VERSO 28
vikalpe vidyamāne ’pi
na hy asantoṣa-hetavaḥ
puṁso moham ṛte bhinnā
yal loke nija-karmabhiḥ
vikalpe — alternação; vidyamāne api — embora exista; na — não; hi — certamente; asantoṣa — insatisfação; hetavaḥ — causas; puṁsaḥ — das pessoas; moham ṛte — sem estar iludidas; bhinnāḥ — separadas; yat loke — dentro deste mundo; nija-karmabhiḥ — por seu próprio trabalho.
Meu querido Dhruva, se sentes que tua honra foi ferida, ainda assim não tens motivo para insatisfação. Esse tipo de insatisfação é mais um aspecto da energia ilusória; todas as entidades vivas são controladas por suas ações anteriores, daí existirem diferentes variedades de vida, de gozo ou de sofrimento.
SIGNIFICADO—Os Vedas dizem que a entidade viva é sempre incontaminada, não sendo afetada pelo contato com a matéria. A entidade viva obtém diferentes espécies de corpos materiais devido a suas ações fruitivas anteriores. Se, entretanto, compreende a filosofia de que, como alma espiritual viva, ela não tem afinidade nem pelo sofrimento nem pelo prazer, então é considerada uma pessoa liberada. Confirma-se na Bhagavad-gītā (18.54) que brahma-bhūtaḥ prasannātmā: quando alguém está realmente situado na plataforma transcendental, não tem nada por que se lamentar e nada por que ansiar. Nārada Ṛṣi primeiramente quis convencer Dhruva Mahārāja de que ele não passava de uma criança: ele não deveria se deixar afetar por palavras de insulto ou honra. E se ele era tão desenvolvido a ponto de entender honra e insulto, então essa compreensão deveria ser aplicada em sua própria vida. Ele deveria saber que tanto honra quanto desonra são destinadas a alguém unicamente devido a suas ações anteriores; portanto, não se deve ficar triste ou feliz em nenhuma circunstância.