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VERSO 20

sa evam ārādhita-pāda-tīrthād
adhīta-tattvātma-vibodha-mārgaḥ
praṇamya pādau parivṛtya devam
ihāgato ’haṁ virahāturātmā

saḥ — de modo que eu; evam — assim; ārādhita — adorado; pāda-tīrthāt — com a Personalidade de Deus; adhīta — estudei; tattva-ātma — conhecimento do eu; vibodha — entendimento; mārgaḥ — caminho; praṇamya — após saudar; pādau — a Seus pés de lótus; parivṛtya — após circum-ambular; devam — o Senhor; iha — a este lugar; āgataḥ — cheguei; aham — Eu; viraha — separação; ātura-ātmā — aflito no íntimo.

Eu estudei o caminho do entendimento do conhecimento do eu com meu mestre espiritual, a Personalidade de Deus, e assim, após O circum-ambular, vim a este lugar, muitíssimo aflito devido à separação.

SIGNIFICADO—A própria vida de Śrī Uddhava é o símbolo direto do catuḥ-ślokī do Bhāgavatam, enunciados inicialmente a Brahmājī pela Personalidade de Deus. Esses quatro versos muito grandiosos e importantes do Śrīmad-Bhāgavatam são tomados pelos especuladores māyāvādīs em sentido diferente, adequados à sua visão impessoal de monismo. Aqui está a resposta apropriada a tais especuladores não autorizados. Os versos do Śrīmad-Bhāgavatam constituem a ciência puramente teísta, que pode ser compreendida pelos estudantes pós-graduados da Bhagavad-gītā. Os especuladores áridos e não autorizados ofendem os pés de lótus do Senhor Śrī Kṛṣṇa porque distorcem os significados da Bhagavad-gītā e do Śrīmad-Bhāgavatam a fim de desencaminhar o público e abrir um caminho direto para o inferno conhecido como Andha-tāmisra. Como se confirma na Bhagavad-gītā (16.20), esses especuladores invejosos não têm conhecimento e são certamente condenados, vida após vida. Eles se refugiam desnecessariamente em Śrīpāda Śaṅkarācārya, o qual não foi tão drástico a ponto de cometer uma ofensa aos pés de lótus do Senhor Kṛṣṇa. Segundo o Senhor Śrī Caitanya Mahāprabhu, Śrīpāda Śaṅkarācārya pregou a filosofia māyāvāda para um propósito em particular. Essa filosofia foi necessária para derrotar a filosofia budista da não-existência da alma espiritual, mas não estava destinada de forma alguma à aceitação perpétua. Foi um caso de emergência. Assim, o Senhor Kṛṣṇa foi aceito por Śaṅkarācārya como a Suprema Personalidade de Deus em seu comentário sobre a Bhagavad-gītā. Por ser um grande devoto do Senhor Kṛṣṇa, ele não ousou escrever nenhum comentário sobre o Śrīmad-Bhāgavatam, porque isso teria sido uma ofensa direta aos pés de lótus do Senhor. Porém, especuladores posteriores, em nome da filosofia māyāvāda, comentam desnecessariamente sobre o catuḥ-ślokī do Bhāgavatam sem nenhuma intenção aceitável.

Os áridos especuladores monistas nada têm a ver com o Śrīmad-Bhāgavatam porque esta literatura védica em particular é proibida para eles pelo próprio autor. Śrīla Vyāsadeva proibiu definitivamente às pessoas ocupadas em religiosidade, desenvolvimento econômico, gozo dos sentidos e, finalmente, salvação, de tentarem entender o Śrīmad-Bhāgavatam, que não se destina a elas. (Śrīmad-Bhāgavatam 1.1.2) Śrīpāda Śrīdhara Svāmī, o grande comentador do Śrīmad-Bhāgavatam, proibiu categoricamente os salvacionistas ou monistas de lidarem com o Śrīmad-Bhāgavatam. O Bhāgavatam não é para eles. Não obstante, essas pessoas não autorizadas tentam perversamente entender o Śrīmad-Bhāgavatam e, deste modo, cometem ofensas aos pés do Senhor, o que nem Śrīpāda Śaṅkarācārya ousou fazer. Assim, eles se predispõem a continuar levando uma vida de sofrimentos. Observe-se nesta passagem em particular que Uddhava estudou o catuḥ-slokī do Bhāgavatam diretamente com o Senhor, que os falara inicialmente a Brahmājī, e, desta vez, o Senhor explicou mais confidencialmente o conhecimento do eu, mencionado como o paramāṁ sthitim. Ao aprender esse amoroso conhecimento do eu, Uddhava sentiu-se muitíssimo atormentado por sentimentos de separação do Senhor. A menos que o indivíduo seja desperto para o estágio de Uddhava – eternamente sentindo a separação do Senhor com amor transcendental, sentimento que também foi manifesto pelo Senhor Caitanya –, não pode entender o verdadeiro significado dos quatro versos essenciais do Śrīmad-Bhāgavatam. Não devemos nos entregar ao ato não autorizado de distorcer o significado, colocando-nos, desse modo, no perigoso caminho da ofensa.

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