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VERSO 53

kṣudraṁ caraṁ sumanasāṁ śaraṇe mithitvā
raktaṁ ṣaḍaṅghri-gaṇa-sāmasu lubdha-karṇam
agre vṛkān asu-tṛpo ’vigaṇayya yāntaṁ
pṛṣṭhe mṛgaṁ mṛgaya lubdhaka-bāṇa-bhinnam

kṣudram — na grama; caram — pastando; sumanasām — de um belo jardim florido; śaraṇe — sob a proteção; mithitvā — estando unido com uma mulher; raktam — apegado; ṣaṭ-aṅghri — de abelhas; gaṇa — de grupos; sāmasu — ao zumbido; lubdha-karṇam — cujo ou­vido está atraído; agre — em frente; vṛkān — tigres; asu-tṛpaḥ — que vivem às custas da vida alheia; avigaṇayya — negligenciando; yān­tam — movendo-se; pṛṣṭhe — atrás; mṛgam — o veado; mṛgaya­ — procura; lubdhaka — de um caçador; bāṇa — pelas flechas; bhinnam­ — passível de ser trespassado.

Meu querido rei, por favor, procura aquele veado ocupado em comer grama em um belo jardim florido, junto com sua corça. Esse veado está muito apegado à sua ocupação, e está desfrutando do doce zumbido das abelhas em seu jardim. Procura entender a posição dele. Ele não está ciente de que, diante dele, há um tigre, acostumado a viver às custas da carne alheia. No encalço do veado, há também um caçador, ameaçando trespassá-lo com afiadas flechas. Assim, a morte do veado é iminente.

SIGNIFICADO—Eis uma alegoria na qual o rei é aconselhado a procurar um veado que está sempre em uma posição perigosa. Embora ameaçado de todos os lados, o veado não faz nada além de comer grama em um belo jardim flo­rido, inconsciente do perigo que o cerca. Todas as entidades vivas, especialmente os seres humanos, julgam-se muito felizes no meio dos familiares. Como se vivessem em um jardim florido, ouvindo o doce zumbir de abelhas, todos centralizam suas vidas em torno de sua esposa, que constitui a beleza da vida familiar. O zumbir das abelhas pode ser comparado à conversa das crianças. O ser humano, assim como o veado, desfruta de sua família sem saber que, diante dele, está o fator tempo, representado pelo tigre. As ativi­dades fruitivas de uma entidade viva simplesmente criam outra situação perigosa e a obrigam a aceitar diferentes espécies de corpos. Não é raro um veado correr atrás de uma miragem no deserto. O veado também gosta muito de sexo. Em conclusão, alguém que viva como um veado acabará sendo morto. Os textos védicos, portanto, aconselham que devemos entender nossa posição constitucional e adotar o serviço devocional antes que a morte venha. Segundo o Bhāgavatam (11.9.29):

labdhvā sudurlabham idaṁ bahu-sambhavānte
mānuṣyam arthadam anityam apīha dhīraḥ
tūrṇaṁ yateta na pated anumṛtyu yāvan
niḥśreyasāya viṣayaḥ khalu sarvataḥ syāt

Depois de muitos nascimentos, obtivemos esta forma humana; portando, antes que a morte venha, devemos ocupar-nos no transcendental serviço amoroso ao Senhor. Essa é a realização da vida humana.

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