Supremo porque ele recebe e apresenta as instruções do Senhor, como elas são, através da sucessão discipular. Descreve-se na Bhagavad-gītā que os ensinamentos nela contidos devem ser recebidos através da sucessão discipular, ou haverá adulteração. Agir sob a orientação do mestre espiritual fidedigno, motivado pelo desejo de satisfazer a Suprema Personalidade de Deus, é serviço devocional puro. Mas se alguém é motivado pelo desejo de gozo pessoal dos sentidos, seu serviço devocional se manifesta de forma diferente. Uma pessoa assim pode ser violenta, orgulhosa, invejosa e irada, e seus interesses são separados dos interesses do Senhor.
Aquele que se aproxima do Senhor Supremo para prestar-Lhe serviço devocional, mas que tem orgulho de sua personalidade, tem inveja dos demais ou é vingativo, está no modo da ira. Ele pensa que é o melhor devoto. Serviço devocional executado dessa maneira não é puro – é misturado e é do mais baixo grau, tāmasaḥ. Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura aconselha que evitemos um vaiṣṇava que não tenha bom caráter. Vaiṣṇava é aquele que aceita a Suprema Personalidade de Deus como a meta última da vida, mas quem não é puro e ainda tem motivações não é um vaiṣṇava de primeira ordem e de bom caráter. Pode-se oferecer respeitos a um vaiṣṇava desse tipo, visto que ele aceitou o Senhor Supremo como a meta última da vida, mas não se deve andar na companhia de um vaiṣṇava que está no modo da ignorância.