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VERSO 61

śayānam imam utsṛjya
śvasantaṁ puruṣo yathā
karmātmany āhitaṁ bhuṅkte
tādṛśenetareṇa vā

śayānam — deitado em uma cama; imam — este corpo; utsṛjya — após abandonar; śvasantam — respirando; puruṣaḥ — a entidade viva; yathā — como; karma — atividade; ātmani — na mente; āhitam — executada; bhuṅkte — goza; tādṛśena — por um corpo semelhante; itareṇa — por um corpo diferente; — ou.

Enquanto sonha, a entidade viva abandona o próprio corpo vivo. Através das atividades de sua mente e de sua inteligência, ela atua em outro corpo, seja como um deus, seja como um cão. Após abandonar este corpo grosseiro, a entidade viva entra, quer em um corpo animal, quer em um corpo de semideus, neste planeta ou em outro planeta. Assim, ela goza dos resultados das ações de sua vida passada.

SIGNIFICADO—Muito embora a raiz da aflição e da felicidade seja a mente, a inteligên­cia e o ego, o corpo grosseiro é necessário como instrumento para o gozo. O corpo grosseiro pode mudar, mas o corpo sutil continua a agir. A menos que a entidade viva obtenha outro corpo grosseiro, ela será obrigada a continuar em um corpo sutil, ou em um corpo fantasmagórico. Uma pessoa se torna um fantasma quando o corpo sutil age sem a ajuda do corpo grosseiro instrumental. Como se afirma neste verso, śayānam imam utsṛjya śvasantam. O corpo grosseiro pode estar deitado em uma cama a repousar, e, mesmo que o maquinário do corpo grosseiro esteja funcionando, a entidade viva pode sair do corpo, entrar no estado de sonho e voltar ao corpo grosseiro. Ao retornar ao corpo, ela se esquece de seu sonho. De modo semelhante, quando a entidade viva assume outro corpo grosseiro, ela se esquece do corpo grosseiro atual. Em conclusão, o corpo sutil – mente, inteligência e ego – cria uma atmos­fera de desejos e ambições desfrutados pela entidade viva no corpo sutil. Na verdade, a entidade viva se encontra no corpo sutil, muito embora o corpo grosseiro aparentemente mude e muito embora ela habite o corpo grosseiro em vários planetas. Todas as atividades realizadas pela entidade viva no corpo sutil se chamam ilusórias por não serem permanentes. Liberação significa escapar das garras do corpo sutil. O fato de a alma libertar-se do corpo grosseiro sim­plesmente significa que ela transmigra de um corpo grosseiro a outro. Educando a mente em consciência de Kṛṣṇa, ou seja, em consciência superior no modo da bondade, somos transferidos ou para os planetas celestiais superiores, ou para o mundo espiritual, os planetas Vaikuṇṭha. Portanto, é preciso que mudemos nossa consciência, cultivando o conhecimento contido nas instruções vé­dicas e recebido da Suprema Personalidade de Deus por intermédio da sucessão discipular. Se treinarmos o corpo sutil nesta vida, pen­sando sempre em Kṛṣṇa, nós nos transferiremos a Kṛṣṇaloka após deixar o corpo grosseiro. Isso é confirmado pela Suprema Persona­lidade de Deus.

janma karma ca me divyam
evaṁ yo vetti tattvataḥ
tyaktvā dehaṁ punar janma
naiti mām eti so ’rjuna

“Aquele que conhece a natureza transcendental do Meu aparecimento e atividades, ao deixar o corpo não volta a nascer neste mundo material, senão que alcança Minha morada eterna, ó Arjuna.” (Bhagavad-gītā 4.9)

Assim, a mudança do corpo grosseiro não é muito importante, mas a mudança do corpo sutil é importante. O movimento para a consciência de Kṛṣṇa está educando as pessoas a iluminarem seu corpo sutil. O exemplo perfeito disso é Ambarīṣa Mahārāja, que mantinha sua mente sempre absorta nos pés de lótus do Senhor Kṛṣṇa (sa vai manaḥ kṛṣṇa padāravindayoḥ). Do mesmo modo, nesta vida, devemos sempre fixar nossa mente nos pés de lótus de Kṛṣṇa, que Se encontra presente em Seu arcā-vigraha, a encarnação da Deidade no templo. Devemos sempre nos ocupar, também, em Sua adoração. Se usarmos nossas palavras para descrever as ativi­dades do Senhor e nossos ouvidos para ouvir a respeito de Seus passatempos, e se seguirmos os princípios reguladores para mantermos a mente impoluta em prol do avanço em consciência de Kṛṣṇa, com certeza seremos elevados à plataforma espiritual. Então, à hora da morte, a mente, a inteligência e o ego não estarão mais contamina­dos materialmente. A entidade viva existe, e a mente, a inteligência e o ego também existem. Quando a mente, a inteligência e o ego se purificam, todos os sentidos ativos da entidade viva tornam-se espi­rituais. Assim, a entidade viva alcança sua forma sac-cid-ānanda. O Senhor Supremo sempre existe sob Sua forma sac-cid-ānanda, mas a entidade viva, embora parte integrante do Senhor, contamina-se materialmente ao desejar vir ao mundo material em busca de gozo material. A prescrição de voltar ao lar, voltar ao Supremo, vem do próprio Senhor, na Bhagavad-gītā (9.34):

man-manā bhava mad-bhakto
mad-yājī māṁ namaskuru
mām evaiṣyasi yuktvaivam
ātmānaṁ mat-parāyaṇaḥ

“Ocupa tua mente em pensar sempre em Mim, torna-te Meu devoto, oferece-Me reverências e Me adora. Estando absorto por completo em Mim, com certeza virás a Mim.”

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