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VERSO 11

sāmudrīṁ devadevoktām
upayeme śatadrutim
yāṁ vīkṣya cāru-sarvāṅgīṁ
kiśorīṁ suṣṭhv-alaṅkṛtām
parikramantīm udvāhe
cakame ’gniḥ śukīm iva

sāmudrīm — com a filha do oceano; deva-deva-uktām — sendo aconselhado pelo semideus supremo, o senhor Brahmā; upayeme — casou-se; śatadrutim — chamada Śatadruti; yām — a quem; vīkṣya — vendo; cāru — muito atrativas; sarva-aṅgīm — todas as características do corpo; kiśorīm — jovem; suṣṭhu — suficientemente; alaṅkṛtām­ — enfeitada com vários adornos; parikramantīm — circundando; udvāhe — na cerimônia de matrimônio; cakame — se atraindo; agniḥ — o deus do fogo; śukīm — com Śukī; iva — como.

Mahārāja Barhiṣat – doravante conhecido como Prācīnabarhi – recebeu ordem do semideus supremo, o senhor Brahmā, de se casar com a filha do oceano chamada Śatadruti. Ela tinha características corpóreas muito belas e era muito jovem. Estava enfeitada com roupas adequadas e, ao chegar à arena matrimonial e começar a circundá-la, o deus do fogo, Agni, sentiu-se tão atraído por ela que desejou sua companhia, exatamente como antes desejara desfrutar com Śukī.

SIGNIFICADO––Neste verso, a palavra suṣṭhv-alaṅkṛtām é significativa. Segundo o sistema védico, quando uma mocinha se casa, ela é profusa e exuberantemente vestida com sáris caros e adornada de joias precio­sas, e, durante a cerimônia de matrimônio, a noiva circunda o noivo sete vezes. Depois disso, o noivo e a noiva olham um para o outro e se sentem atraídos para o resto da vida. Se o noivo acha a noiva muito bela, a atração entre eles se fixa muito fortemente. Como se afirma no Śrīmad-Bhāgavatam, homem e mulher naturalmente se sentem atraídos um pelo outro, e, ao se unirem pelo casamento, essa atração se torna muito forte. Estando tão fortemente atraído, o noivo procura estabelecer uma bela residência e, posteriormente, um bom campo para produção de cereais. Então, vêm os filhos, depois os amigos e em seguida a riqueza. Dessa maneira, o homem fica cada vez mais enredado nos conceitos de vida material, e começa a pensar: “Isso é meu” e “sou eu que estou agindo”. Dessa maneira, perpetua-se a ilusão da existência material.

As palavras śukīm iva também são significativas, pois Agni, o deus de fogo, ficou atraído pela beleza de Śatadruti enquanto esta circundava Prācīnabarhi, o noivo, assim como anteriormente se sentira atraído pela beleza de Śuki, a esposa de Saptarṣi. Quando o deus do fogo estivera presente há muito tempo na assembleia de Saptarṣi, ele se sentiu atraído pela beleza de Śuki ao vê-la circundando da mesma maneira. A esposa de Agni, chamada Svāhā, assumiu a forma de Śuki e gozou de vida sexual com Agni. Não somente o deus do fogo, Agni, mas também o deus celestial Indra e, às vezes, até mesmo o senhor Brahmā e o senhor Śiva – todos eles semideuses altamente situados – estão sujeitos a sentirem-se atraídos pelo sexo a qualquer momento. O impulso sexual é tão forte nas entidades vivas que todo o mundo material funciona apenas com base na atração sexual, e é devido à atração sexual que alguém perma­nece no mundo material, sendo obrigado a aceitar diferentes classes de corpos. A atração da vida sexual será mais claramente explicada no verso seguinte.

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