VERSO 35
arthe hy avidyamāne ’pi
saṁsṛtir na nivartate
manasā liṅga-rūpeṇa
svapne vicarato yathā
arthe — causa real; hi — decerto; avidyamāne — não existindo; api — embora; saṁsṛtiḥ — material; na — não; nivartate — cessa; manasā — pela mente; liṅga-rūpeṇa — pela forma sutil; svapne — em um sonho; vicarataḥ — agindo; yathā — como.
Às vezes, sofremos porque vemos um tigre em um sonho ou uma serpente em uma visão, mas, na realidade, não existe nem tigre nem serpente. Assim, criamos uma situação de forma sutil e sofremos as consequências. Não podemos mitigar esses sofrimentos a menos que despertemos de nosso sonho.
SIGNIFICADO—Como se afirma nos Vedas, a entidade viva é sempre distinta das duas espécies de corpos materiais – o sutil e o grosseiro. Todos os nossos sofrimentos devem-se a esses corpos materiais. Explica-se isso na Bhagavad-gītā (2.14):
mātrā-sparśās tu kaunteya
śītoṣṇa-sukha-duḥkha-dāḥ
āgamāpāyino ’nityās
tāṁs titikṣasva bhārata
“Ó filho de Kuntī, o aparecimento temporário da felicidade e da aflição, e o seu desaparecimento no devido tempo, são como o aparecimento e o desaparecimento das estações de inverno e verão. Eles surgem da percepção sensorial, ó descendente de Bharata, e precisa-se aprender a tolerá-los sem se perturbar.” O Senhor Kṛṣṇa informou assim a Arjuna que todas as aflições provocadas pelo corpo vêm e vão. É preciso aprender a tolerá-las. A existência material é a causa de todos os nossos sofrimentos, pois não sofreríamos se estivéssemos fora da condição material. Os Vedas, portanto, prescrevem que todos devem realmente entender que não são materiais, mas sim Brahman (ahaṁ brahmāsmi). Só pode compreender isso plenamente quem se dedica a atividades de Brahman, a saber, o serviço devocional. Para libertar-se das condições materiais, é preciso adotar a consciência de Kṛṣṇa. Esse é o único remédio.