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VERSO 50

karmāṇi ca yathā-kālaṁ
yathā-deśaṁ yathā-balam
yathocitaṁ yathā-vittam
akarod brahma-sāt-kṛtam

karmāṇi — atividades; ca — também; yathā-kālam — de acordo com o momento e as circunstâncias; yathā-deśam — de acordo com o local e a situação; yathā-balam — de acordo com sua própria força; yathā-­ucitam — na medida do possível; yathā-vittam — na medida em que se possa gastar dinheiro a este respeito; akarot — realizava; brahma-­sāt — na Verdade Absoluta; kṛtam — fazia.

Por estar sempre satisfeito, Mahārāja Pṛthu cumpria seus deveres da maneira mais perfeita possível, de acordo com o momento e com sua situação, força e posição financeira. Seu único objetivo em todas as suas atividades era satisfazer a Verdade Absoluta. Dessa maneira, ele agia devidamente.

SIGNIFICADO—Mahārāja Pṛthu era um monarca responsável, e tinha que cumprir os deveres de kṣatriya, de rei e de devoto ao mesmo tempo. Sendo perfeito no serviço devocional ao Senhor, ele podia cumprir seus deveres prescritos com perfeição plena, de acordo com o momento e as circunstâncias e com sua capacidade financeira e habilidade pessoal. A esse respeito, a palavra karmāṇi neste verso é significativa. As atividades de Pṛthu Mahārāja não eram comuns, pois estavam relacionadas com a Suprema Personalidade de Deus. Śrīla Rūpa Gosvāmī adverte que os elementos favoráveis ao serviço devocional não devem ser rejeitados, tampouco as atividades favorá­veis ao serviço devocional devem ser consideradas trabalho comum ou atividades fruitivas. Por exemplo, um trabalhador comum conduz seus negócios a fim de ganhar dinheiro para seu gozo dos sentidos. Pode ser que um devoto realize o mesmo trabalho exatamente da mesma maneira, mas seu objetivo é satisfazer o Senhor Supremo. Consequentemente, suas atividades não são comuns.

Portanto, as atividades de Pṛthu Mahārāja não eram comuns, mas sim espirituais e transcendentais, pois sua meta era satisfazer o Senhor. Assim como Arjuna, que era guerreiro, teve que lutar para satisfazer Kṛṣṇa, Pṛthu Mahārāja cumpria seus deveres reais para a satisfação de Kṛṣṇa. De fato, tudo o que ele fez como imperador do mundo inteiro era perfeitamente digno de um devoto puro. Portanto, um poeta vaiṣṇava diz que vaiṣṇavera kriyā-mudrā vijñe nā bujhāya: ninguém pode entender as atividades de um devoto puro. As atividades do devoto puro podem parecer atividades comuns, mas, por trás delas, existe um profundo significado – a satisfação do Senhor. A fim de entender as atividades de um vaiṣṇava, é pre­ciso tornar-se muito perito. Mahārāja Pṛthu não se permitia agir fora da instituição de quatro varṇas e quatro āśramas, embora, como vaiṣṇava, ele fosse um paramahaṁsa, transcendental a todas as atividades materiais. Ele permanecia em sua posição de kṣatriya para governar o mundo e, ao mesmo tempo, mantinha-se transcen­dental a essas atividades, satisfazendo a Suprema Personalidade de Deus. Dissimulando sua condição de devoto puro, externamente ele se manifestava como um rei muito poderoso e atento aos seus deveres. Em outras palavras, nenhuma de suas atividades era executada para seu próprio gozo dos sentidos: tudo o que ele fazia destinava-se à satis­fação dos sentidos do Senhor. Explica-se isso claramente no verso seguinte.

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