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VERSO 35

pradhāna-kālāśaya-dharma-saṅgrahe
śarīra eṣa pratipadya cetanām
kriyā-phalatvena vibhur vibhāvyate
yathānalo dāruṣu tad-guṇātmakaḥ

pradhāna — natureza material; kāla — tempo; āśaya — desejo; dharma — deveres ocupacionais; saṅgrahe — conjunto; śarīre — corpo; eṣaḥ — este; pratipadya — aceitando; cetanām — consciência; kriyā — atividades; phalatvena — pelo resultado de; vibhuḥ — a Suprema Personalidade de Deus; vibhāvyate — manifesta; yathā — tanto quan­to; analaḥ — fogo; dāruṣu — na lenha; tat-guṇa-ātmakaḥ — de acordo com a forma e a qualidade.

A Suprema Personalidade de Deus é onipenetrante, mas Ele também Se manifesta em diferentes classes de corpos que surgem de combinações da natureza material, do tempo, de desejos e de deveres ocupacionais. Assim, diferentes classes de consciência se desenvolvem, assim como o fogo, que é basicamente o mesmo a todo momento, queima de diferentes maneiras de acordo com a forma e dimensão da lenha.

SIGNIFICADO—Como o Paramātmā, a Suprema Personalidade de Deus vive constantemente com a alma individual. A percepção da alma individual varia de acordo com seu corpo material, o qual ela obtém em vir­tude da prakṛti, ou natureza material. Os ingredientes materiais são ativados pela força do tempo, e assim manifestam-se os três modos materiais da natureza. Dependendo de como se associa com os três modos da natureza, a entidade viva desenvolve uma espécie de corpo em particular. Na vida animal, o modo material da ignorân­cia é tão proeminente que há pouquíssima possibilidade de perceber o Paramātmā, que também está presente dentro do coração do animal, mas, sob a forma humana de vida, devido à consciência desenvolvida (cetanām), a entidade viva pode transferir-se da igno­rância e da paixão à bondade através dos resultados de suas ativi­dades (kriyā phalatvena). Portanto, aconselha-se ao ser humano que se associe com personalidades espiritualmente avançadas. Os Vedas (Muṇḍaka Upaniṣad 1.2.12) orientam-nos no sentido de tad­vijñānārthaṁ sa gurum evābhigacchet: a fim de alcançar a perfeição da vida, ou entender a verdadeira posição constitucional da enti­dade viva, é preciso aproximar-se de um mestre espiritual. Gurum evābhigacchet – não é algo opcional, mas sim compulsório. É imprescindível aproximar-se do mestre espiritual, pois, em contato com ele, desenvolve-se proporcionalmente a consciência, voltando-a para a Suprema Personalidade de Deus. A perfeição máxima de tal consciência se chama consciência de Kṛṣṇa. Nossa consciência apresenta-se conforme o corpo dado pela prakṛti (natureza). Nossas atividades se realizam de acordo com o desenvolvimento dessa cons­ciência, e, segundo a pureza de tais atividades, percebemos a Suprema Personalidade de Deus, que está presente no coração de todos. O exemplo dado nesta passagem é muito elucidativo. O fogo é sempre o mesmo, mas, dependendo do tamanho do combustível ou da lenha, o fogo parece ser reto, curvo, pequeno, grande etc.

A compreen­são de Deus se faz presente de acordo com o desenvolvimento da consciência. Na forma humana de vida, portanto, somos recomendados a submeter-nos às diversas espécies de peni­tências e austeridades descritas na Bhagavad-gītā (karma-yoga, jñāna-­yoga, dhyāna-yoga e bhakti-yoga). Como uma escada, o yoga tem diferentes degraus antes de chegar ao andar mais elevado, e, con­forme nossa posição na escada, considera-se que estamos situados em karma-yoga, jñāna-yoga, dhyāna-yoga ou bhakti-yoga. Evidentemente, bhakti-yoga é o degrau máximo na escada da compreen­são da Suprema Personalidade de Deus. Em outras palavras, segundo o desenvolvimento de nossa consciência, percebemos nossa identidade espiritual, e assim, ao purificarmos plenamente nossa condição existencial, situamo-nos em brahmānanda, que é, em última análise, ilimitada. Portanto, o movimento de saṅkīrtana ou­torgado pela Suprema Personalidade de Deus sob a forma do Senhor Caitanya é o processo direto e mais fácil de atingir a forma mais pura de consciência – consciência de Kṛṣṇa, a plataforma na qual se compreende plenamente a Personalidade Suprema. Instru­ções para a realização de diferentes classes de yajñas são providencia­das especificamente para que se possa alcançar a compreensão máxima do Senhor Supremo, como o próprio Senhor confirma na Bhagavad-gītā (4.11): ye yathā māṁ prapadyante tāṁs tathaiva bhajāmy aham. Compreendemos a Suprema Personalidade de Deus à proporção que nos rendemos a Ele. A rendição plena, con­tudo, ocorre para quem está perfeitamente situado em conheci­mento: bahūnāṁ janmanām ante jñānavān māṁ prapadyate. (Bhagavad-gītā 7.19)

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