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VERSOS 3-4

śivaṁ yavasaṁ subhadraṁ śāntaṁ kṣemam amṛtam abhayam iti varṣāṇi teṣu girayo nadyaś ca saptaivābhijñātāḥ; maṇikūṭo vajrakūṭa indraseno jyotiṣmān suparṇo hiraṇyaṣṭhīvo meghamāla iti setu-śailāḥ aruṇā nṛmṇāṅgirasī sāvitrī suptabhātā ṛtambharā satyambharā iti mahā-nadyaḥ; yāsāṁ jalopasparśana-vidhūta-rajas-tamaso haṁsa-pataṅgordhvāyana-satyāṅga-saṁjñāś catvāro varṇāḥ sahasrāyuṣo vibudhopama-sandarśana-prajananāḥ svarga-dvāraṁ trayyā vidyayā bhagavantaṁ trayīmayaṁ sūryam ātmānaṁ yajante.

śivam — Śiva; yavasam — Yavasa; subhadram — Subhadra; śāntam — Śānta; kṣemam — Kṣema; amṛtam — Amṛta; abhayam — Abhaya; iti — assim; varṣāni — as extensões territoriais de acordo com os nomes dos sete filhos; teṣu — nelas; girayaḥ — montanhas; nadyaḥ ca — e rios; sapta — sete; eva — na verdade; abhijñātāḥ — são conhecidos; maṇi-kūṭaḥ — Maṇikūṭa; vajra-kūṭaḥ — Vajrakūṭa; indra-senaḥ — Indrasena; jyotiṣmān — Jyotiṣmān; suparṇaḥ — Suparṇa; hiraṇya-ṣṭhīvaḥ — Hiraṇyaṣṭhīva; megha-mālaḥ — Meghamāla; iti — assim; setu-śailāḥ — as cordilheiras que delimitam os varṣas; aruṇā — Aruṇā; nṛmṇā — Nṛmṇā; āṅgirasī — Āṅgirasī; sāvitrī — Sāvitrī; supta-bhātā — Suptabhātā; ṛtambharā — Ṛtambharā; satyambharā — Satyambharā; iti — assim; mahā-nadyaḥ — rios enormes; yāsām — dos quais; jala-upasparśana — simplesmente tocando na água; vidhūta — extinguem-se; rajaḥ-tamasaḥ — cujos modos da paixão e da ignorância; haṁsa — Haṁsa; pataṅga — Pataṅga; ūrdhvāyana — Ūrdhvāyana; satyāṅga — Satyāṅga; saṁjñāḥ — chamadas; catvāraḥ — quatro; varṇāḥ — castas ou divisões de homens; sahasra-āyuṣaḥ — vivendo mil anos; vibudha-upama — parecidos com os semideuses; sandarśana — no que se refere a terem formas belíssimas; prajananāḥ — e em relação a gerar filhos; svarga-dvāram — a porta de entrada para os planetas celestiais; trayyā vidyayā — executando cerimônias ritualísticas de acordo com os princípios védicos; bhagavantam — a Suprema Personalidade de Deus; trayī-mayam — estabelecido nos Vedas; sūryam ātmānam — a Superalma, representada pelo deus do Sol; yajante — eles adoram.

As sete ilhas [varṣas] são conhecidas de acordo com os nomes desses sete filhos – Śiva, Yavasa, Subhadra, Śānta, Kṣema, Amṛta e Abhaya. Naquelas sete extensões territoriais, existem sete montanhas e sete rios. As montanhas se chamam Maṇikūṭa, Vajrakūṭa, Indrasena, Jyotiṣmān, Suparṇa, Hiraṇyaṣṭhīva e Meghamāla, e os rios se chamam Aruṇā, Nṛmṇā, Āṅgirasī, Sāvitrī, Suptabhātā, Ṛtambharā e Satyambharā. Pode livrar-se imediatamente da contaminação material quem toca ou se banha nesses rios, e as quatro castas de pessoas que vivem em Plakṣadvīpa – os Haṁsas, Pataṅgas, Ūrdhvāyanas e Satyāṅgas – purificam-se dessa maneira. Os habitantes de Plakṣadvīpa vivem mil anos. Eles são belos como os semideuses, e também geram filhos parecidos com os semideuses. Executando perfeitamente as cerimônias ritualísticas mencionadas nos Vedas e adorando a Suprema Personalidade de Deus, representado pelo deus do Sol, eles viverão no Sol, que é um planeta celestial.

