VERSO 9
gṛheṣu kūṭa-dharmeṣu
duḥkha-tantreṣv atandritaḥ
kurvan duḥkha-pratīkāraṁ
sukhavan manyate gṛhī
gṛheṣu — na vida familiar; kūṭa-dharmeṣu — envolvendo a prática de falsidade; duḥkha-tantreṣu — disseminando sofrimentos; atandritaḥ — atento; kurvan — fazendo; duḥkha-pratīkāram — neutralização de sofrimentos; sukha-vat — como felicidade; manyate — pensa; gṛhī — o chefe de família.
O chefe de família apegado permanece em sua vida familiar, que é cheia de diplomacia e política. Sempre disseminando sofrimentos e controlado por atos de gozo dos sentidos, ele age somente para neutralizar as reações de todos os seus sofrimentos, e, se consegue neutralizar tais sofrimentos com sucesso, ele pensa que é feliz.
SIGNIFICADO—Na Bhagavad-gītā, a própria Personalidade de Deus declara que o mundo material é um lugar impermanente e cheio de sofrimentos. Não há lugar para a felicidade neste mundo material, quer individualmente, quer em termos de família, sociedade ou nação. Se existe algo acontecendo em nome de felicidade, isso também é ilusão. Aqui neste mundo material, felicidade significa neutralização exitosa dos efeitos da aflição. O mundo material é feito de tal forma que, a não ser que nos tornemos ótimos diplomatas, nossa vida será um fracasso. Para não falar da sociedade humana, mesmo a sociedade dos animais inferiores, os pássaros e as abelhas, administra habilmente suas exigências corpóreas de comer, dormir e acasalar-se. A sociedade humana é competitiva nacional ou individualmente, e, na tentativa de ser bem-sucedida, toda a sociedade humana se enche de diplomacia. Devemos sempre lembrar que, apesar de toda a diplomacia e de toda a inteligência na luta pela vida, tudo acabará num segundo pela vontade suprema. Portanto, todas as nossas tentativas de nos tornarmos felizes neste mundo material não passam de mera ilusão oferecida por māyā.