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VERSO 36

yajamāny uvāca
svāgataṁ te prasīdeśa tubhyaṁ namaḥ
śrīnivāsa śriyā kāntayā trāhi naḥ
tvām ṛte ’dhīśa nāṅgair makhaḥ śobhate
śīrṣa-hīnaḥ ka-bandho yathā puruṣaḥ

yajamānī — a esposa de Dakṣa; uvāca — orou; su-āgatam — aparecimento auspicioso; te — Vosso; prasīda — ficai satisfeito; īśa — meu querido Senhor; tubhyam — a Vós; namaḥ — respeitosas reverências; śrīnivāsa — ó morada da deusa da fortuna; śriyā — com Lakṣmi; kāntayā — Vossa esposa; trāhi — protegei; naḥ — a nós; tvām — Vós; ṛte — sem; adhīśa — ó controlador supremo; na — não; aṅgaiḥ — com os membros do corpo; makhaḥ — a arena de sacrifício; śobhate — é bela; śīrṣa- hīnaḥ — sem a cabeça; ka-bandhaḥ — que possui somente um corpo; yathā — como; puruṣaḥ — uma pessoa.

A esposa de Dakṣa orou da seguinte maneira: Meu querido Senhor, é uma imensa fortuna que tenhais aparecido nesta arena de sacrifício. Ofereço-Vos minhas respeitosas reverências e peço-Vos que fiqueis satisfeito nesta ocasião. A arena de sacrifício não é bela sem Vós, assim como um corpo não é belo sem a cabeça.

SIGNIFICADO—Outro nome do Senhor Viṣṇu é Yajñeśvara. Na Bhagavad-gītā, afirma-se que todas as atividades devem executar-se como viṣṇu-yajña, para o prazer do Senhor Viṣṇu. A menos que O satisfaçamos, tudo o que fizermos será causa de nosso cativeiro no mundo material. A esposa de Dakṣa confirma isso aqui: “Sem Vossa presença, a grandeza desta cerimônia sacrificatória é inútil, assim como um corpo sem a cabeça, por mais decorado que esteja, é inútil.” A comparação é igualmente aplicável ao corpo social. A civilização material se orgulha muito de ser avançada, mas, na verdade, é o tronco inútil de um corpo sem cabeça. Sem consciência de Kṛṣṇa, sem um entendimento de Viṣṇu, a Suprema Personalidade de Deus, qualquer avanço numa civilização, não importa quão sofisticado seja, não tem valor algum. Encontramos a seguinte afirmação no Hari-bhakti-sudhodaya (3.11):

bhagavad-bhakti-hīnasya
jātiḥ śāstraṁ japas tapaḥ
aprāṇasyaiva dehasya
maṇḍanaṁ loka-rañjanam

Isto quer dizer que, às vezes, quando um amigo ou parente morre, especialmente entre homens de classe inferior, o corpo morto é enfeitado. Vestido e adornado, o corpo é levado em procissão. Esse tipo de decoração do cadáver não tem valor real porque a força viva já se foi. De modo semelhante, qualquer aristocracia, qualquer prestígio social ou qualquer avanço de civilização material sem consciência de Kṛṣṇa não valem mais do que a decoração de um corpo morto. A esposa de Dakṣa chamava-se Prasūti, e era filha de Svāyambhuva Manu. Sua irmã, Devahūti, casara-se com Kardama Muni, e Kapiladeva, a Personalidade de Deus, tornara-Se seu filho. Prasūti, então, era tia do Senhor Viṣṇu. Ela pediu o favor do Senhor Viṣṇu de maneira afetuosa; uma vez que era tia dEle, ela buscava um favor especial. Outro pormenor significativo deste verso é que o Senhor é louvado com a deusa da fortuna. Sempre que se adora o Senhor Viṣṇu, naturalmente consegue-se o favor da deusa da fortuna. O Senhor Viṣṇu é chamado de amṛta, transcendental. Os semideuses, incluindo Brahmā e o senhor Śiva, foram produzidos após a criação, mas o Senhor Viṣṇu existia antes da criação. Portanto, Ele é chamado de amṛta. O Senhor Viṣṇu é adorado com Sua energia interna pelos vaiṣṇavas. Prasūti, a esposa de Dakṣa, implorou ao Senhor que transformasse os sacerdotes em vaiṣṇavas ao invés de simples trabalhadores fruitivos que executam sacrifícios em troca de benefícios materiais.

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