VERSO 12
sa yadā dugdha-pūrva-sukṛtas tadā kāraskara-kākatuṇḍādy-apuṇya-druma-latā-viṣoda-pānavad ubhayārtha-śūnya-draviṇān jīvan-mṛtān svayaṁ jīvan-mriyamāṇa upadhāvati.
saḥ — essa alma condicionada; yadā — quando; dugdha — inteiramente esgotadas; pūrva — anteriores; sukṛtaḥ — atividades piedosas; tadā — nessa altura; kāraskara-kākatuṇḍa-ādi — chamadas kāraskara, kākatuṇḍa etc.; apuṇya-druma-latā — árvores e trepadeiras ímpias; viṣa-uda-pāna-vat — como poços com água envenenada; ubhaya-artha-śūnya — que não podem dar felicidade quer nesta vida, quer na próxima; draviṇān — aqueles que possuem riqueza; jīvat-mṛtān — que são mortos, embora aparentemente vivos; svayam — ela própria; jīvat — vivendo; mriyamāṇaḥ — estando morta; upadhāvati — aproxima-se para ganho material.
Devido às suas atividades piedosas em vidas anteriores, a alma condicionada recebe privilégios materiais nesta vida, mas, quando elas se acabam, ela se refugia nas riquezas e nas opulências, que não podem ajudá-la nem nesta vida nem na próxima. Devido a isso, ela se aproxima dos mortos-vivos que possuem essas coisas. Semelhantes pessoas são comparadas a árvores e trepadeiras impuras e a poços envenenados.
SIGNIFICADO—A riqueza e os bens adquiridos através de atividades piedosas anteriores não devem ser desperdiçados em gozo dos sentidos. Desfrutá-los em gozo dos sentidos é como saborear as frutas de uma árvore venenosa. Semelhantes atividades não ajudarão a alma condicionada de modo algum, nem nesta vida, nem na próxima. Contudo, se alguém, estando sob a orientação de um mestre espiritual adequado, utiliza suas posses a serviço do Senhor, alcançará a felicidade tanto nesta vida quanto na próxima. A menos que assim o faça, o indivíduo come a maçã proibida e, portanto, é expulso do paraíso. O Senhor Kṛṣṇa, por conseguinte, aconselha que entreguemos a Ele as nossas posses.
yat karoṣi yad aśnāsi
yaj juhoṣi dadāsi yat
yat tapasyasi kaunteya
tat kuruṣva mad-arpaṇam
“Tudo o que fizeres, tudo o que comeres, tudo o que ofereceres ou deres para os outros, e quaisquer austeridades que executares – faze isso, ó filho de Kuntī, como uma oferenda a Mim.” (Bhagavad-gītā 9.27) Alguém que esteja em consciência de Kṛṣṇa pode utilizar plenamente as riquezas e as opulências materiais obtidas por intermédio de atividades piedosas anteriores para seu próprio benefício tanto nesta vida quanto na próxima. Não devemos esforçar-nos para possuir coisa alguma além das necessidades básicas. Se a pessoa obtém mais do que o necessário, o excedente deve ser plenamente ocupado a serviço do Senhor. Isso fará a alma condicionada, o mundo e Kṛṣṇa felizes, e essa é a meta da vida.