VERSO 36
kvacit kṣīṇa-dhanaḥ śayyāsanāśanādy-upabhoga-vihīno yāvad apratilabdha-manorathopagatādāne ’vasita-matis tatas tato ’vamānādīni janād abhilabhate.
kvacit — às vezes; kṣīṇa-dhanaḥ — não tendo dinheiro suficiente; śayyā-āsana-aśana-ādi — acomodações para dormir, sentar ou comer; upabhoga — de gozo material; vihīnaḥ — sendo desprovida; yāvat — enquanto; apratilabdha — não alcançado; manoratha — pelo seu desejo; upagata — obtido; ādāne — em se apoderar por meios desonestos; avasita-matiḥ — cuja mente está determinada; tataḥ — por causa disso; tataḥ — com isso; avamāna-ādīni — insultos e punição; janāt — das pessoas em geral; abhilabhate — ela obtém.
Às vezes, não tendo dinheiro, a alma condicionada não consegue acomodações apropriadas. Outras vezes, nem mesmo tem um lugar para se sentar, tampouco consegue satisfazer suas demais necessidades. Em outras palavras, torna-se indigente e, nessa hora, incapaz de se manter por meios honestos, decide apoderar-se da propriedade alheia de maneira desleal. Quando não pode obter as coisas que deseja, simplesmente é desprezada pelos outros e se torna muito infeliz.
SIGNIFICADO—É dito que a necessidade desconhece leis. Ao precisar de dinheiro para satisfazer suas necessidades básicas da vida, a alma condicionada recorre a qualquer meio. Ela pede, faz empréstimos ou rouba. Acontece, porém, que ela não recebe essas coisas e é insultada e punida. A menos que alguém seja muito bem organizado, não consegue acumular riquezas por meios desonestos. Mesmo que alguém obtenha riquezas por meios desonestos, não pode evitar a punição e o ostracismo a ele reservados pelo governo ou pela população em geral. Existem muitos casos de pessoas importantes que desviam dinheiro, mas são descobertas e postas na prisão. Talvez alguém consiga evitar de ser preso, mas não pode evitar de ser punido pela Suprema Personalidade de Deus, que age através da natureza material. Descreve-se isso na Bhagavad-gītā (7.14): daivī hy eṣā guṇa-mayī mama māyā duratyayā. A natureza é muito cruel e não concede seu perdão a ninguém. As pessoas que não se importam com a natureza cometem toda espécie de atividades pecaminosas, em consequência do que são obrigadas a sofrer.