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VERSO 15

yan-māyayoru-guṇa-karma-nibandhane ’smin
sāṁsārike pathi caraṁs tad-abhiśrameṇa
naṣṭa-smṛtiḥ punar ayaṁ pravṛṇīta lokaṁ
yuktyā kayā mahad-anugraham antareṇa

yat — do Senhor; māyayā — por māyā; uru-guṇa — surgindo dos grandes modos; karma — atividades; nibandhane — com laços; asmin — esta; sāṁsārike — de repetidos nascimentos e mortes; pathi — no caminho; caran — errando; tat — dela; abhiśrameṇa — com grandes dores; naṣṭa — perdida; smṛtiḥ — memória; punaḥ — novamente; ayam — esta entidade viva; pravṛṇīta — poderá compreender; lokam — sua verdadeira natureza; yuktyā kayā — por quais meios; mahat-anugraham — a misericórdia do Senhor; antareṇa — sem.

A alma humana continua orando: A entidade viva é posta sob a influência da natureza material e continua sua árdua luta pela vida no caminho de repetidos nascimentos e mortes. Essa vida condicional se deve a seu esquecimento de sua relação com a Suprema Personalidade de Deus. Portanto, sem a misericórdia do Senhor, como ela poderá ocupar-se novamente em transcendental serviço amoroso ao Senhor?

SIGNIFICADO—Os filósofos māyāvādīs dizem que, pelo mero cultivo de conhecimento mediante a especulação mental, podemos libertar-nos da condição do cativeiro material. Mas aqui se diz que nos libertamos, não pelo conhecimento, mas pela misericórdia do Senhor Supremo. O conhecimento que a alma condicionada obtém através da especulação mental, por mais poderoso que seja, é sempre muito imperfeito para aproximá-la da Verdade Absoluta. Afirma-se que, sem a misericórdia da Suprema Personalidade de Deus, ninguém pode entendê-lO ou entender Sua verdadeira forma, qualidades e nomes. Aqueles que não aceitam o serviço devocional continuam especulando por muitos e muitos milhares de anos, mas, de qualquer modo, não conseguem entender a natureza da Verdade Absoluta.

É possível libertar-se para o conhecimento da Verdade Absoluta apenas pela misericórdia da Suprema Personalidade de Deus. Nesta passagem, afirma-se claramente que perdemos nossa memória por estarmos agora cobertos por Sua energia material. Alguém poderá levantar argumentos quanto ao motivo pelo qual somos colocados sob a influência dessa energia material pela vontade suprema do Senhor. Explica-se isso na Bhagavad-gītā, onde o Senhor diz: “Estou sentado no coração de todos, e, devido a Mim, alguém vive, ou em esquecimento, ou em conhecimento.” O esquecimento da alma condicionada também se deve à orientação do Senhor Supremo. A entidade viva abusa de sua pequena independência ao querer assenhorear-se da natureza material. Esse abuso de independência, que se chama māyā, é sempre possível, ou não haveria independência. Independência implica em que se pode usá-la correta ou incorretamente. Não é algo estático, mas sim dinâmico. Portanto, o abuso de independência é a causa de sermos influenciados por māyā.

Māyā é tão forte que o Senhor diz ser muito difícil superar sua influência. Contudo, é possível fazê-lo com muita facilidade “rendendo-se a Mim”. Mām eva ye prapadyante: qualquer pessoa que se renda a Ele poderá superar a influência das rigorosas leis da natureza material. Aqui se afirma claramente que a entidade viva é posta sob a influência de māyā pela vontade dEle, e, se alguém quiser livrar-se desse enredamento, só será possível que isso aconteça por misericórdia dEle.

Explicam-se aqui as atividades das almas condicionadas sob a influência da natureza material. Toda alma condicionada dedica-se a diferentes espécies de trabalho sob a influência da natureza material. Podemos ver, no mundo material, que a alma condicionada age com tanto poder que fica brincando maravilhosamente de criar os supostos avanços da civilização material, visando ao gozo dos sentidos. Mas, na verdade, sua posição seria saber que é serva eterna do Senhor Supremo. Ao atingir realmente a posição de conhecimento perfeito, ela sabe que o Senhor é o supremo objeto adorável, e que a entidade viva é Sua serva eterna. Sem este conhecimento, ela se ocupa em atividades materiais; chama-se isso de ignorância.

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