VERSO 27
etāvān eva yogena
samagreṇeha yoginaḥ
yujyate ’bhimato hy artho
yad asaṅgas tu kṛtsnaśaḥ
etāvān — de tal medida; eva — simplesmente; yogena — pela prática de yoga; samagreṇa — todos; iha — neste mundo; yoginaḥ — do yogī; yujyate — é alcançada; abhimataḥ — desejada; hi — certamente; arthaḥ — propósito; yat — que; asaṅgaḥ — desapego; tu — de fato; kṛtsnaśaḥ — plenamente.
A compreensão máxima, comum a todos os yogīs, é o pleno desapego da matéria, que pode ser alcançado através de diferentes espécies de yoga.
SIGNIFICADO—Há três espécies de yoga, a saber, bhakti-yoga, jñāna-yoga e aṣṭāṅga-yoga. Os devotos, os jñānīs e os yogīs tentam todos escapar do enredamento material. Os jñānīs tentam desvencilhar suas atividades sensórias do envolvimento material. O jñāna-yogī pensa que a matéria é falsa e que o Brahman é verdade; ele tenta, portanto, através do cultivo de conhecimento, afastar os sentidos do gozo material. Os aṣṭāṅga-yogīs também tentam controlar os sentidos. Os devotos, entretanto, procuram ocupar os sentidos a serviço do Senhor. Portanto, parece que as atividades dos bhaktas, devotos, são melhores que as dos jñānīs e yogīs. Os yogīs místicos simplesmente tentam controlar os sentidos praticando as oito divisões do yoga – yama, niyama, āsana, prāṇāyāma, pratyāhāra etc. –, ao passo que os jñānīs tentam, através de raciocínio mental, entender que o gozo dos sentidos é falso. Contudo, o processo mais fácil e mais direto é o de ocupar os sentidos a serviço do Senhor.
O propósito de todo yoga é desvencilhar nossas atividades sensoriais deste mundo material. As metas finais, entretanto, são diferentes. Os jñānīs querem tornar-se unos com a refulgência Brahman, os yogīs querem compreender Paramātmā, e os devotos querem desenvolver a consciência de Kṛṣṇa e o transcendental serviço amoroso ao Senhor. Esse serviço amoroso é a fase perfeita de controle dos sentidos. Os sentidos são realmente sintomas ativos de vida, não sendo possível pará-los. Só é possível desvencilhá-los dando-lhes uma ocupação superior. Como se confirma na Bhagavad-gītā, paraṁ dṛṣṭvā nivartate: as atividades dos sentidos podem ser contidas caso recebam ocupações superiores. A ocupação suprema é a ocupação dos sentidos a serviço do Senhor. Esse é o propósito de todo o yoga.