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VERSO 29

kadācid īśvarasya bhagavato viṣṇoś cakrāt paramāṇv-ādi-dvi-parārdhāpavarga-kālopalakṣaṇāt parivartitena vayasā raṁhasā harata ābrahma-tṛṇa-stambādīnāṁ bhūtānām animiṣato miṣatāṁ vitrasta-hṛdayas tam eveśvaraṁ kāla-cakra-nijāyudhaṁ sākṣād bhagavantaṁ yajña-puruṣam anādṛtya pākhaṇḍa-devatāḥ kaṅka-gṛdhra-baka-vaṭa-prāyā ārya-samaya-parihṛtāḥ sāṅketyenābhidhatte.

kadācit — às vezes; īśvarasya — do Senhor Supremo; bhagavataḥ — da Suprema Personalidade de Deus; viṣṇoḥ — do Senhor Viṣṇu; cakrāt — do disco; paramāṇu-ādi — começando desde o tempo dos átomos diminutos; dvi-parārdha — a duração da vida de Brahmā; apavarga — terminando; kāla — do tempo; upalakṣaṇāt — tendo os sintomas; parivartitena — girando; vayasā — pela ordem cronológica de idade; raṁhasā — com muita velocidade; harataḥ — levando; ābrahma — começando com o senhor Brahmā; tṛṇa-stamba-ādīnām — indo até as pequenas folhas de grama; bhūtānām — de todas as entidades vivas; animiṣataḥ — sem piscar os olhos (infalível); miṣatām — diante dos olhos das entidades vivas (sem que elas sejam capazes de impedir isso); vitrasta-hṛdayaḥ — no íntimo, estando com medo; tam — Ele; eva — decerto; īśvaram — o Senhor Supremo; kāla-cakra-nija-āyudham — cuja arma pessoal é o disco do tempo; sākṣāt — diretamente; bhagavantam — a Suprema Personalidade de Deus; yajña-puruṣam — que aceita toda espécie de cerimônias de sacrifício; anādṛtya — sem se importar com; pākhaṇḍa-devatāḥ — encarnações inventadas de Deus (deuses ou semideuses fabricados pelo homem); kaṅka — falcões; gṛdhra — abutres; baka — garças; vaṭa-prāyāḥ — como corvos; ārya-samaya-parihṛtāḥ — que são rejeitados pelas escrituras védicas autênticas, aceitas pelos arianos; sāṅketyena — pela invenção ou sem base na autoridade especificada na escritura; abhidhatte — ela aceita como adorável.

A arma pessoal usada pelo Senhor Kṛṣṇa, o disco, chama-se hari-cakra, o disco de Hari. Esse cakra é a roda do tempo. Ele se expande desde o surgimento dos átomos até a hora da morte de Brahmā, e controla todas as atividades. Ele sempre está girando e gastando a vida das entidades vivas, desde o senhor Brahmā indo até a mais insignificante folha de grama. Assim, a pessoa muda da infância para a meninice, então para a juventude e maturidade e, deste modo, impossibilitada de parar essa roda do tempo, aproxima-se do fim da vida. Essa roda é muito precisa porque é a arma pessoal da Suprema Personalidade de Deus. Às vezes, a alma condicionada, temendo a morte que se aproxima dela, quer adorar alguém que possa salvá-la do perigo iminente. Entretanto, ela não se importa com a Suprema Personalidade de Deus, cuja arma é o infatigável fator tempo. A alma condicionada, em vez disso, refugia-se em um deus inventado pelo homem, mencionado em escrituras desautorizadas. Semelhantes deuses são como falcões, abutres, garças e corvos. As escrituras védicas não aludem a eles. A morte iminente é como o ataque de um leão, e nenhum abutre, falcão, corvo ou garça pode salvar alguém dessa investida. Aquele que se refugia em deuses desautorizados, criados pelo homem, não pode salvar-se das garras da morte.

SIGNIFICADO—Afirma-se que hariṁ vinā mṛtiṁ na taranti. Quem não é favorecido por Hari, a Suprema Personalidade de Deus, não pode salvar-se das mãos cruéis da morte. Na Bhagavad-gītā, afirma-se que mām eva ye prapadyante māyām etāṁ taranti te: todo aquele que se rende plenamente a Kṛṣṇa pode salvar-se das mãos cruéis da natureza material. A alma condicionada, contudo, às vezes quer refugiar-se em um semideus, em um deus fabricado pelo homem, em uma falsa encarnação ou em um svāmī ou yogī farsante. Todos esses trapaceiros alegam seguir os princípios religiosos, e tudo isso se tornou muito popular nesta era de Kali. Existem muitos pāṣaṇḍīs que, sem consultar os śāstras, fazem-se passar por encarnações, e os tolos seguem esses homens. Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus, nos deu o Śrīmad-Bhāgavatam e a Bhagavad-gītā. Sem consultar essas escrituras autorizadas, os patifes se refugiam em escrituras feitas pelo homem e tentam competir com o Senhor Kṛṣṇa. Essa é a maior dificuldade encontrada por alguém que tenta promover a consciência espiritual na sociedade humana. O movimento para a consciência de Kṛṣṇa está envidando todos os esforços para trazer as pessoas de volta à mais pura consciência de Kṛṣṇa, mas os pāṣaṇḍīs e ateístas, que são enganadores, sobrevêm tão numerosos que, certas vezes, ficamos perplexos e espantados nos perguntando como podemos levar adiante este movimento. Em qualquer caso, não podemos aceitar os processos desautorizados das falsas encarnações, dos deuses inventados, dos enganadores e dos farsantes, que aqui são descritos como corvos, abutres, falcões e garças.

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