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VERSO 12

nātiprasīdati tathopacitopacārair
ārādhitaḥ sura-gaṇair hṛdi baddha-kāmaiḥ
yat sarva-bhūta-dayayāsad-alabhyayaiko
nānā-janeṣv avahitaḥ suhṛd antar-ātmā

na — nunca; ati — muito; prasīdati — ficais satisfeito; tathā — tanto quanto; upacita — por arranjos pomposos; upacāraiḥ — com muita parafernália de adoração; ārādhitaḥ — sendo adorado; sura-gaṇaiḥ — pelos semideuses celestiais; hṛdi baddha-kāmaiḥ — com os corações cheios de todo tipo de desejos materiais; yat — aquilo que; sarva todas; bhūta — entidades vivas; dayayā — para mostrar-lhes misericórdia sem causa; asat — não-devoto; alabhyayā — não sendo atingido; ekaḥ — único e inigualável; nānā — várias; janeṣu — nas entidades vivas; avahitaḥ — percebido; suhṛt — amigo benquerente; antaḥ — dentro; ātmā — Superalma.

Meu Senhor, não ficais muito satisfeito com a adoração dos semideuses, que fazem arranjos muito pomposos para Vossa adoração, com parafernália variada, mas que são cheios de ânsias materiais: Vós estais situado no coração de todos como a Superalma só para mostrar-lhes Vossa misericórdia sem causa, e sois o benquerente eterno, mas sois inacessível ao não-devoto.

SIGNIFICADO—Os semideuses nos paradisíacos planetas celestiais, que são nomeados como administradores dos assuntos universais, também são devotos do Senhor. Ao mesmo tempo, porém, eles têm desejos de opulência material e gozo dos sentidos. O Senhor é tão bondoso que lhes concede todos os tipos de felicidade material, mais até do que eles possam desejar, mas Ele não fica satisfeito com eles por eles não serem devotos puros. O Senhor não quer que nenhum de Seus inumeráveis filhos (as entidades vivas) permaneça no mundo material de três tipos de sofrimentos para sofrer perpetuamente as dores materiais de nascimento, morte, velhice e doença. Os semideuses nos planetas celestiais, e muitos devotos neste planeta também, querem permanecer no mundo material como devotos do Senhor e tirar proveito da felicidade material. Eles fazem isso correndo o risco de cair no status inferior de existência, e isso deixa o Senhor descontente com eles.

Os devotos puros não desejam nenhum gozo material, nem são avessos a ele. Eles ajustam seus desejos completamente aos desejos do Senhor e não fazem nada de forma independente. Arjuna é um bom exemplo disso. Por seu próprio sentimentalismo, devido à afeição familiar, Arjuna não queria lutar, mas, finalmente, após ouvir o Śrīmad Bhagavad-gītā, concordou em lutar defendendo os interesses do Senhor. Portanto, o Senhor fica muito satisfeito com os devotos puros porque eles não agem para obter gozo dos sentidos, mas somente em termos do desejo do Senhor. Como Paramātmā, ou Superalma, Ele está situado no coração de todos, sempre dando a todos a oportunidade do bom conselho. Assim, todos devem aproveitar a oportunidade e prestar-Lhe transcendental serviço amoroso, única e exclusivamente.

Os não-devotos, entretanto, não são nem como os semideuses, nem como os devotos puros, senão que são avessos ao relacionamento transcendental com o Senhor. Eles andam revoltados contra o Senhor e têm que se submeter perpetuamente às reações de suas próprias atividades.

A Bhagavad-gītā (4.11) declara: ye yathā māṁ prapadyante tāṁs tathaiva bhajāmy aham. “Embora o Senhor seja igualmente bondoso com todos os seres vivos, os seres vivos, por sua parte, são capazes de satisfazer ao Senhor, em maior ou menor nível.” Os semideuses são chamados devotos sakāma, ou devotos com desejos materiais em mente, ao passo que os devotos puros são chamados devotos niṣkāma, pois não têm desejos de satisfazer seus interesses pessoais. Os devotos sakāma têm interesses pessoais porque não pensam nos outros, em virtude do que não são capazes de satisfazer o Senhor perfeitamente, ao passo que os devotos puros aceitam a responsabilidade missionária de converter não-devotos em devotos, sendo, portanto, capazes de satisfazer o Senhor mais do que os semideuses. O Senhor não faz caso dos não-devotos, embora esteja situado no coração de todos como o benquerente e a Superalma. Contudo, Ele também lhes dá a oportunidade de receber Sua misericórdia através de Seus devotos puros que estão ocupados em atividades missionárias. Às vezes, o próprio Senhor desce para executar atividades missionárias, como o fez sob a forma do Senhor Caitanya, mas, na maioria das vezes, Ele envia Seus representantes fidedignos e, deste modo, mostra Sua misericórdia sem causa para com os não-devotos. O Senhor fica tão satisfeito com Seus devotos puros que quer lhes dar o mérito do sucesso missionário, embora Ele pudesse muito bem fazer o trabalho pessoalmente. Este é o sintoma de Sua satisfação com Seus devotos niṣkāma puros, comparados aos devotos sakāma. Através de tais atividades transcendentais, o Senhor simultaneamente torna-Se isento da acusação de que é parcial e mostra Sua satisfação com os devotos.

Agora levanta-se uma dúvida: se o Senhor está situado no coração dos não-devotos, por que não são impelidos a se tornarem devotos? Pode-se responder que os obstinados não-devotos são como a terra estéril ou o campo alcalino, onde nenhuma atividade agrícola pode ser bem-sucedida. Como partes integrantes do Senhor, todas as entidades vivas individuais têm uma quantidade diminuta de independência, e, por abuso dessa independência diminuta, os não-devotos cometem ofensa após ofensa, tanto ao Senhor quanto a Seus devotos puros ocupados na obra missionária. Como resultado de tais atos, eles se tornam estéreis como um campo alcalino, onde não há força produtiva.

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