VERSO 2
na nūnaṁ mukta-saṅgānāṁ
tādṛśānāṁ dvijarṣabha
gṛheṣv abhiniveśo ’yaṁ
puṁsāṁ bhavitum arhati
na — não; nūnam — certamente; mukta-saṅgānām — que estão livres do apego; tādṛśānām — semelhantes; dvija-ṛṣabha — ó maior dos brāhmaṇas; gṛheṣu — à vida familiar; abhiniveśaḥ — apego excessivo; ayam — este; puṁsām — de pessoas; bhavitum — ser; arhati — é possível.
Por certo que os devotos são pessoas liberadas. Portanto, ó maior dos brāhmaṇas, não há possibilidade de eles se deixarem absorver nos assuntos familiares.
SIGNIFICADO—O Bhakti-rasāmṛta-sindhu afirma que, prestando serviço devocional ao Senhor, todos podem compreender a posição transcendental do ser vivo e da Suprema Personalidade de Deus. Única e exclusivamente através de bhakti é que se pode compreender a Suprema Personalidade de Deus. O Senhor confirma isso no Śrīmad-Bhāgavatam (11.14.21). Bhaktyāham ekayā grāhyaḥ: “Só pode apreciar-Me quem pratica serviço devocional.” Do mesmo modo, na Bhagavad-gītā (18.55), o Senhor Kṛṣṇa diz que bhaktyā mam abhijānāti: “Pela simples prática do serviço devocional, qualquer pessoa pode compreender-Me.” Assim, é impossível que um bhakta se apegue aos assuntos familiares, uma vez que o bhakta e seus associados são pessoas liberados. Todos buscam por ānanda, ou bem-aventurança, mas, no mundo material, não pode haver qualquer bem-aventurança. Ela só é possível no serviço devocional. O apego aos assuntos familiares e o serviço devocional são incompatíveis. Por isso, Mahārāja Parīkṣit ficou um tanto surpreso ao ouvir que Mahārāja Priyavrata estava simultaneamente apegado ao serviço devocional e à vida familiar.