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VERSO 56

yatra nirviṣṭam araṇaṁ
kṛtānto nābhimanyate
viśvaṁ vidhvaṁsayan vīrya-
śaurya-visphūrjita-bhruvā

yatra — por essa razão; nirviṣṭam araṇam — uma alma plenamente rendida; kṛta-antaḥ — tempo invencível; na abhimanyate — não atacará; viśvam — todo o universo; vidhvaṁsayan — aniquilando; vīrya — poder; śaurya — influência; visphūrjita — com o simples fran­zir; bhruvā — das sobrancelhas.

Com o simples franzir de Suas sobrancelhas, o tempo invencível personificado pode aniquilar de imediato todo o universo. Con­tudo, o tempo formidável não se aproxima do devoto que tenha se refugiado plenamente a Vossos pés de lótus.

SIGNIFICADO––A Bhagavad-gītā (10.34) diz que o Senhor, sob a forma e o aspecto da morte, destrói todas as posses de uma pessoa. Mṛtyuḥ sarva-haraś cāham: “Eu sou a morte que tudo devora.” O Senhor, sob a forma da morte, tira tudo que é criado pela alma condicio­nada. Tudo neste mundo material está sujeito a perecer no devido curso do tempo. Entretanto, nem toda a força do tempo pode impedir as atividades de um devoto, pois o devoto se refugia ple­namente aos pés de lótus do Senhor. É somente por essa razão que o devoto está livre do tempo formidável. Todas as atividades dos karmīs e dos jñānīs, as quais não têm vestígio algum de serviço devocional, corrompem-se no devido curso do tempo. O sucesso material dos karmīs está destinado à destruição; de modo semelhante, a percepção impessoal atingida pelos jñānīs também é des­truída no devido curso do tempo.

āruhya kṛcchreṇa paraṁ padaṁ tataḥ
patanty adho ’nādṛta-yuṣmad-aṅghrayaḥ

(Bhāg. 10.2.32)

Para não falar dos karmīs, os jñānīs submetem-se a rigorosas aus­teridades para alcançar o brahmajyoti impessoal, mas, como não encontram os pés de lótus do Senhor, recaem nesta exis­tência material. A menos que estejamos plenamente situados em serviço devocional puro, não há garantia de liberação, mesmo que nos elevemos aos planetas celestiais ou à refulgência do Brahman impessoal. As conquistas do devoto, entretanto, nunca se perdem pela influência do tempo. Mesmo que um devoto não chegue a executar um serviço devocional perfeito nesta vida, ele o recomeçará, em sua próxima vida, do ponto em que parou. Semelhante oportunidade não é dada aos karmīs e aos jñānīs, cujas conquistas são destruídas. As conquistas do bhakta nunca são destruídas, pois o acompanham perpetuamente, quer sejam elas completas, quer sejam incompletas. Esse é o veredito de todos os textos védicos. Śucīnāṁ śrīmatāṁ gehe yoga-bhraṣṭo ’bhijāyate. Se alguém for incapaz de completar o processo de bhakti-yoga, em sua próxima vida receberá a oportuni­dade de nascer em uma família de devotos puros ou em uma família rica.

Certa vez, Yamarāja, o superintendente da morte, dando instru­ções a seus assistentes, disse-lhes que não se aproximassem dos devotos. “Os devotos devem ser respeitados”, disse ele, “logo, não vos aproximeis deles.” Assim, os devotos do Senhor não estão sob a jurisdição de Yamarāja. Yamarāja é um representante da Suprema Personalidade de Deus, e controla a morte de cada entidade viva. Todavia, ele nada tem a ver com os devotos. Com um simples piscar de olhos, o tempo personificado pode destruir toda a manifes­tação cósmica, mas ele não tem qualquer conexão com o devoto. Em outras palavras, o tempo não pode destruir o serviço devocional prestado pelo devoto nesta vida. Semelhantes bens espirituais permanecem imutáveis, estando além da influência do tempo.

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