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VERSO 33

śrī-rudra uvāca
jitaṁ ta ātma-vid-varya-
svastaye svastir astu me
bhavatārādhasā rāddhaṁ
sarvasmā ātmane namaḥ

śrī-rudraḥ uvāca — o senhor Śiva se colocou a falar; jitam — todas as glórias; te — a Vós; ātma-vit — autorrealizados; varya — o melhor; svastaye — ao auspicioso; svastiḥ — auspiciosidade; astu — que haja; me — de mim; bhavatā — por Vós; ārādhasā — pelo sumamente per­feito; rāddham — adorável; sarvasmai — a Alma Suprema; ātmane — à Alma Suprema; namaḥ — reverências.

O senhor Śiva se dirigiu à Suprema Personalidade de Deus com a seguinte oração: Ó Suprema Personalidade de Deus, todas as glórias a Vós. Sois a mais elevada de todos os espíritos autorrealizados. Uma vez que sois sempre auspicioso para os autorrealizados, desejo que sejais auspicioso para mim. Sois adorável em virtude das instruções sumamente perfeitas que transmitis. Porque sois a Superalma, presto minhas reverências a Vós como o ser vivo supremo.

SIGNIFICADO––Logo que um devoto é inspirado pelo Senhor a oferecer-Lhe orações, o devoto imediatamente glorifica o Senhor, dizendo no início: “Todas as glórias a Vós, meu Senhor.” O Senhor é glorifi­cado por ser considerado a principal de todas as almas autorrealizadas. Como se diz nos Vedas (Kaṭha Upaniṣad 2.2.13), nityo nityānāṁ cetanaś cetanānām: o Ser Supremo, a Personalidade de Deus, é o principal ser vivo entre todos os seres vivos. Existem diferentes espécies de seres vivos individuais – alguns deles estão neste mundo material, e outros, no mundo espiritual. Os que estão no mundo espiritual são conhecidos como perfeitamente autorrealizados porque, na plataforma espiritual, a entidade viva não se esquece de seu serviço ao Senhor. Portanto, no mundo espiritual, todos aqueles que prestam serviço devocional ao Senhor são eternamente fixos, visto que entendem a posição do Ser Supremo, bem como sua constituição individual. Assim, entre as almas autorrealizadas, o Senhor é conhecido como o espírito perfeitamente autorrealizado. Nityo nityānāṁ cetanaś cetanānāṁ. Quando a alma individual se fixa em seu conhecimento de que o Senhor é o Ser Supremo, ela realmente se estabelece em uma posição sumamente auspi­ciosa. Nesta passagem, o senhor Śiva ora pedindo que sua posição auspi­ciosa continue eternamente em virtude da misericórdia do Senhor para com ele.

O Senhor Supremo é absolutamente perfeito, e o Senhor ensina que quem O adora também se torna perfeito. Como se afirma na Bhagavad-gītā (15.15): mattaḥ smṛtir jñānam apohanaṁ ca. O Senhor encontra-Se como a Superalma no coração de todos, mas Ele é tão bondoso para com Seus devotos que lhes confere instruções pelas quais eles possam continuar a progredir. Quando eles recebem instruções do todo-perfeito, não há possibilidade de se desorientarem. Isso tam­bém confirma a Bhagavad-gītā (10.10): dadāmi buddhi-yogaṁ taṁ yena mām upayānti te. O Senhor está sempre pronto a dar instru­ções ao devoto puro para que o devoto possa avançar cada vez mais em serviço devocional. Uma vez que o Senhor proporciona instruções como sarvātmā, a Superalma, o senhor Śiva oferece-Lhe respeitos com as palavras sarvasmā ātmane namaḥ. A alma individual chama-se ātmā, e o Senhor também Se chama ātmā, bem como Paramātmā. Estando situado no coração de todos, o Senhor é conhecido como o ātmā supremo. Portanto, merece que todas as reverências sejam oferecidas a Ele. Em relação a isso, podem-se consultar as orações de Kuntī no primeiro canto do Śrīmad-Bhāgavatam (1.8.20):

tathā paramahaṁsānāṁ
munīnām amalātmanām
bhakti-yoga-vidhānārthaṁ
kathaṁ paśyema hi striyaḥ

O Senhor está sempre pronto a dar instruções aos paramahaṁsas, ou seja, aos devotos mais elevados do Senhor, que são inteiramente liberados de todas as contaminações do mundo material. O Senhor sempre confere instruções a esses devotos elevados a fim de lhes informar como podem permanecer fixos em serviço devocional. Da mesma forma, afirma-se no verso ātmārāma (Bhāg. 1.7.10):

ātmārāmāś ca munayo
nirgranthā apy urukrame
kurvanty ahaitukīṁ bhaktim
ittham-bhūta-guṇo hariḥ

A palavra ātmārāma refere-se àqueles que não estão interessados no mundo material, mas que simplesmente se ocupam em reali­zação espiritual. Essas pessoas autorrealizadas são geralmente enquadradas em duas categorias – pessoal e impessoal. Entretanto, os impersonalistas também se tornam devotos ao se sentirem atraí­dos pelas qualidades pessoais e transcendentais do Senhor. A con­clusão é que o senhor Śiva queria permanecer um devoto fixo da Suprema Personalidade de Deus, Vāsudeva. Como será explicado nos versos seguintes, o senhor Śiva nunca deseja fundir-se na exis­tência do Senhor Supremo como os impersonalistas. Ao contrá­rio, ele julga que lhe seria uma boa fortuna continuar fixo na compreensão de que o Senhor é o Ser Supremo. Com essa com­preensão, percebe-se que todas as entidades vivas – incluindo o senhor Śiva, o senhor Brahmā e demais semideuses – são servas do Senhor Supremo.

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