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VERSO 11

vyālālaya-drumā vai teṣv
ariktākhila-sampadaḥ
yad-gṛhās tīrtha-pādīya-
pādatīrtha-vivarjitāḥ

vyāla — serpentes venenosas; ālaya — lar; drumāḥ — árvore; vai — decerto; teṣu — nessas casas; arikta — abundantemente; akhila­ — todas; sampadaḥ — opulências; yat — isto; gṛhāḥ — casas; tīrtha­-pādīya — em relação aos pés de grandes pessoas santas; pāda-tīrtha­ — a água que lavou seus pés; vivarjitāḥ — sem.

Por outro lado, muito embora repleto de toda opulência e prosperidade material, qualquer lar de um chefe de família onde os devotos do Senhor nunca têm permissão de entrar, e onde não haja água para lavar seus pés, deve ser considerado uma árvore na qual vivem todas as serpentes venenosas.

SIGNIFICADO—Neste verso, a palavra tīrtha-pādīya indica os devotos do Senhor Viṣṇu, ou vaiṣṇavas. Quanto aos brāhmaṇas, o verso anterior já descreveu a forma adequada de recebê-los. Agora, neste verso, enfatiza-se especialmente os vaiṣṇavas. De um modo geral, os sannyāsīs, ou aqueles que estão na ordem de vida renunciada, dão-se ao trabalho de iluminar os chefes de família. Existem ekadaṇḍī-sannyāsīs e tri­daṇḍī-sannyāsīs. De um modo geral, os ekadaṇḍī-sannyāsīs são seguidores de Śaṅkarācārya, sendo conhecidos como sannyāsīs māyāvādīs, ao passo que os tridaṇḍī-sannyāsīs são seguidores dos ācāryas vaiṣṇavas – Rāmānujācārya, Madhvācārya e assim por diante – e se dão ao trabalho de iluminar os chefes de família. Os ekadaḍī-sannyāsīs podem situar-se na plataforma do Brahman puro por terem noção de que a alma espiritual é diferente do corpo, mas eles são basicamente impersonalistas. Os vaiṣṇavas sabem que a Verdade Absoluta é a Pessoa Suprema e que a refulgência de Brahman baseia-se na Suprema Personalidade de Deus, como con­firma a Bhagavad-gītā (14.27): brahmaṇo hi pratiṣṭhāham. A con­clusão é que tīrtha-pādīya se refere aos vaiṣṇavas. No Bhāgavatam (1.13.10), também há outra referência: tīrthī-kurvanti tīrthāni. O vaiṣṇava imediatamente transforma qualquer lugar para onde vá em tīrtha, um local de peregrinação. Os sannyāsīs vaiṣṇavas viajam por todo o mundo para transformar todos os lugares em locais de peregrinação mediante o contato de seus pés de lótus. Menciona-se aqui como qualquer lar que não receba um vaiṣṇava da maneira já explicada no verso anterior deve ser considerado como uma morada de serpentes venenosas. Afirma-se que, em volta da árvore de sândalo, que é uma árvore muito preciosa, há sempre uma serpente venenosa. O sândalo é muito frio, e as serpentes venenosas, devido a suas presas peçonhentas, são sempre muito quentes, e refugiam-se nas árvores de sândalo para se refrescarem. Do mesmo modo, existem muitos homens ricos que mantêm cães de guarda ou porteiros e colocam avisos que dizem: “Não entre”, “Entrada proibida”, “Cuidado com o cão” etc. Às vezes, nos países ocidentais, o invasor é baleado, e não há crime nisso. Essa é a posição dos chefes de família demonía­cos, e seus lares são considerados moradas de serpentes venenosas. Os membros de semelhantes famílias não passam de serpentes porque as serpentes são muito invejosas, e, quando essa inveja se dirige às pessoas santas, a posição deles se torna mais perigosa. Cānakya Paṇḍita diz que existem duas entidades vivas invejosas – a serpente e o homem invejoso. O homem invejoso é mais perigoso do que a serpente porque a serpente pode ser subjugada por mantras de encantamento ou por certas ervas, mas uma pessoa invejosa não pode ser apaziguada de maneira alguma.

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