VERSO 2
mahādeva uvāca
nāghaṁ prajeśa bālānāṁ
varṇaye nānucintaye
deva-māyābhibhūtānāṁ
daṇḍas tatra dhṛto mayā
mahādevaḥ — o senhor Śiva; uvāca — disse; na — não; agham — ofensa; prajā-īśa — ó senhor das criaturas; bālānām — dos filhos; varṇaye — eu respeito; na — não; anucintaye — eu considero; deva-māyā — a energia externa do Senhor; abhibhūtānām — daqueles iludidos por; daṇḍaḥ — vara; tatra — ali; dhṛtaḥ — usada; mayā — por mim.
O senhor Śiva disse: Meu querido pai, Brahmā, não me importo com as ofensas cometidas pelos semideuses. Como esses semideuses são infantis e menos inteligentes, não levo a sério suas ofensas, e os puni apenas para corrigi-los.
SIGNIFICADO—Há dois tipos de punições: aquela que o conquistador impõe ao inimigo e aquela que o pai impõe ao filho. Há um abismo de diferença entre essas duas classes de punições. O senhor Śiva é por natureza um vaiṣṇava, um grande devoto, daí seu nome ser Āśutoṣa. Ele está sempre satisfeito e, por isso, não ficou irado como se fosse um inimigo. Ele não é hostil contra nenhuma entidade viva; ao contrário, ele sempre deseja o bem-estar de todos. Sempre que ele castiga alguém, ele o faz assim como o pai que pune seu filho. O senhor Śiva é como um pai porque ele nunca leva a sério nenhuma ofensa de nenhuma entidade viva, especialmente dos semideuses.