VERSO 4
jantur vai bhava etasmin
yāṁ yāṁ yonim anuvrajet
tasyāṁ tasyāṁ sa labhate
nirvṛtiṁ na virajyate
jantuḥ — a entidade viva; vai — certamente; bhave — na existência mundana; etasmin — esta; yām yām — qualquer; yonim — espécie; anuvrajet — ela obtenha; tasyām tasyām — nesta; saḥ — ela; labhate — alcança; nirvṛtim — satisfação; na — não; virajyate — é avessa.
A entidade viva, seja qual for a espécie de vida em que apareça, encontra nela uma categoria de satisfação específica, e nunca tem aversão a estar situada em tal condição.
SIGNIFICADO—A satisfação da entidade viva num tipo de corpo em particular, mesmo que seja muito abominável, chama-se ilusão. Pode ser que um homem em posição superior sinta insatisfação com o padrão de vida de um homem de classe inferior, mas o homem de classe inferior fica satisfeito nessa posição por causa do encanto de māyā, a energia externa. Māyā tem duas fases de atividades. Uma chama-se prakṣepātmikā, e a outra, āvaraṇātmikā. Āvaraṇātmikā significa “cobrir”, e prakṣepātmikā, “derrubar”. Em qualquer condição de vida, a pessoa materialista ou o animal estarão satisfeitos porque seu conhecimento é coberto pela influência de māyā. No grau inferior, ou nas espécies inferiores de vida, o desenvolvimento de consciência é tão pobre que a pessoa não pode entender se é feliz ou infeliz. Isso se chama āvaraṇātmikā. Mesmo o porco, que vive comendo excremento, julga-se feliz, embora uma pessoa num modo superior de vida, vendo o porco a comer excremento, ache abominável essa vida!