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VERSO 27

tasminn u ha vā upaśama-śīlāḥ paramarṣayaḥ sakala-jīva-nikāyāvāsasya bhagavato vāsudevasya bhītānāṁ śaraṇa-bhūtasya śrīmac-caraṇāravindāvirata-smaraṇāvigalita-parama-bhakti-yogānu-bhāvena paribhāvitāntar-hṛdayādhigate bhagavati sarveṣāṁ bhūtānām ātma-bhūte pratyag-ātmany evātmanas tādātmyam aviśeṣeṇa samīyuḥ.

tasmin — neste paramahaṁsa-āśrama; u — decerto; ha — tão famosos; — na verdade; upaśama-śīlāḥ — na ordem de vida renunciada; parama-ṛṣayaḥ — os grandes sábios; sakala — todas; jīva — das entida­des vivas; nikāya — na totalidade; āvāsasya — a residência; bhaga­vataḥ — da Suprema Personalidade de Deus; vāsudevasya — Senhor Vāsudeva; bhītānām — daqueles que temem a existência material; śaraṇa-bhūtasya — aquele que é o único refúgio; śrīmat — da Suprema Personalidade de Deus; caraṇa-aravinda — os pés de lótus; avirata — constantemente; smaraṇa — lembrando-se; avigalita — livre de qual­quer contaminação; parama — supremo; bhakti-yoga — do serviço devocional místico; anubhāvena — pela potência; paribhāvita — purificados; antaḥ — dentro de; hṛdaya — o coração; adhigate — perceberam; bhagavati — a Suprema Personalidade de Deus; sarveṣām — de todas; bhūtānām — entidades vivas; ātma-bhūte — situado dentro do corpo; pratyak — diretamente; ātmani — com a Suprema Superalma; eva — decerto; ātmanaḥ — do eu; tādātmyam — igualdade qualitativa; aviśeṣeṇa — sem diferenças; samīyuḥ — compreenderam.

Situados assim na ordem renunciada desde o início de suas vidas, todos os três mantiveram perfeito controle das atividades de seus sentidos, tornando-se, portanto, grandes santos. Eles sempre concentravam a mente nos pés de lótus da Suprema Personalidade de Deus, que é o lugar de repouso da totalidade das entidades vivas e que, por isso, é famoso como Vāsudeva. O Senhor Vāsudeva é o único refúgio daqueles que realmente temem a existência material. Pensando constantemente em Seus pés de lótus, esses três filhos de Mahārāja Priyavrata avançaram em serviço devocional puro. Pela potência de seu serviço devocional, puderam perceber direta­mente a Suprema Personalidade de Deus, que Se encontra no cora­ção de todos como a Superalma, e puderam compreender que, em termos qualitativos, não havia nenhuma diferença entre eles próprios e Ele.

SIGNIFICADO—A fase de paramahaṁsa é a posição máxima que se pode atingir na vida renunciada. Em sannyāsa, a ordem renunciada, existem quatro fases – kuṭīcaka, bahūdaka, parivrājakācārya e paramahaṁsa. Segundo o sistema védico, tão logo alguém aceite a ordem renunciada, ele permanece fora de sua vila em uma cabana, e suas necessidades, especialmente sua alimentação, sua família fornece. Essa fase se chama kuṭīcaka. Ao avançar um pouco mais, o sannyāsī já não aceita mais os donativos da família, passando, então, a coletar para as suas necessidades, especialmente seu alimento, em todo lugar onde vai. Esse sistema se chama mādhukarī, que significa, literalmente, “a profissão das abelhas”. Assim como as abelhas colhem o mel de muitas flores, um pouco de cada uma, o sannyāsī deve mendigar de porta em porta, mas sem aceitar muito alimento de uma só casa. Ele deve conseguir um pou­quinho em cada casa. Essa fase se chama bahūdaka. O sannyāsī ainda mais experiente viaja pelo mundo inteiro para pregar as glórias do Senhor Vāsudeva, e passa a ser conhecido como parivrājakācārya. O sannyāsī alcança a fase de paramahaṁsa quando encerra seu traba­lho de pregação e se estabelece em um lugar, com o objetivo exclusivo de avançar na vida espiritual. O verdadeiro paramahaṁsa tem per­feito controle de seus sentidos e ocupa-se em serviço imaculado ao Senhor. Portanto, todos esses três filhos de Priyavrata, a saber, Kavi, Mahāvīra e Savana, encontravam-se na fase de paramahaṁsa desde o início. Seus sentidos não os perturbavam, pois estavam plenamente ocupados a serviço do Senhor. Portanto, este verso descreve os três irmãos como upaśama-śīlāḥ. Upaśama significa “dominados por completo”. Por terem perfeito controle sobre seus sentidos, eles são tidos como grandes sábios e santos.

Após controlarem os sentidos, os três irmãos concentraram a mente nos pés de lótus de Vāsudeva, o Senhor Kṛṣṇa. Como afirma a Bhagavad-gītā (7.19), vāsudevaḥ sarvam iti. Os pés de lótus de Vāsudeva são tudo. O Senhor Vāsudeva é o reservatório de todas as entidades vivas. Quando esta manifestação cósmica se dissolve, todas as entidades vivas entram no corpo supremo do Senhor, Garbhodakaśāyī Viṣṇu, que imerge no corpo de Mahā-Viṣṇu. Esses dois viṣṇu-tattvas são vāsudeva-tattvas, motivo pelo qual os grandes sábios Kavi, Mahāvīra e Savana concentravam-se sempre nos pés de lótus do Senhor Vāsudeva, Kṛṣṇa. Dessa maneira, eles puderam entender que a Superalma dentro do coração é a Suprema Personalidade de Deus, reconhecendo, assim, a identificação que tinham com Ele. A descrição completa dessa percepção é que, pelo simples fato de realizar a forma imaculada de serviço devocional, qualquer pessoa pode compreender perfeitamente o seu eu. O parama-bhakti-yoga mencio­nado neste verso se refere ao fato de uma entidade viva, devido ao serviço devocional imaculado, não ter outro interesse além de servir ao Senhor, como se descreve na Bhagavad-gītā (vāsudevaḥ sarvam iti). Mediante o parama-bhakti-yoga, elevando-nos à plataforma máxima de serviço amoroso, podemos livrar-nos naturalmente do conceito de vida corpórea e ver a Suprema Personalidade de Deus face a face. Como confirma a Brahma-saṁhitā:

premāñjana-cchurita-bhakti-vilocanena
santaḥ sadaiva hṛdayeṣu vilokayanti
yaṁ śyāmasundaram acintya-guṇa-svarūpaṁ
govindam ādi-puruṣaṁ tam ahaṁ bhajāmi

O devoto avançado, conhecido como sat, ou santo, sempre pode ver, no âmago de seu coração, a Suprema Personalidade de Deus, face a face. Kṛṣṇa, Śyāmasundara, expande-Se através de Sua porção plenária, permitindo que o devoto O veja sempre em seu coração.

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