VERSO 8
bāṇāv imau bhagavataḥ śata-patra-patrau
śāntāv apuṅkha-rucirāv ati-tigma-dantau
kasmai yuyuṅkṣasi vane vicaran na vidmaḥ
kṣemāya no jaḍa-dhiyāṁ tava vikramo ’stu
bāṇau — duas flechas; imau — estas; bhagavataḥ — de ti, a poderosíssima; śata-patra-patrau — tendo penas semelhantes às pétalas de uma flor de lótus; śāntau — pacíficas; apuṅkha — sem uma haste; rucirau — belíssimas; ati-tigma-dantau — tendo uma ponta muito afiada; kasmai — quem; yuyuṅkṣasi — queres trespassar; vane — na floresta; vicaran — vagando; na vidmaḥ — não podemos entender; kṣemāya — para o bem-estar; naḥ — nosso; jaḍa-dhiyām — que somos obtusos; tava — tua; vikramaḥ — bravura; astu — possa ser.
Em seguida, Āgnīdhra observou os olhos contemplativos de Pūrvacitti e disse: Minha querida amiga, tens duas flechas bastante poderosas, que são teus olhos contemplativos. As flechas têm penas parecidas com as pétalas de uma flor de lótus. Mesmo não tendo hastes, elas são belíssimas, e têm pontas muito afiadas e penetrantes. Elas parecem muito pacíficas, o que faz parecer que não serão disparadas contra ninguém. Embora devas estar vagando pela floresta com a intenção de disparar essas flechas em alguém, não consigo descobrir quem é esse alguém. Minha inteligência é obtusa, e não tenho como combater-te. De fato, não há quem possa igualar-se a ti em termos de bravura, de maneira que oro para que uses tua bravura em prol de minha boa fortuna.
SIGNIFICADO—Āgnīdhra passou, assim, a apreciar o poderoso olhar com que Pūrvacitti o contemplava. Ele comparou os olhos contemplativos dela a flechas bem afiadas. Apesar de seus olhos terem a beleza do lótus, eles eram, simultaneamente, como flechas sem haste, e Āgnīdhra, portanto, os temia. Ele esperava que os olhares lançados pela jovem em sua direção fossem favoráveis, pois já se sentia cativado por ela, e, quanto mais cativado ficasse, mais lhe seria impossível permanecer sem ela.