SIGNIFICADO—De acordo com a compreensão geral, existem três deidades originalmente – o senhor Brahmā, o Senhor Viṣṇu e o senhor Śiva – e as pessoas com um pobre fundo de conhecimento consideram que o Senhor Viṣṇu não está em um nível superior ao senhor Brahmā ou ao senhor Śiva. Essa conclusão, contudo, não é válida. Como afirmam os Vedas, iṣṭāpūrtaṁ bahudhā jāyamānaṁ viśvaṁ bibharti bhuvanasya nābhiḥ tad evāgnis tad vāyus tat sūryas tad u candramāḥ agniḥ sarvadaivataḥ. Isso significa que o Senhor Supremo, que aceita e desfruta os resultados das cerimônias ritualísticas védicas (tecnicamente chamadas iṣṭāpūrta), que mantém toda a criação, que provê as necessidades de todas as entidades vivas (eko bahūnāṁ yo vidadhāti kāmān) e que é o ponto central de toda a criação, é o Senhor Viṣṇu. O Senhor Viṣṇu expande-Se sob a forma de semideuses conhecidos como Agni, Vāyu, Sūrya e Candra, que são meras partes integrantes do Seu corpo. O Senhor Kṛṣṇa diz no Śrīmad-Bhagavad-gītā (9.23):

ye ’py anya-devatā-bhaktā
yajante śraddhayānvitāḥ
te ’pi mām eva kaunteya
yajanty avidhi-pūrvakam

“Os devotos que, com fé inabalável, adoram semideuses, também Me adoram, mas essa adoração não é executada de acordo com os princípios reguladores.” Em outras palavras, se alguém adora os semideuses, mas não compreende a relação que existe entre os semideuses e a Suprema Personalidade de Deus, sua adoração é imperfeita. Na Bhagavad-gītā (9.24), Kṛṣṇa também diz que ahaṁ hi sarva-yajñānāṁ bhoktā ca prabhur eva ca: “Eu sou o único desfrutador das cerimônias ritualísticas.”

Seria possível argumentar que os semideuses são tão importantes como o Senhor Viṣṇu, pois os nomes dos semideuses são diferentes nomes de Viṣṇu. Contudo, essa conclusão não é sensata, pois os textos védicos a impugnam. Os Vedas declaram:

candramā manaso jātaś cakṣoḥ sūryo ajāyata; śrotrādayaś ca prāṇaś ca mukhād agnir ajāyata; nārāyaṇād brahmā, nārāyaṇād rudro jāyate, nārāyaṇāt prajāpatiḥ jāyate, nārāyaṇād indro jāyate, nārāyaṇād aṣṭau vasavo jāyante, nārāyaṇād ekādaśa rudrā jāyante.

“Candra, o semideus da Lua, proveio da mente de Nārāyaṇa, e o deus do Sol adveio dos Seus olhos. As deidades controladoras da audição e do ar vital procederam de Nārāyaṇa, e a deidade controladora do fogo foi gerada de Sua boca. Prajāpati, o senhor Brahmā, proveio de Nārāyaṇa, Indra proveio de Nārāyaṇa, e os oito Vasus, as onze expansões do senhor Śiva e os doze ādityas também advieram de Nārāyaṇa.” Na literatura védica smṛti, também se diz:

brahmā śambhus tathaivārkaś
candramāś ca śatakratuḥ
evam ādyās tathaivānye
yuktā vaiṣṇava-tejasā

jagat-kāryāvasāne tu
viyujyante ca tejasā
vitejaś ca te sarve
pañcatvam upayānti te

“Brahmā, Śambhu, Sūrya e Indra são todos meros efeitos do poder da Suprema Personalidade de Deus. Isso também se aplica aos muitos outros semideuses cujos nomes não estão mencionados aqui. Quando a manifestação cósmica for aniquilada, essas diferentes expansões das potências de Nārāyaṇa ficarão imersas em Nārāyaṇa. Em outras palavras, todos esses semideuses morrerão. Sua força vital será retirada, e eles imergirão em Nārāyaṇa.”

Portanto, deve-se concluir que o Senhor Viṣṇu, e não o senhor Brahmā ou o senhor Śiva, é a Suprema Personalidade de Deus. Assim como um representante do governo às vezes é aceito como sendo todo o governo, embora, na verdade, seja apenas o administrador de algum departamento, isso também acontece em relação aos semideuses que, sendo investidos de poderes por Viṣṇu, agem em Seu nome, embora não sejam tão poderosos como Ele. Todos os semideuses têm que trabalhar sob as ordens de Viṣṇu. Portanto, afirma-se que ekale īśvara kṛṣṇa, āra saba bhṛtya. O único amo é o Senhor Kṛṣṇa, ou o Senhor Viṣṇu, e todos os demais são Seus servos obedientes, que agem exatamente de acordo com Suas ordens. A diferença entre o Senhor Viṣṇu e os semideuses também é expressa na Bhagavad-gītā (9.25).

yānti deva-vratā devān
pitṝn yānti pitṛ-vratāḥ
bhūtāni yānti bhūtejyā
yānti mad-yājino ’pi mām

Aqueles que adoram os semideuses vão para os planetas dos semideuses, ao passo que os adoradores do Senhor Kṛṣṇa e do Senhor Viṣṇu vão aos planetas Vaikuṇṭha. Essas afirmações constam no smṛti. Portanto, a ideia de que os semideuses estão em nível de igualdade com o Senhor Viṣṇu é contrária aos śāstras. Os semideuses não são supremos. A supremacia dos semideuses depende da misericórdia do Senhor Nārāyaṇa (Viṣṇu, ou Kṛṣṇa).

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