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VERSO 10

teṣu tad-riktha-hāreṣu
gṛha-kośānujīviṣu
nirūḍhena mamatvena
viṣayeṣv anvabadhyata

teṣu — para eles; tat-riktha-hāreṣu — os assaltantes de seu dinhei­ro; gṛha — lar; kośa tesouro; anujīviṣu — aos seguidores; nirūḍhe­na — profundamente enraizado; mamatvena — por apego; viṣayeṣu­ aos objetos dos sentidos; anvabadhyata — ficou atado.

Esses filhos e netos eram, para todos os fins práticos, assaltantes das riquezas do rei Purañjana, incluindo seu lar, tesouro, servos, secretários e todas as demais parafernálias. O apego de Purañjana a essas coisas tinha raízes profundas.

SIGNIFICADO—Neste verso, a palavra riktha-hāreṣu, significando “assaltantes da riqueza”, é muito significativa. Os filhos, netos e outros descen­dentes de alguém são, em última análise, assaltantes da riqueza por ele acumulada. Existem muitos afamados homens de negócios e industriais que acumulam grande riqueza e são muito bem cotados pelo público, mas todo o dinheiro deles é, afinal, depredado por seus filhos e netos. Na Índia, tivemos a oportunidade de conhecer um industrial que, como o rei Purañjana, tinha muita inclinação sexual e meia dúzia de esposas. Cada uma dessas esposas tinha uma instalação separada que consumia vários milhares de rúpias. Certa vez, eu estava conversando com ele e notei que ele estava muito preocupado em conseguir dinheiro para que cada um de seus filhos e filhas pudesse ter pelo menos quinhentas mil rúpias. Assim, esses industriais, homens de negócios ou karmīs são chamados de mūḍhas nos śāstras. Eles trabalham muito arduamente e acumulam dinheiro para ter o prazer de vê-lo depredado por seus filhos e netos. Semelhantes pessoas não querem devolver sua riqueza ao seu verdadeiro proprietário. Como se afirma na Bhagavad-gītā (5.29), bhoktāraṁ yajña-tapasāṁ sarva-loka-maheśvaram: o verda­deiro proprietário de toda riqueza é a Suprema Personalidade de Deus. Ele é o verdadeiro desfrutador. Aqueles que dizem estarem ganhando dinheiro têm hábeis truques para tirar o dinheiro de Deus sob o pretexto de negócios e indústrias. Após acumularem esse dinheiro, têm o prazer de vê-lo saqueado por seus filhos e netos. Assim é o modo de vida materialista. Na vida materialista, as pessoas ficam encarceradas dentro do corpo e iludidas pelo falso egoísmo. Assim, cada um pensa: “Eu sou este corpo”, “Eu sou um ser humano”, “Eu sou americano”, “Eu sou indiano”. Esse conceito corpóreo deve-se ao falso ego. Deixando-se iludir pelo falso ego, a entidade viva se identifica com determinada família, nação ou comunidade. Dessa maneira, seu apego ao mundo material torna-se cada vez mais profundo. Logo, torna-se muito difícil para a entidade viva libertar-se de seu cativeiro. No décimo sexto capítulo da Bhagavad-gītā (16.13-15), apresenta-se a seguinte descrição gráfica de semelhantes pessoas:

idam adya mayā labdham
imaṁ prāpsye manoratham
idam astīdam api me
bhaviṣyati punar dhanam

asau mayā hataḥ śatrur
haniṣye cāparān api
īśvaro ’ham ahaṁ bhogī
siddho ’haṁ balavān sukhī

āḍhyo ’bhijanavān asmi
ko ’nyo ’sti sadṛśo mayā
yakṣye dāsyāmi modiṣya
ity ajñāna-vimohitāḥ

“O ser demoníaco pensa: ‘Tanta riqueza eu tenho hoje, e vou ganhar mais conforme meus planos. Tenho tanto agora e isso aumentará mais e mais no futuro. Matei esse meu inimigo, e meus outros inimigos também serão mortos. Eu sou o senhor de tudo. Eu sou o desfrutador. Sou perfeito, poderoso e feliz. Sou o homem mais rico, rodeado por parentes aristocráticos. Não há ninguém tão poderoso e feliz como eu. Executarei sacrifícios, farei alguma caridade, e com isso ficarei contente’. Dessa maneira, eles são iludidos pela ignorância.”

Assim, as pessoas ocupam-se em diversas atividades penosas, e seu apego ao corpo, lar, família, nação e comunidade torna-se cada pez mais profundamente enraizado.

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