VERSO 47
tathāpare cātma-samādhi-yoga-
balena jitvā prakṛtiṁ baliṣṭhām
tvām eva dhīrāḥ puruṣaṁ viśanti
teṣāṁ śramaḥ syān na tu sevayā te
tathā — quanto a; apare — outros; ca — também; ātma-samādhi — autorrealização transcendental; yoga — meio; balena — em virtude de; jitvā — conquistando; prakṛtim — natureza adquirida ou modos da natureza; baliṣṭhām — muito poderoso; tvām — Vós; eva — apenas; dhīrāḥ — pacífica; puruṣam — pessoa; viśanti — entra em; teṣām — para eles; śramaḥ — muito esforço; syāt — tem de ser aceito; na — nunca; tu — mas; sevayā — servindo; te — Vosso.
Os outros, que se tranquilizam por meio da autorrealização transcendental e subjugam os modos da natureza em virtude de um poder e conhecimento sólidos, também entram em Vós, mas, para eles, é muito doloroso, ao passo que ο devoto simplesmente executa serviço devocional e, deste modo, não sente nenhuma dor.
SIGNIFICADO—Devido a sua amorosa dedicação e suas compensações, os bhaktas, ou devotos do Senhor, sempre têm prioridade relativamente às pessoas que são afeitas à companhia dos jñānīs, ou impersonalistas, e dos yogīs, ou místicos. A palavra apare (outros) é muito significativa a este respeito. “Outros” refere-se aos jñānīs e yogīs, cuja única esperança é fundir-se na existência do brahmajyoti impessoal. Embora seu destino não seja tão importante se comparado ao destino dos devotos, o esforço dos não-devotos é muito maior do que ο dos bhaktas. Alguém poderia sugerir que os devotos também fazem bastante esforço no que diz respeito ao cumprimento do serviço devocional. Porém, esse esforço é compensado pelo aumento do prazer transcendental. Os devotos obtêm mais prazer transcendental à medida que vão se ocupando no serviço ao Senhor do que quando não estão assim ocupados. No trato familiar de um homem com uma mulher, ambos têm de fazer muito esforço e aceitar muita responsabilidade; apesar disso, quando estão separados, eles sentem mais dificuldade por falta de suas atividades em comum.
A união dos impersonalistas e a união dos devotos não estão no mesmo nível. Os impersonalistas tentam abolir completamente a sua individualidade alcançando sāyujya-mukti, ou a unificação através do fundir-se na unidade, ao passo que os devotos mantêm sua individualidade para intercambiar sentimentos na relação com ο Senhor, que é supremo e individual. Essa reciprocidade de sentimentos acontece nos transcendentais planetas Vaikuṇṭha, e, devido a isso, a liberação almejada pelos impersonalistas já é alcançada no serviço devocional. Os devotos alcançam mukti automaticamente, enquanto ο prazer transcendental da individualidade mantida continua. Como foi explicado no verso anterior, ο destino dos devotos é Vaikuṇṭha, ou akuṇṭha-dhiṣṇya, ο local onde as ansiedades são completamente erradicadas. Não se deve confundir ο destino dos devotos com ο dos impersonalistas. Os destinos são claramente diferentes, e ο prazer transcendental obtido pelo devoto também é distinto do cin-mātra, ou sentimentos espirituais não intercambiados.