VERSO 57
kṣaṇārdhenāpi tulaye
na svargaṁ nāpunar-bhavam
bhagavat-saṅgi-saṅgasya
martyānāṁ kim utāśiṣaḥ
kṣaṇa-ardhena — pela metade de um segundo; api — mesmo; tulaye — se compara; na — nunca; svargam — planetas celestiais; na — nem; apunaḥ-bhavam — fundindo-se no Supremo; bhagavat — a Suprema Personalidade de Deus; saṅgi — associado; saṅgasya — aquele que tira proveito da associação; martyānām — da alma condicionada; kim uta — que há; āśiṣaḥ — bênçãos.
Se alguém por acaso se associa com um devoto, mesmo que por uma fração de segundo, já não está mais sujeito à atração pelos resultados de karma ou jñāna. Que interesse, então, ele pode ter nas bênçãos dos semideuses, que estão sujeitos às leis de nascimento e morte?
SIGNIFICADO––Dentre três classes de homens – os karmīs, os jñānīs e os bhaktas –, o bhakta é descrito neste verso como o mais elevado. Śrīla Prabodhānanda Sarasvatī canta: kaivalyaṁ narakāyate tridaśa-pūr ākāśa-puṣpāyate (Caitanya-candrāmṛta). A palavra kaivalya significa fundir-se na refulgência da Suprema Personalidade de Deus, e a palavra tridaśa-pūr refere-se aos planetas celestiais onde vivem os semideuses. Assim, para o devoto, kaivalya-sukha, ou o fundir-se na existência do Senhor, é algo infernal, visto que o bhakta considera um ato suicida perder sua individualidade e fundir-se na refulgência do Brahman. O bhakta sempre deseja reter sua individualidade a fim de prestar serviço ao Senhor. Na verdade, ele considera a promoção aos sistemas planetários superiores pior que um fogo-fátuo. A temporária felicidade material não tem valor algum para o devoto. O devoto está em uma posição tão elevada que não está interessado nas ações de karma ou jñāna. As ações resultantes de karma e jñāna são tão insignificantes para o devoto situado na plataforma transcendental que ele não está nem um pouco interessado nelas. Bhakti-yoga é suficiente para dar toda a felicidade ao bhakta. Como se afirma no Śrīmad-Bhāgavatam (1.2.6): yayātmā suprasīdati. O serviço devocional é suficiente para satisfazer-nos plenamente, e esse é o resultado da associação com um devoto. Sem ser abençoado por um devoto puro, ninguém pode ficar plenamente satisfeito, tampouco pode alguém entender a posição transcendental da Suprema Personalidade de Deus.